Na manhã seguinte Maia acordou ansiosa quase uma hora antes de seu horário normal. Ficou alguns minutos ainda na cama, a jaqueta preta junto de si, até que decidiu levantar e começar seu dia antecipadamente. Fez sua higiene e se vestiu. Uma calça jeans verde musgo e uma blusa grossa de algodão branca com mangas compridas. Pegou também sua jaqueta jeans e colocou uma botinha preta quase sem salto e com cadarços. Apesar de não estar frio como nos últimos dias a temperatura não passava dos 13°C naquela manhã.
Ficou em seu escritório terminando de organizar a documentação que teria de enviar com as amostras para o DNA de Argentum. Quando tudo estava pronto já passava das 6h30 e ela desceu para o café da manhã. Alicia havia lhe avisado que teria uma consulta logo cedo e só depois viria ao Rancho, então ela não esperava a veterinária para o café. Por conta da hora a mesa da sala de jantar ainda não estava posta e Maia aproveitou isso para ir direto a cozinha encontrando Antonieta e Maria terminando de preparar o café e alguns biscoitos doces.
Enzo a achou ali poucos minutos depois reclamando de ter esquecido as cortinas abertas e, por isso, ter acordado com o sol tão cedo. Mas o jovem rapidamente esqueceu seu mal humor matinal ao começar a comer e conversar. Após a tarde do dia anterior Maria ainda estava envergonhada e receosa com ele, mas logo isso foi esquecido enquanto Enzo elogiava a comida a cada intervalo entre engolir e colocar algo mais na boca. Mesmo após o café ambos os amigos continuaram na cozinha conversando amenidades com as duas mulheres por algumas horas, mas Maia ainda estava ansiosa e se retirou um pouco antes de Enzo.
Passava das dez horas da manhã quando Maia viu, da janela de seu escritório, o Troller prata da veterinária surgir na estrada e passar pelo arco de entrada do Rancho. Seu coração pulou uma batida com a visão do carro se aproximando até parar próximo às escadas que levavam até a varanda da casa. Saiu do escritório indo em direção às escadas, sabia que Enzo provavelmente estaria na cozinha bisbilhotando as receitas de Antonieta, já que adorava cozinhar, e não queria deixar o amigo na presença da veterinária sem estar por perto para frear os rompantes dele.
Estava no topo das escadas quando olhou para baixo e viu Alicia passar pela porta da sala. A mais velha tinha algo que parecia uma garrafa térmica de grandes proporções numa das mãos e a outra segurando a alça da mochila que estava em seus ombros. Quando seus olhos se encontraram Alicia sorriu largamente e Maia acabou sorrindo também, mesmo estando nervosa ao estar frente a frente com a veterinária após admitir seus sentimentos pela mesma. Viu Alicia colocar as coisas no chão próximas a um dos sofás e continuou a descer os degraus lentamente com a ajuda de sua muleta.
A maior apenas ficou no fim da escada esperando-a com um olhar calmo e um sorriso gentil. Alicia estendeu a mão direita quando Maia estava ainda nos últimos degraus e a dona do Rancho colocou sua mão esquerda sobre a da veterinária recebendo o apoio extra para terminar a descida. Quando estava no mesmo nível que Alicia elas se encararam por alguns segundos e Maia teve que se esforçar para não encarar os lábios da maior que apenas lhe sorria.
- Bom dia, Maia – disse Alicia se aproximando e deixando um beijo na testa da mais nova.
- Bom dia, Alicia – respondeu se adiantando um pouco para abraçar a maior pela cintura com o braço esquerdo apenas para que a maior não visse que seu rosto estava mais corado do que deveria, mas se controlou rápido e se afastou erguendo os olhos verdes – Como você está? A febre voltou?
- Estou ótima – respondeu a veterinária com um sorriso controlado se perdendo nos olhos verdes e tentando não ficar triste pelo abraço ter durado tão pouco – Nenhum sinal de que a febre voltou nem qualquer outro sintoma, pode ficar descansada.
- Fico aliviada com isso – respondeu a menor, mas antes que continuassem a conversa ambas ouviram passos vindos do corredor que levava à sala de jantar e cozinha.
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Argentum [EM REVISÃO]
RomanceAlicia Ferraz é uma simples veterinária, mas talvez não tão simples assim. Mora numa cidade pequena no interior do Rio Grande do Sul, deixou toda a vida que havia construído em Porto Alegre para voltar e cuidar dos pais. Quando o pai, também veterin...