- Você não precisa ter medo – falou Maia num tom mais seguro do que ela esperava ser capaz tamanha a emoção que estava sentindo naquele momento ao finalmente compreender que Alicia pretendia e queria um relacionamento sério – Eu não vou desistir de você por causa de nenhum tipo de preconceito idiota pelo qual tenhamos que passar – declarou ela de forma séria tocando o rosto da veterinária também – Eu nunca lidei com esse tipo de preconceito, mas eu sei o que é ser discriminada. Passei por isso desde o dia em que saí do hospital. Se aquilo não me impediu de continuar naquela época, agora não vai haver nada que me faça desistir de algo que eu quero verdadeiramente – ela afirmou permitindo que um sorriso se formasse em seus lábios.
- Você não tem noção do que é esse tipo de preconceito, Maia. Enquanto não passar por ele você nunca vai entender – respondeu Alicia desviando o olhar, seu peito se apertava só em cogitar que Maia pudesse passar pelo que ela já passou ou ouvir as coisas que ela ouvira anos atrás.
- Não importa o que seja. Eu terei você do meu lado, não terei? – disse ela fazendo Alicia encará-la rapidamente acenando em afirmativo, os castanhos puderam ver como os verdes estavam calmos e tranquilos – Não poderia mentir e dizer que sou forte o bastante para aguentar qualquer coisa sozinha – Maia continuou em tom baixo colocando sua outra mão no rosto da mais velha – Mas, se eu tiver você ao meu lado, sei que terei todas as forças do mundo. E posso dizer isso com a consciência tranquila por saber que não estou exagerando – continuou ela antes que Alicia conseguisse pensar em qualquer coisa a ser dita – Sei que estou certa porque desde que cheguei aqui eu já me senti assim com você. Em todas as vezes que precisei você esteve lá e, em todas elas, eu me sentia invencível só por tê-la me apoiando. Então não subestime a minha força agora que eu finalmente acredito nela.
- Eu não subestimo – respondeu a maior com um suspiro e segurando um sorriso, mas seus olhos ainda estavam incertos – Mais do que qualquer pessoa eu vi o bastante da sua força para ser incapaz de te subestimar. Mas é tão mais fácil falar essas coisas aqui dentro, quando estamos sozinhas nesse quarto e longe de tudo – disse ela ficando séria e acariciando o queixo da menor – Quando voltarmos amanhã não teremos a proteção dessas paredes. Estaremos numa cidade pequena onde boatos se espalham mais do que fogo em palha seca e onde todo mundo acha que pode dar opinião na vida alheia. Eu não posso nem chegar a imaginar como pode ser ruim a reação deles e não falo por me importar com a opinião dos outros. Maia, estarmos juntas pode atrapalhar todas as suas negociações, suas vendas, seus investimentos. Você agora É o Rancho Aureus e se algo atingir você vai atingir todo o resto.
- Você por acaso chegou a pensar no quanto assumir sentir algo por mim pode atrapalhar a você mesma? – questionou Maia, mas os olhos verdes não pareciam preocupados nem incomodados – Você tem uma clínica Alicia. O que poderia te acontecer?
- Essa não é a questão – respondeu a mais velha dando de ombros – Eu sei o que vai me atingir, você não. Posso perder os extras e uma boa parte de clientes regulares, mas vou sobreviver porque sou a única veterinária da região e para algumas coisas precisam de mim. Mas eu sei que estou disposta a enfrentar isso. Só não posso permitir que você aceite começar algo comigo sem entender o que... – dedos macios e finos colocados sobre seus lábios a calaram e os castanhos se fixaram nos verdes que tinham um brilho divertido.
- Apenas não saia do meu lado – sussurrou Maia com um pequeno sorriso se inclinando para deixar um selinho nos lábios que ela ainda não conseguia parar de encarar – Nunca – pediu antes de outro selinho – Jamais saia do meu lado – mais um selinho e os olhos da maior se fecharam – E eu posso jurar a você que nada vai me fazer mudar de ideia. Apenas confie em mim e me deixe mostrar – ela terminou de dizer em tom baixo e com os lábios roçando nos de Alicia – Ok?
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Argentum [EM REVISÃO]
RomanceAlicia Ferraz é uma simples veterinária, mas talvez não tão simples assim. Mora numa cidade pequena no interior do Rio Grande do Sul, deixou toda a vida que havia construído em Porto Alegre para voltar e cuidar dos pais. Quando o pai, também veterin...