XLVIII

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Wanda vestia preto, já a única coisa que servira em Bucky foi uma jaqueta amarela. Se Yelena havia dito que o ideal era parecer suspeito naquele vilarejo, então os dois estavam indo bem quando saíram do chalé e se puseram a caminhar, munidos apenas com cantis amarrados na cintura. Havia uma trilha, mas seria impossível chegar em pouco tempo em Novi Grad - ou o que sobrara da capital - á pé, ainda mais pelo estado dela, portanto a Feiticeira e o Soldado tinham planos tolos na cabeça.

Felizmente depois de meia hora caminhando, encontraram uma pequena vizinhança. O lugar era pacato, casas também feitas de madeira da vegetação local, com carros, caminhonetes e até mesmo diminutos caminhões que deveriam transportar madeira ou os restos de Ultron, como Yelena dissera.

Bucky sussurrou que deveriam pegar o automóvel mais a frente, da cor oliva. Parecia antigo, mas resistente, sem falar que ele era habituado a tecnologia hoje considerada vintage, ultrapassada. Eles se aproximaram da lataria descascando do caminhonete, Wanda vigilante e o Soldado preparando-se para um furto.

— Eu não sabia que você roubava carros.

— Por Deus, Wanda. — Ele riu, mas seu riso era também um som exasperado. — Até Steve sabe fazer isso.

— Ele sabe?

Houve uma exclamação alta, não dela, nem de Bucky Barnes. Era um homem de meia idade, roupas pesadas e barba. Fazia tempo que ela não ouvia alguém chamar sua atenção em sua língua materna, tanto que demorou para esboçar uma reação.

O homem veio mancando com a perna direita. Perguntava o que estavam fazendo com o carro dele, se eram mais um daqueles jovens que vem trocar peças de Ultron por dinheiro ou heroína. Ela notou que o tal homem não parecia mal, apenas furioso e um tanto frustrado, afinal, os dois realmente iam roubar seu carro, seu provável único meio de trabalho e sustento. Não podia culpá-lo, mas não podia deixar que ele se excedesse e desse um soco em Bucky.

Pelo o que Wanda sentia e via de sua aura, isso era completamente possível e com desfechos desastrosos. Com o canto dos olhos, viu o rosto fechado de James Barnes, seu olhar predatório e frio em cima do homem que continuava gritando. Não daria aviso feito um cão que late e rosna antes de atacar, daria logo um golpe em sua face para acabar com o problema.

Ela engoliu em seco, seus olhos tomaram a cor vermelha e seus cabelos movimentaram-se delicadamente por algo a mais do que o vento. A voz dela foi baixa, doce. Bucky ficou com a boca entreaberta o tempo todo.

O homem então entregou a chave da caminhonete à James Barnes.

— Mas que diabos...? — Disse ele, em inglês e abismado, contemplando o chaveiro de urso entalhado em suas mãos.

— Piotr nos emprestou a caminhonete. — Wanda lhe deu um sorriso fraco, limpando uma gota de suor na têmporas. — E se perguntarem dela, responderá que está na oficina e vai rir até mudar de assunto. Certo, Piotr?

O homem riu, em seguida conversando em sokoviano.

— Oh, o velho Hans! Demora muito para consertar qualquer coisa. Ao menos faz um bom serviço e cobra barato.

Ele riu mais um pouco até os dois se despedirem e darem partida no automóvel. O homem, um velho lenhador, ainda lhe deu instruções de pisar fundo na embreagem antes e recomendou chegarem antes do Sol se pôr. Havia bandidos por aí e uma equipe militar rondando a área, depois que uma fábrica foi destruída. Sem falar das coisas estranhas que aconteciam fora da trilha depois do anoitecer.

Eles se foram.

Entre os solavancos do terreno e a rádio que mais emitia o som vazio da estática do que música, a boca de Bucky abria-se sem falar nada. Ela percebeu e virou seu torso levemente em sua direção, mesmo com dor.

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