- Você está bem? – perguntou Alicia assim que conseguiu parar de rir da situação de ambas.
Maia ainda estava com o corpo sobre o seu, o rosto da mais nova sobre seu peito, próximo ao seu pescoço. A sensação de ter a menor ali estava embriagando os sentidos da veterinária que não a conseguia soltar e muito menos desviar o olhar do rosto alegre e iluminado pelos olhos verdes brilhantes.
- Estou – respondeu a dona do Rancho ainda com um tom de riso – Mas acho que a pergunta deveria ser direcionada a você. Afinal, não fui eu quem caiu por baixo.
- Bom, considerando que estamos dentro de uma baía com cama de maravalha – começou a mais velha – Se eu me machucasse precisaríamos ter uma conversa muito séria com algum dos seus fornecedores. Isso é pra ser uma superfície macia – Alicia terminou a frase já rindo outra vez, mas seu riso durou pouco e ela logo apenas encarou a menor em seus braços com um sorriso calmo – Não me machuquei. Você é leve - completou fazendo Maia rolar os olhos, mas abaixar o rosto por sentir que estaria corando.
Alicia controlou sua vontade de puxar o rosto da menor para continuar a olha-la e ergueu seu corpo fazendo o corpo da menor a acompanhar. Ela conseguiu as colocar sentadas, uma ao lado da outra e depois se colocou de joelhos em frente a Maia.
- Vem – chamou ela estendendo as mãos para a mais nova – Vamos nos levantar antes que o pequeno ali resolva voltar para esse lado. Ele pode ser pequeno ainda, mas apostaria que já é mais pesado do que você – disse ela rindo.
- Obrigada – Maia agradeceu colocando as mãos sobre as de Alicia que primeiro esperou a mais nova ficar de joelhos também.
Alicia se ergueu um pouco e, vendo que Maia não conseguia se mover muito bem ela soltou a mão esquerda da menor e a colocou em volta da cintura da mais nova puxando-a para cima junto consigo. Quando finalmente voltaram a estar em pé estavam novamente muito próximas. Os olhos verdes se perderam no castanho mel da veterinária que estava a olhando de uma forma admirada com um sorriso discreto. A mais nova se perdeu na visão do rosto da maior e na segurança daquele braço em volta de si. Uma de suas mãos estava no ombro da mais velha e a outra ainda estava na outra mão da veterinária.
- É... Eu... Bem, acho que não consegui manter minha palavra não é? – falou Alicia num tom baixo e se atrapalhando um pouco no começo da frase enquanto ainda tinha os olhos fixos no verde.
- Pelo menos eu não caí sozinha – falou a menor rindo baixo, mas sem conseguir desviar o olhar da veterinária.
- Eu não te deixaria cair sozinha – falou Alicia ainda com o mesmo olhar de admiração, mas sem rir.
- Disse a mesma coisa sobre me deixar cair – falou Maia num falso tom acusatório.
- Mas isso é diferente – disse a mais velha rindo baixo, havia acabado de se dar conta de que continuava segurando a cintura de Maia, mas como a menor não fazia nenhum movimento para se afastar ela deixou-se estar ali porque não queria mesmo soltá-la.
- Diferente como? – quis saber a dona do Rancho, seus olhos verdes curiosos e interrogativos, sua mão esquerda ainda pousada no ombro direito da mais alta.
- Simples – respondeu Alicia controlando um suspiro – Para te impedir de cair eu teria de controlar diversas variáveis. Algumas que não estariam e nem estavam ao meu controle. Te impedir de cair sozinha era algo que só precisava de mim, sem nenhuma outra variável junto. Eu só preciso me jogar junto de você. Assim nunca te deixaria cair sozinha.
Um silencio se prolongou entre elas enquanto ainda mantinham os olhares presos uma na outra. Maia não sabia como responder aquela declaração, nunca em toda sua vida havia ouvido algo parecido de alguém. Não com aquele tom de sinceridade, nem com aquela transparência que mostrava que cada frase havia sido dita sem freios ou restrições. Ela simplesmente paralisou quando sua mente analisou as implicações daquelas palavras da veterinária, mas seu coração parecia explodir no peito.
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Argentum [EM REVISÃO]
RomanceAlicia Ferraz é uma simples veterinária, mas talvez não tão simples assim. Mora numa cidade pequena no interior do Rio Grande do Sul, deixou toda a vida que havia construído em Porto Alegre para voltar e cuidar dos pais. Quando o pai, também veterin...