LXIX

482 58 69
                                    

Eles demoraram para decidir afinal que ponto turístico de Bucareste iriam. Bucky achava que não era uma boa ideia se teletransportar para um dos pontos mais famosos da capital, já que haveria gente e segurança mesmo no final do dia, mas Wanda argumentou que escolher um ponto no catálogo de viagens seria a forma mais rápida de chegarem, além de ser um presente de Clint Barton.

Ao fim, ela garantiu que tinha escolhido um local apropriado e, na realidade, não foi difícil convencê-lo. Luz vermelha os engoliu e quando o soldado abriu os olhos, não pôde conter um sorriso de lado. Ele conhecia aquela vista, já que morou ali durante meses.

Ouvia o tráfico e sentia o vento fresco. Estavam abaixo de uma construção opaca e neoclássica, tingida pela luz bronze do ocaso. Ele colocou as mãos nos bolsos do casaco escuro e deu um passo para trás, admirando a curvatura do monumento acima de sua cabeça.

— O Arco do Triunfo?

— Sim. Eu fiquei surpresa de existir um na Romênia. É menor e tal, mas... — Ela deu de ombros, a mochila de um lado e o gato preto no outro. — Acho que faz sentido. Para nós.

— É? — Bucky gostou da forma que Wanda disse "nós". — Por quê?

— Hm, no catálogo dizia que foi construído às pressas depois que ganharam a Independência daqui, para que... Para que as tropas vitoriosas marchassem por baixo.

Wanda não disse que eles eram vitoriosos, nem que tinham conquistado um pouco de independência, mas Bucky Barnes compreendeu suas palavras sussurradas. Ele sabia o que ela queria dizer. Afinal, era sempre isso, não? Ele sabia o que ela queria dizer sem dizer. E ela sabia de volta.

Naquele instante, porém, ele queria dizer algo. Algo que fosse tão significativo quanto aquele arco, quanto a viagem deles, quanto o "nós" que ela tinha dito. No entanto, Ebony acordou do colo de Wanda com um bocejo displicente e começou a tagarelar sobre o barulho do trânsito.

— E então, bruxa boba. Chegamos. Pode me soltar agora.

— Não reclamou quando eu cocei as orelhas até dormir.

— Só me solte, Wan.

Ela o largou no chão. Bucky viu que a cena era meio estranha, duas pessoas no meio do Arco ao final da tarde, com um gato preto estranhamente comportado. Talvez passassem por turistas inconvenientes.

— Bom, se agora os dois me dão licença... Irei dar uma volta.

— Ei. Você não vai me dizer onde fica a... A Loja de Bruxa da Agatha?

— Não. Mas você vai encontrá-la. Até breve, bruxa boba. — E então, um último aceno com a cabeça felpuda. — Soldado.

— Até mais, bichano.

Wanda soltou um suspiro quando o viu desaparecer, depois se voltou para Bucky.

— Sabe, eu na verdade não gosto de mistérios, a agonia de não saber as coisas. Confesso que é interessante ir atrás das respostas, mas estou tão...

— Exausta?

— É.

— Lamento, Wanda... A gente ainda vai ter que andar mais um pouco. O Arco do Triunfo me lembrou do tal francês que precisamos encontrar.

Ela ergueu apenas uma sobrancelha.

— E temos que resolver mais alguns mistérios?

Discutiram antes se ficariam em um hotel. O apartamento antigo de Bucky estava fora de cogitação e Wanda dissera que manipular a mente de muitas pessoas ao mesmo tempo era cansativo demais, sem falar a necessidade de proteger a identidade de Bucky também. Ela também não se sentia confiante o suficiente para arriscar alterações mais ousadas em sua aparência por meio da magia. Portanto, um hotel grande onde lidariam diariamente com a equipe, serviço de quarto e outras outros hóspedes, também não era uma boa opção.

VaziosOnde histórias criam vida. Descubra agora