Alicia estava com um sorriso bobo por ver a felicidade de Maia em interagir com o potro que, mesmo sendo recém-nascido, já chegava quase a altura da cintura da mais nova. Ela, que estava com um joelho no chão, tinha o rosto apenas um pouco mais alto que a cabeça do filhote. Vendo a alegria da mais nova ela quis aumentar aquilo.
- Porque não trazemos você para um pouco mais perto desse pequeno? – perguntou a veterinária num tom animado chamando a atenção da mais nova que a olhou confusa – Se abaixe, garanto que Lua não vai fazer nada e você poderá usar as duas mãos para fazer carinho no potro – disse ela explicando o que pensou.
- Eu não conseguiria me abaixar – falou Maia soltando um suspiro chateado – Infelizmente não consigo me ajoelhar como você. Minhas pernas não me permitem fazer isso.
Alicia franziu o cenho ao ouvir o que ela havia dito. Não tinha pensado que ela não poderia se abaixar, mas mesmo assim não queria que Maia se privasse da experiência de brincar com o potro. Sua expressão séria durou mais alguns segundos até que ela sorriu ao achar a solução.
- Não tem que se ajoelhar como eu – falou a mais velha com o sorriso por ter descoberto a solução, mas no fundo ela estava com medo de tremer por conta do que estava prestes a fazer – Você só precisa se sentar – falou ela, sua voz ficou mais baixa do que ela gostaria, mas mesmo assim decidiu seguir seu impulso.
As mãos firmes seguraram novamente a cintura e a veterinária puxou a mais nova de forma que Maia foi obrigada a se mover. Antes que pudesse raciocinar sobre o que estava fazendo e tomando um susto por achar que iria cair a dona do Rancho se viu sentada na perna esquerda de Alicia que estava dobrada e com o pé no chão. Por um segundo elas se encararam e ambos os rostos coraram com a situação em que se encontravam, mas o potro curioso acabou acertando a cabeça de leve nas mãos de Maia atraindo a atenção dos olhos verdes.
Alicia retirou sua mão direita da cintura da mais nova, mas manteve o braço esquerdo em volta dela para evitar que ela se desequilibra-se. Maia se distraiu com o potro tentando chegar perto do rosto dela e gargalhou. A veterinária apenas ficou sorrindo olhando a interação da menor com o pequeno animal. Maia sorria e ria a todo instante brincando com o potro e não parecia nem um pouco desconfortável por estar sentada na coxa da mais alta. Mas Alicia não conseguiria ficar em silencio muito tempo, porque quanto mais tempo se mantinha quieta mais vontade sentia de abraçar a cintura fina e aconchegar aquele corpo ao seu. Por isso mesmo ela decidiu desviar os olhos e puxar o assunto.
- Então, alguma ideia de nome agora? – perguntou ela desviando os olhos para Lua que havia ido para perto do feno e começado a comer.
- Sinceramente eu não sei bem – respondeu Maia voltando a estar realmente consciente da presença da outra mulher tão próxima.
- Nada lhe vem a cabeça? – perguntou Alicia não se controlando e olhando para o perfil da mais nova que tinha os olhos verdes focados nos olhos negros do potro.
- Apenas que ele é um pequeno tesouro – Maia respondeu num murmúrio por estar pensando algo, pensou também que o potro era muito especial porque havia sido a razão pela qual as duas haviam se conhecido naquele seu segundo dia no Rancho – Ele pode parecer apenas um potro comum, lindo, mas não muito diferente de nenhum outro. Mas eu sei que ele é especial. Quase um milagre.
- Porque diz isso? – quis saber a veterinária sem reparar que ambas haviam diminuído o tom das vozes e falavam baixo apenas para ambas ouvirem.
- Bom, primeiro porque ele poderia não estar aqui – falou Maia com um sorriso discreto ao olhar os olhos cor de mel da veterinária – Se não fosse você ele não estaria. Segundo que eu andei pesquisando sobre inseminação depois das exigências da associação. É quase um milagre Lua ter concebido ele por conta do tempo em que aquele sêmen havia ficado congelado. Deveria ser impossível.
- Se pensa nele como um tesouro, porque não dá um nome que tenha a ver com isso? Algo relacionado a ouro talvez? – questionou a mais velha deixando sua mão direita se juntar a direita de Maia próximas a orelha do potro.
