Capítulo 118

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Miguel Valverde parou ao lado da mesa, entre as cadeiras de Juliana e Aldo, encarando os olhos verdes de Maia que o encararam ao se aproximar assim que Alicia lhe tocou o ombro para lhe alertar da aproximação do homem. Ele encarou os presentes por alguns instantes como se para os identificar antes de encarar primeiro Aldo o cumprimentando.

- Cárceres – falou o homem em pé acenando com a cabeça para o outro que estava sentado – Como vai?

- Já estive melhor, mas o whisky está aceitável – Aldo respondeu com um tom entediado; Valverde estreitou o olhar, mas não respondeu nada e virou os olhos para o casal do outro lado da mesa ignorando a presença de Juliana.

- A senhorita é Alicia Ferraz, correto? – ele perguntou encarando a veterinária que concordou e se levantou estendendo a mão ao homem, Valverde não pareceu muito contente, mas também não recusou o cumprimento, em seguida ele encarou Maia que o olhava de baixo e não parecia disposta a se levantar – Presumo que a senhorita seja a sobrinha de Augustus – falou ele finalmente sem se dispor a estender a mão e os olhos verdes encararam o homem com calma, mas ela também não se moveu para estender a mão e muito menos para se levantar.

- Maia Augustus – ela se apresentou encarando os olhos azuis frios, mesmo precisando erguer o olhar para isso a postura dela não parecia estar incomodada e muito menos indicativa de que ela estava em algum tipo de posição inferior.

Houve um longo silêncio, Alicia manteve-se encarando Miguel tanto quanto Maia; já Aldo e Juliana alternavam os olhares entre os dois de olhos claros observando a embate entre eles. Era como se disputassem um certo grau de superioridade pelos olhares, onde Valverde claramente tentava se sobrepor a Maia apenas com o peso de seu olhar sobre ela, mas nem estando em uma posição mais elevada e favorável ele conseguiu sentir que a estava rebaixando, ao contrário, a maneira com que ela o encarava era tão firme e penetrante que aos olhos dos outros a volta deles, parecia que era ela quem estava numa posição superior.

- Não acreditei que teria a sua presença em meu leilão – Miguel disse por fim, interrompendo a disputa, mas ainda assim tentando se sobrepor de outra maneira.

- Se não desejava que eu viesse, talvez tivesse sido mais lógico não me enviar um convite – Maia respondeu com um sorriso divertido que pareceu trazer um tom de irritação ao olhar do homem – Mas, levando em consideração que minha presença não era esperada, seria interessante saber o que o levou a vir até a minha mesa sendo que poderia simplesmente ignorar a minha presença.

- Não vou dizer que pretendia estar aqui – Miguel respondeu, mas era notável seu desconforto com a forma direta com que ela o estava tratando – Entretanto, as circunstâncias exigiram isso – ele afirmou olhando de Maia para Alicia que estava ainda em pé parada junto a cadeira da namorada e tocando seu ombro.

- Que circunstância seria essa? – Maia questionou trazendo o olhar dele novamente para ela.

- Rodolfo Dutra fez alguns comentários – Miguel começou encarando as duas alternadamente antes de fixar seu olhar nos verdes tranquilos – Os quais estão causando certo desconforto em meus convidados. Vim averiguar o que se passava aqui, já que não acredito que o que ele anda espalhando possa ser real.

- Podemos ser mais diretos não? – Alicia perguntou mantendo sua expressão tranquila e fazendo o homem a encarar.

- Dutra anda dizendo que existe... – ele alternou os olhares entre as duas torcendo levemente os lábios numa clara demonstração de desgosto a ter de se referir aos comentários – Que existe uma situação vergonhosa de um relacionamento entre vocês duas – Miguel finalmente disse voltando a encarar Maia, mostrando que claramente o foco dele não estava em considerar a presença da veterinária.

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