Quando chegou a clínica Talitha praticamente expulsou Alicia que estava começando a limpar tudo. A mais nova mandou a amiga ir logo para não chegar muito tarde e a veterinária se despediu dando a menor um beijo na testa e saiu com um largo sorriso. Havia conversado com Maia antes da consulta, mas mandou uma rápida mensagem para ela antes de sair de casa. Algumas horas depois ela finalmente chegou ao Rancho, o relógio marcava 16h30 quando a veterinária parou seu carro em frente a escadaria da entrada da casa. Carlos parecia estar chegando de algum lugar e vinha montado em um cavalo de pelagem castanha. O rapaz parou próximo a janela do carro de Alicia.
- Boa tarde, doutora – cumprimentou ele retirando seu boné.
- Boa tarde, Carlos – ela cumprimentou-o de volta abrindo a porta e descendo do carro – Você está chegando ou saindo?
- Saindo – ele respondeu com um sorriso – Vou apenas dar uma olhada nas éguas que estão em um dos piquetes mais afastados, estamos esperando um parto para a próxima semana.
- Certo, essa não é da lista das minhas inseminações, é? – questionou ela não se recordando de nenhum parto programado.
- Não senhora. É um lote que colocamos com o garanhão novo no ano passado – ele respondeu recolocando o boné – Aquele que o patrão vendeu um mês antes de falecer.
- Me recordo sim – confirmou Alicia concordando – Antes de você ir. Sabe me dizer onde Maia está? – ela questionou ainda um pouco envergonhada por não saber o que esperar da reação do rapaz.
- Deve estar no escritório, doutora – ele respondeu de forma normal sem nenhum sinal de desconforto ou de estar incomodado – Passe na cozinha. Mãe provavelmente já está por levar o café da tarde para a Senhorita, ela com certeza sabe onde a patroa está.
- Obrigada, Carlos – ela agradeceu e ele ajeitou acenou antes de se afastar.
Alicia não havia acreditado muito que ele estaria levando a situação tão calmamente quando Maia contou-lhe que na viagem de volta para o Rancho, no dia anterior, ela havia conversado com ele por mais alguns minutos. A mais nova havia lhe dito que Carlos parecia curioso e confuso, mas não incomodado ou receoso de nenhuma forma. Quando trocaram mensagens na noite anterior ela não havia se convencido completamente, mas agora dava razão ao que Maia havia lhe contado.
Pegou sua mochila que estava no banco de trás do carro e o trancou antes de subir as escadas e entrar na casa principal. Caminhando em direção a cozinha Alicia tentou manter em mente a conversa que havia tido com Maia, também na noite anterior. Elas haviam entrado em um acordo de que não sairiam falando sobre o relacionamento delas para cada pessoa que vissem como se fosse uma notícia que tivesse de ser anunciada a todos. Elas iriam apenas continuar a se tratar de forma normal e confirmariam se alguém perguntasse. Assim que chegou na cozinha Alicia encontrou Antonieta terminando de organizar uma bandeja com o café da tarde que ela sempre levava para Maia.
- Boa tarde, Antonieta – disse ela sorrindo como sempre ao se aproximar da senhora que se afastou da mesa e, sorrindo, a abraçou.
- Que bom vê-la aqui – Antonieta disse ainda abraçando a veterinária – Achei que não a veria mais tão cedo.
- Vai me ver muito mais do que imagina, Antonieta – falou Alicia se afastando e, logo então, olhando para a bandeja que tinha uma xícara vazia, uma pequena garrafa térmica que deveria estar cheia de café e um pequeno prato com alguns biscoitos de polvilho – São para Maia? – questionou já sabendo a resposta e a senhora confirmou – Deixe que eu levo para ela.
- Veio ver a senhorita Maia? – Antonieta perguntou enquanto se afastava para pegar outra xícara e o pote de biscoitos de onde tiraria mais alguns.
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Argentum [EM REVISÃO]
RomansAlicia Ferraz é uma simples veterinária, mas talvez não tão simples assim. Mora numa cidade pequena no interior do Rio Grande do Sul, deixou toda a vida que havia construído em Porto Alegre para voltar e cuidar dos pais. Quando o pai, também veterin...