Alicia entrou no quarto com o envelope na mão esquerda e encontrou Maia sentada com as pernas cruzadas praticamente no meio da cama. A mais nova tinha o controle nas mãos e mudava os canais procurando algo interessante, mas os olhos verdes desviaram assim que a porta se abriu. A veterinária sorriu erguendo o envelope nas mãos enquanto se aproximava da cama, após fechar a porta.
- Tenho uma coisa que acho que vai te interessar bastante – falou ela já colocando uma perna sobre o colchão e se sentando na beirada da cama antes de estender o envelope branco para a mais nova que a encarou curiosa estendendo a mão para o objeto.
Alicia havia visto o selo no envelope e reconheceu o símbolo do laboratório e presumindo o que eram os documentos lá dentro. Enquanto Maia abria o lacre ela retirou as botas e subiu novamente na cama se sentando logo ao lado da mais nova e apoiando sua mão esquerda atrás do corpo da dona do Rancho para colocar seu queixo sobre o ombro dela e ver enquanto ela folheava as páginas que retirou de dentro do envelope. Por alguns instantes os verdes vagaram confusos sobre as páginas até que um sorriso surgiu nos lábios da dona do Rancho.
- É o exame do Argentum – murmurou Maia procurando o resultado e vendo confirmado na folha o que ela já tinha certeza de que estaria – Agora eles não podem negar o registro do nosso garoto – Maia disse com um largo sorriso após ler o resultado.
- Nosso? – Alicia falou sorrindo, mas com um tom confuso e viu os verdes lhe encararem de forma divertida.
- Sim, nosso – respondeu Maia colocando a mão direita na lateral do rosto da veterinária e a puxando para um selinho rápido – Ele é nosso potro, afinal, vai me ajudar a cuidar dele e, daqui algum tempo, a treiná-lo também não vai?
- Claro que vou – Alicia respondeu deixando outro selinho, mais demorado dessa vez, nos lábios da mais nova.
No resto da manhã as duas apenas se curtiram e namoraram enquanto a televisão continuava ligada em programas quase aleatórios. Almoçaram juntas no quarto da dona do Rancho e se despediram ali antes da veterinária descer e pegar a estrada de volta para cidade. Maia havia prometido encontrar um fisioterapeuta ainda naquela tarde e elas combinaram de tentarem passar todos os fins de semana juntas e esperavam mesmo conseguir cumprir esse combinado.
A semana delas correu lenta e cansativa principalmente para a mais nova que precisou preencher diversos documentos além de enviar todo o necessário para o registro de Argentum. Durante toda aquela semana Antonieta fez questão de manter Maria longe da patroa. No meio da semana Maia descobriu o motivo. Aparentemente a outra não estava muito confortável com o conhecimento de que a relação dela com a veterinária era algo mais do que apenas amizade. A mais nova não pretendia tomar nenhuma providência quanto a isso, desde que não se sentisse ofendida ou que Maria não fizesse nada preconceituoso ou desrespeitoso.
Era sexta feira quando Maia saiu do rancho com Carlos, ele a levaria até a agência de seu banco na cidade que era a agência das contas do Rancho. Nas ultimas vezes em que ela havia visitado o banco o gerente que encontrou era um substituto, já que o efetivo estava de férias. Por esse motivo ela não quis tratar dos assuntos mais complexos naquelas últimas visitas. Maia queria um relatório completo dos investimentos do tio avô além de saber que tipo de direcionamento financeiro o velho Augustus tinha antes de falecer.
Por volta das 10 horas da manhã eles chegaram na cidade e Carlos parou o carro no estacionamento do banco. Ele a acompanhou para dentro do lugar e acabou se sentando em uma das cadeiras na sala de espera enquanto Maia entrou para os outros ambientes do banco enquanto uma das funcionárias a guiava para a sala do gerente. Ele não estava na sala, mas Maia foi conduzida pela secretária do mesmo para dentro onde se sentou em uma das cadeiras em frente a mesa. Um café foi servido para ela enquanto esperava e, poucos instantes depois da secretária sair, um homem em um terno azul escuro entrou.
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Argentum [EM REVISÃO]
RomanceAlicia Ferraz é uma simples veterinária, mas talvez não tão simples assim. Mora numa cidade pequena no interior do Rio Grande do Sul, deixou toda a vida que havia construído em Porto Alegre para voltar e cuidar dos pais. Quando o pai, também veterin...