Maia chamou seu advogado e elas fizeram a denúncia que se juntou a realizada por Carlos. Assim que terminaram elas saíram da delegacia, não queriam ficar muito tempo naquele lugar. Renato havia ligado para um advogado, mas, tendo sido preso em flagrante pela acusação de direção perigosa e tentativa de homicídio pelo incidente na rodovia com Carlos, ele continuaria detido. Ao menos até que o advogado conseguisse um habeas corpus ele continuaria na delegacia.
Depois disso acionaram o seguro do carro por telefone e a seguradora mandaria alguém para avaliar o veículo. Por sorte não havia nenhum dano muito grave, mas mesmo assim Maia já sabia que ficaria sem o carro por algum tempo para que fosse reparado. O 4x4 ficaria numa oficina da cidade até segunda e, por conta disso, Alicia se ofereceu para levar Carlos e Maia para o Rancho na manhã seguinte e trazê-los de volta na segunda bem cedo. No fim Maia só aceitou isso porque se sentiria mais confortável em dormir no mesmo quarto da veterinária no casarão do que na casa da mãe de Alicia. Obviamente que ela não disse isso a ninguém.
Carlos, depois de ter o curativo refeito no posto de saúde da cidade, avisou que passaria a noite na casa da irmã que morava na cidade. Quando o deixaram Alicia garantiu que passava por lá para busca-lo quando fossem sair. Depois as três seguiram para a clínica que fecharam antes de subir as escadas para a casa. Encontraram Marta e Catarina sentadas uma ao lado da outra no sofá da sala. Tinham xícaras de chá nas mãos e pareciam conversar, Catarina ainda estava claramente abalada com tudo o que acontecerá.
Talitha, ao ver a mãe, se adiantou sentando-se no último lugar do sofá, ao lado de Catarina, e a abraçou. Alicia acompanhou Maia até uma das poltronas indicando que ela se sentasse, mas a menor puxou a veterinária na direção da poltrona lhe dizendo para se sentar e, logo depois, ela se sentou no colo de Alicia que sorriu de leve abraçando a namorada pela cintura. Com as pernas para fora da poltrona Maia deixou a muleta encostada no canto e se recostou contra o tronco da namorada até apoiar a cabeça no ombro esquerdo dela. As duas fecharam os olhos e suspiraram ao mesmo tempo.
Nenhuma delas notou os três pares de olhos as encarando, mas as outras mulheres da sala decidiram não interferir naquele momento. Continuaram a conversar em voz baixa não querendo interferir na pequena bolha das duas sentadas na poltrona. Catarina descobriu os detalhes do que havia acontecido e ainda não se conformava com tudo o que o filho havia feito. Ela simplesmente não era capaz de entender como o seu menino havia se tornado um homem daquele tipo.
- Eu fiz tudo da melhor forma possível, o criei da mesma forma que tentei criar Talitha – dizia ela segurando firme na mão da filha que estava a abraçando ainda – Não sei o que fiz de errado com Renato.
Maia e Alicia haviam passado os últimos minutos em silêncio apenas de olhos fechados concentradas uma na outra, mas ao ouvir aquelas palavras os olhos verdes se abriram encarando a senhora no sofá com seriedade.
- A senhora não tem culpa alguma, Dona Catarina – falou ela séria e afastando a cabeça do ombro da namorada – Tenho certeza absoluta de que não fez absolutamente nada de errado. Infelizmente não é só a criação em casa e a educação que se recebe dos pais que forma o caráter de alguém. Ele provavelmente recebeu muito mais influência negativa externa do que positiva dentro de casa.
- Maia está certa – a veterinária concordou movendo a cabeça afirmativamente – Por mais justa e correta que a senhora seja e por mais que tenha tentado passar isso para ele, as pessoas com quem Renato conviveu a vida toda provavelmente alimentaram esse machismo existente nele. Porque é algo que está impregnado na nossa sociedade. Ele apenas foi mais longe, perdeu o controle e a própria razão e raciocínio.
- Se tivesse raciocinado nunca teria provocado o acidente do Carlos – comentou Maia encolhendo os ombros.
- Muito menos tentado bater em você e, principalmente, na Alicia – completou Talitha respirando fundo – Meu irmão perdeu o senso do que é certo e errado, ficou cego pelo próprio preconceito, ódio e ignorância. Espero que ele ter que passar uns dias na cadeia coloque alguma lógica e senso na cabeça dele. Até porque sabemos que não vai ficar lá por muito tempo, mesmo que seja julgado pela tentativa de lesão ou outra coisa, não vai ficar preso muito tempo.
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Argentum [EM REVISÃO]
RomansaAlicia Ferraz é uma simples veterinária, mas talvez não tão simples assim. Mora numa cidade pequena no interior do Rio Grande do Sul, deixou toda a vida que havia construído em Porto Alegre para voltar e cuidar dos pais. Quando o pai, também veterin...