Ainda era manhã de terça feira, quase hora do almoço, e Maia estava em seu escritório lendo alguns papéis enquanto olhava para a ampla janela esperando ver algum movimento que indicasse o carro da fazenda chegando com seu melhor amigo. O voo de Enzo deveria ter chegado perto das oito horas da manhã e, do aeroporto em outra cidade até ali, eram mais quatro horas de viagem com pouco transito. Pouco tempo antes Alicia havia feito uma rápida ligação entre um atendimento e outro pedindo para adiantar a visita que ela faria para preparar o envio das amostras de DNA para o teste de Argentum. Combinaram da veterinária chegar ao Rancho na manhã seguinte.
Logo antes de Antonieta subir lhe chamando ela viu o carro na estrada que chegava a entrada do Rancho. Largou seus papéis sobre a mesa, pegou sua muleta e saiu da sala descendo a escada no seu ritmo lento. Pode ouvir o carro estacionar quando estava no último degrau e continuou seu caminho em direção à sala. Mal havia entrado no ambiente e viu seu melhor amigo entrando pelas amplas portas abertas. Enzo tinha uma mala azul de tamanho médio na mão e uma pequena mochila que provavelmente continha seus equipamentos eletrônicos.
Quando se viram os dois abriram largos sorrisos e o rapaz soltou a mala no chão próxima a porta indo em direção a ela. Maia teve tempo apenas de encostar sua muleta no sofá enquanto Enzo soltava a mochila sobre o mesmo antes de abrir os braços recebendo o amigo. Enzo a abraçou pela cintura enquanto ela envolvia o pescoço do rapaz num abraço apertado cheio de sorrisos.
- Ai que saudades de você meu anjinho – disse ele balançando ambos de um lado a outro sabendo que não poderia girá-los pois estavam dentro de um local com móveis muito próximos.
- Que saudades de você, Enzo – respondeu ela também apertando o amigo naquele abraço que não acontecia a mais de dois anos, quando o amigo afrouxou o aperto e eles começaram a desfazer o abraço ela voltou a falar – Como foi de viagem? Deve estar exausto, sei o quanto odeia aviões.
- Um pouquinho, mas nada que uma ótima noite de sono não resolva – respondeu ele com um largo sorriso segurando o rosto dela com ambas as mãos e encarando os olhos verdes – O clima do campo tem mesmo lhe feito maravilhas, está ainda mais linda – disse ele sorrindo e recebendo um pequeno tapa na mão fazendo com que soltasse o rosto dela.
- Vamos, Antonieta deve estar a terminar o almoço e não reclame que longas viagens lhe tiram a fome – falou ela pegando a muleta numa das mãos e estendendo a esquerda para o amigo – Quando provar a comida de Dona Antonieta lhe garanto que vai comer até demais. Deixe suas coisas aqui que levamos pro seu quarto depois – instruiu ela puxando-o para a sala de jantar.
Ambos seguiram para a grande sala onde a mesa já estava posta e encontraram Maria terminando de trazer as travessas com o almoço. Como previsto por Maia, Enzo comeu mais do que deveria e quase passou mal, mas saiu da mesa dizendo que valeria cada segundo. A dona do Rancho havia pedido que preparassem o último quarto do corredor, ela não conseguiu colocá-lo no quarto que Alicia costumava usar e estava acreditando que nunca conseguiria deixar outra pessoa ocupar aqueles aposentos. Após um café servido na sala ambos seguiram para o escritório dela.
Sentada atrás de sua grande mesa de madeira maciça ela viu o amigo fechar a porta antes de se sentar em uma das cadeiras do outro lado, de frente para ela. Pela expressão no rosto dele já sabia qual seria o assunto e sabia também que não conseguiria fugir dele. Por isso mesmo, apenas se resignou recostando-se ao estofado da cadeira e cruzou os dedos sobre seu colo esperando que Enzo começasse seu interrogatório.
- Certo, não consigo mais me conter. Vamos, me conte da sua veterinária – pediu ele parecendo uma criança animada com os presentes de natal que iria desembrulhar.
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Argentum [EM REVISÃO]
RomanceAlicia Ferraz é uma simples veterinária, mas talvez não tão simples assim. Mora numa cidade pequena no interior do Rio Grande do Sul, deixou toda a vida que havia construído em Porto Alegre para voltar e cuidar dos pais. Quando o pai, também veterin...