A rotina de guerra era fácil de seguir. Seu corpo estava habituado a ela, ou então era mais uma programação em sua cabeça. Bucky revia a munição, o equipamento, o plano, sua vontade de executar a missão com sucesso.
YA gotov otvechat'
Pronto para cooperar.
Ele e Steve Rogers moviam-se em sintonia dentro da aeronave que os transportava para o norte Sokovia, enquanto a voz baixa de Viúva Negra citava as coordenadas e dizia mais uma vez a ordem do cronograma. A munição era não-letal e com silenciadores, o combinado eram notificações de cada integrante em intervalos menores, de dez minutos. Não eram um grupo grande e eles, apesar de suas respectivas qualidades, não dariam conta de uma equipe inteira inimiga, não com Sentinelas. Teriam mais sorte se fossem silenciosos.
Ele lembrava-se da Segunda Guerra, pois estava com Steve. Lembrava-se de anos depois, quando treinava garotas no Salão Vermelho, jovens prontas para matar. Era bom saber que Natasha não sucumbira àquilo, mas era bom saber que ela não esquecera-se do treinamento, uma vez que precisariam disso mais vezes do que poderiam supor. Mas ele se perguntava se a russa se recordava do instrutor americano, calado e letal. Se ela tinha memórias de dias da neve, refeições pobres, ou daquela noite com a garota loira e o lago congelado.
Bucky acreditava que sim, ela lembrava-se, e que assim como ele, preferia o silêncio.
Assim como Wanda, que encarava a pequena janela com o rosto vazio de expressão.
Sobrevoavam a cratera ainda aberta em Novi Grad, a capital, reduzida a escombros e cinzas. Alguns postes iluminavam o concreto quebrado e estruturas de metais retorcidas. Mesmo sendo noite, a destruição era visível, tal a diferença com a floresta que rodeava a área. Logo a cena se foi, e eles continuaram ao Norte, mais próximos à cadeia de montanhas e longe da capital de Sokovia.
Mais uma vez, ele queria dizer algo. Sentia que deveria, porém palavras soltas entalavam em sua garganta. Ele tirou a trava de sua arma e conferiu a mira da escopeta. Wanda havia segurado sua mão e ele a segurou de volta, antes de virem à missão. E ela caiu no sono, ele achou que dormiu também. Difícil dizer. Mas sentiu o peso do rosto dela em seu ombro e a expressão desgostosa de Sam Wilson, quando foi os chamar para seguir até a aeronave.
Bucky não soube dizer se o amigo de Steve o encarou assim por conta de Wanda ou se era por causa de seu cabelo preso.
Ele a encarou de relance, mais uma vez, e por fim pousou seus olhos sobre as mãos dela. A Feiticeira tinha a moeda de prata entre os dedos e a segurava com força. Ele soube então que ela desejava estar em outro lugar, mas quem precisava ver não estava lá.
"Estamos perto." A voz de Natasha ressoou nos sistema de áudio da nave. "Todos com as escutas funcionando?"
— Posso ouvir sua voz alta e clara, Nat. — Sam respondeu, testando o comunicador em seu ouvido. Todos seguiram o exemplo e confirmaram: todos operantes e conectados. Usavam o canal 140.85, difícil de ser interceptado pelo inimigo, embora o sinal de rádio da Viúva Negra fosse nítido.
"Perfeito então. Vamos parar a cem metros da estação de testes. O vento e a neve não vão ajudar e o ideal é não deixar rastros. Vamos focar na furtividade. O objetivo é se infiltrar, coletar informações e implantar os explosivos, que só serão ativados quando estiverem longe daí."
"E serão ativados por mim." Uma segunda voz disse, era a princesa Shuri. Ela tinha ficado em Wakanda e também fazia parte da equipe tática a distância. Ela e a agente russa, porém, não estavam no mesmo ambiente. "Precisamos terminar tudo ao amanhecer, no máximo. Apesar da tecnologia de camuflagem da aeronave, não queremos arriscar. Já vimos as cópias de plantas da estação, mas não temos certeza da precisão disso. É uma espécie de hangar. Cada um terá um mapa no visor do antebraço e cada um de vocês tem um dispositivo para coletar dados nos computadores. Se possível, tirem fotos dos Sentinelas que virem. Existe um recurso também para scannear arquivos físicos, mas isso demora trinta segundos para copiar cada página."
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Vazios
FanfictionHá um vazio latente em Wanda. Um vazio que cresce e devora, sussurra e rosna. Grande, feroz. Vermelho e sanguinário. Um vazio que era apenas uma pequena flama, mas que ao longo dos anos, incendiou-se feito uma tormenta de fogo. Wanda o sente. Sente...