VI

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— Minha nossa. – A boca de Wanda ficou seca. Estava no meio de uma imensa sala circular, onde a parte externa do teto retrátil e metálico encolhia aos poucos, deixando apenas a abóbada de vidro transparecer o céu noturno. Ela deu um pulo quando o corpo cilíndrico de um grande telescópio moveu-se, soltando um som de ar pressurizado. – Jamais vi algo assim. Nem Stark...

Não acabou a frase. Encarou as luzes acenderem-se das telas sensíveis ao toque nos painéis e nos hologramas que orbitavam lentamente pelo cômodo. Eram coloridos e percorriam trajetórias hipnotizantes, circundando o local e as mesas. T'Challa segurou um cometa que passava e com apenas um movimento expansivo do dedos foi capaz de aumentá-lo para o tamanho de uma bola de basquete, toda irregular e com a textura de seu relevo ástreo perfeitamente delineada.

Um rei com uma estrela pulsante na mão.

Wanda inclinou o rosto, captando tal imagem por mais tempo para dentro dos olhos, como se aquele momento fosse eterno. Ele estava pensando em algo... Algo antigo. Algo ancestral. Algo que remontava ao inicio, ao início de tudo.
Ela sentiu o rugido de seus poderes. Queria entrar nas lembranças do monarca, as lembranças de um povo inteiro. Desejava descobrir a história que se passava pelos neurônios tão bem disciplinados dele. O rugido escarlate mais uma vez arranhou sua garganta.

Uma voz serena perguntou algo, algo simples e que somente o rei entendeu. Ele retrucou com um sorriso e diminuiu o asteroide até sua forma original, largando-o no ar. O holograma vagueou pelo espaço artificial por breves instantes, até que a voz novamente se impôs no ambiente. Então o asteroide se desfez em poeira, reaparecendo em sua rumo original e com a mesma velocidade.

— O que... O que foi isso?

Ele virou-se para Wanda.

— Ilizwi. É o sistema operacional do Observatório. – Respondeu com simplicidade, andando com seu jeito elegante e despreocupado. – Pedi que não recalculasse o curso do asteroide. Ele não deve ser parado.

T'Challa não era de rodear em palavras e aquilo parecia fora do lugar. Uma possibilidade pequena, aquela menor porcentagem que era nada mais do que o improvável. Ou então ele estava apenas se divertindo com o mistério lançado no ar.

Wanda absorveu o que ele dissera, medindo o peso de cada letra.

Enquanto ainda saboreavam a sobremesa e finalmente Steve teve coragem de pedir por uma segunda rodada, Sam comentara que se preparavam para uma nova investida em um dos pontos indicados no globo, onde alguém tentou perfurar as defesas cibernéticas de Wakanda.
Não iriam mais. Seria infrutífero e arriscado, uma vez que os locais já verificados eram todos ermos. Planejariam mais na Sala de Inteligência, pois já havia uma equipe de T'Challa trabalhando no caso e rastreando o que mais poderia se relacionar com as tais cidades ou quem conseguiria tal tecnologia para as tentativas de acesso, além de esparsos resquícios da HIDRA.
Steve levantara-se naquele momento. Afirmou naquela sua postura azul, sempre azul, que havia um lugar a mais onde se vasculhar e que Natasha saberia como ir. Disse para Sam, mais baixo:

"Há dois anos, em Wheaton, Nova Jersey. Eu e Nat encontramos algo na Base Leigh."

"Antes de aparecerem na minha casa?"

Steve concordou.

"Parece que temos uma pista."

O fato que deveriam já investigar sobre o assunto e partir para a Sala de Inteligência foi do mais puro e sincronizado consenso. Sam e Steve levantaram-se com rapidez, mas assim como uma pantera preguiçosa faria, T'Challa não lhes deu a devida atenção. Garantiu que logo se veriam, no entanto, haviam assuntos que gostaria de discutir com a Maximoff.

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