- Não acho que algo parecido com ouro combine com ele – resmungou a mais nova encarando o animal que ergueu o focinho para cheirar o queixo dela – Você também concorda não é, garoto. Algo como Ouro ou Gold não combinam nada com você – o pequeno animal balançou a cabeça fazendo Maia sorrir – Viu, ele também acha.
- Certo – concordou Alicia rindo – Tesouro, se não é ouro – ela murmurou ainda acariciando o pelo do potro – Não sei. Se ele fosse fêmea eu iria sugerir prata, mas acho que nem ele nem você vão gostar – comentou ela com um riso baixo.
- Prata? – perguntou Maia rindo também e olhando rapidamente para a veterinária – Prata não – ela fez uma careta e encarou os olhos do potro de novo.
As duas riram um pouco e continuaram a acariciar o animal que pareceu começar a perder o interesse nelas já que começou a cheirar o chão e os pés das duas.
- Se bem que... – sussurrou Maia parando de rir e encarando o potro que cheirava seus pés – Sabia que o símbolo do elemento prata é Ag? – perguntou ela e olhou para a veterinária que assentiu sem entender onde ela queria chegar – Objetos de prata quando não bem cuidados tendem a escurecer. Muitas vezes podem se parecer com algo sem valor quando perdem completamente o brilho do metal ao escurecerem muito – ela comentou com a mão no pescoço do potro.
- Onde quer chegar? – Alicia questionou porque realmente não estava entendendo absolutamente nada.
- Prata se parece mesmo com ele – murmurou a mais nova – Mas não assim – ela continuou com um pequeno sorriso nos lábios, como se tivesse descoberto algo muito importante – A prata é usada a muito tempo. O nome muda em outras línguas, mas a origem do símbolo que representa esse elemento vem do Latim. Seria muita falta de criatividade usar apenas uma tradução do nome. Então, pensei agora, porque não usar a origem? Ag que é o símbolo e tem origem na abreviatura da palavra em latim Argentum.
- Acho que acabamos de descobrir o nome dele – murmurou Alicia encarando Maia com admiração e com um sorriso bobo nos lábios.
- Sim – concordou a mais nova com um sorriso largo enquanto evitava que a cabeça do potro acertasse a sua – Seu nome será Argentum. Aposto que você gostou, não é? – ela conversou com ele recebendo o focinho em seu queixo quando o potro se aproximou um pouco mais – É, você adorou – ela riu fazendo o sorriso bobo da veterinária aumentar.
Com ambas distraídas nenhuma conseguiu reagir a tempo quando o potro pulou contra a lateral esquerda do corpo de Maia correndo na direção da mãe que estava próxima do bebedouro e acertando o joelho de Alicia enquanto passava. Maia se assustou com o pulo súbito e acabou por desequilibra-las ainda mais, a veterinária tentou por uma das mãos no chão, mas viu que Maia cairia junto com ela e abandonou a tentativa segurando a cintura da menor quando as duas caíram no meio da maravalha. Alicia de costas e Maia sobre seu corpo.
- Meu Deus – falou a veterinária preocupada depois de caírem e de ouvir o grito de susto de Maia – Maia, você está bem? – ela perguntou olhando para baixo, para o rosto da mais nova que estava contra seu peito e mantendo os braços firmes em volta do corpo dela.
Antes de receber uma resposta Alicia ouviu a gargalhada de Maia que ergueu o rosto para encarar a veterinária e começou a rir mais alto ainda. Vendo que tudo estava bem Alicia acabou gargalhando junto dela, mas sem soltá-la. O folego da dona do Rancho acabou muito rápido e ela apenas continuou a olhar o rosto da veterinária enquanto ela continuava a gargalhar. As vibrações do riso de Alicia percorrendo o corpo de ambas e fazendo Maia sentir seu peito aquecer com uma felicidade que ela não estava acostumada a ter.
N/A: E o potro mais fofo que vocês vão ver na vida finalmente tem um nome kkkkkk. O que acharam??
;]
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Argentum [EM REVISÃO]
RomanceAlicia Ferraz é uma simples veterinária, mas talvez não tão simples assim. Mora numa cidade pequena no interior do Rio Grande do Sul, deixou toda a vida que havia construído em Porto Alegre para voltar e cuidar dos pais. Quando o pai, também veterin...