Capítulo 119

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As pessoas continuaram com olhares para a mesa onde elas estavam, alguns mais discretos outros nem tanto, mas as duas evitaram olhar em volta. Era mais fácil simplesmente ignorar enquanto a situação se restringia apenas a olhares. Elas não ficaram sabendo, mas Miguel foi atrás do responsável pela organização exigir que dessem um jeito de retirá-las do lugar. O leiloeiro avisou que seria impossível ele privar alguém que recebeu o convite de estar no local, mas a verdade era que eles não queriam mesmo seguir a ordem do homem. Além de péssima pessoa Miguel Valverde era um péssimo empregador e a equipe do leiloeiro já estava saturada com os mandos e desmandos estúpidos do homem. A maioria deles havia ficado surpresos e agradecidos com a presença de uma pessoa que batesse de frente com Valverde e o colocasse em seu devido lugar.

Não demorou muito após essa conversa e os animais que seriam exibidos começaram a entrar no salão por um portão nos fundos para a área onde seriam exibidos. Era como um palco cercado com grades de metal, no interior o piso de madeira era forrado com serragem e haviam um corredor curto da porta de entrada para cima desse palco e outro corredor de igual tamanho do palco para outra porta que levava a uma saída apenas para os animais. Argentum e Lua foram uns dos últimos; Eduardo entrou com o cabresto de Lua na mão e caminhou para o centro do palco. O potro vinha seguindo a mãe que parecia muito calma naquele ambiente cheio de luzes.

Todos os olhares se direcionaram para o palco, todos querendo ver o potro que ainda causava espanto por ter nascido. Alguns cochichos tristes por ele não estar sendo leiloado, outros falavam como não demoraria muito para que a jovem que assumiu a propriedade de Augustus acabar colocando-o a venda. Mas todos falavam do quão impressionante ele já era. Apesar de um pouco assustado com o ambiente Argentum seguiu a mãe de perto e parecia imitar os passos e poses dela que se mantinha muito calma e quase posava para quem quisesse admirar ou tirar fotos.

Maia tinha um sorriso enorme vendo o potro que já estava quase com a mesma altura da mãe. E Alicia tinha outro sorriso, também enorme, vendo a realização da namorada, mesmo que Argentum fosse um legado do Velho Augustus. Em seguida os primeiros lotes do leilão começaram a serem trazidos. Era um tanto demorado e a mesa deles era uma das muitas que não se manifestavam nunca. Maia logo percebeu que o leilão em si era apenas uma desculpa para a reunião de todos no mesmo lugar e para que uns pudessem se mostrar maiores e melhores que outros. Ainda assim, com alguma discussão com sua veterinária, Maia fez alguns lances, apesar de não ter levado nenhum dos animais.

Era perto das 23h30 da noite e o lote atual eram duas potras, filhas dos mesmos pais, nascidas por meio de transferência de embriões. Os lances estavam se concentrando do outro lado do salão, como o indicador de lances eram as placas com os nomes dos representantes ou das fazendas, Maia apenas depositou a sua sobre a mesa e se virou para Aldo que bebia mais um entre as centenas de copos da noite; ela própria havia passado dos 15 copos de sucos e Alicia também estava quase na casa das duas dezenas de garrafas. Juliana parecia cansada e estava distraída com seu celular quando os olhos verdes se fixaram em Aldo.

- Não o vi fazer nenhum lance ainda – Ela falou virando-se para o homem que a encarou confuso e surpreso, mas logo deu um sorriso forçado e falso voltando o olhar para a bebida âmbar.

- Não tenho dinheiro sobrando para essas brincadeirinhas – ele respondeu respirando fundo – Só vim nessa palhaçada pela bebida e por que tinha um animal para o leilão. Duvido que teria recebido o convite para a festa se eu não tivesse incluído um animal nos lotes.

Com alguma insistência das duas ele explicou que era um garanhão, neto de um Puro Sangue Inglês muito conhecido a alguns anos atrás. Quando quis saber um pouco sobre o animal Alicia acabou fazendo Aldo explicar que ele havia ganhado em uma aposta uma égua que tinha passado por transferência de embrião com um óvulo fecundado por esse garanhão. Para a infelicidade dele o que nasceu foi uma potra e esse garanhão era o primeiro filhote dela. Aldo explicou que não podia pedir muito porque, apesar da genealogia, o animal não tinha descendentes válidos para registro e só haviam visto filhos dele com algumas éguas sem registro que Cárceres criava para vender como cavalos de trabalho.

Argentum [EM REVISÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora