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Quando Bucky Barnes abriu os olhos, um pouco de claridade já entrava no quarto. Ele soltou um resmungo confuso, olhou para o relógio e notou que não era tarde quanto achou que era. Tivera um sono sólido. E então, espreguiçando-se, viu que longos cabelos castanhos se apoiavam no travesseiro ao lado, já um tanto embaraçados.

Wanda.

A memória da noite adentro - do som, dos toques, do calor - invadiu sua cabeça de súbito, fazendo seu rosto arder. Soltou um suspiro entre a vergonha, o sono e a vitória; sem conseguir impedir seu corpo de virar e abraçá-la por trás. Depositou um beijo delicado em seu pescoço, aspirando o perfume de seus cabelos e sentindo-se um tolo quando Wanda murmurou o nome dele de forma preguiçosa. Ela esticou-se e virou-se, primeiro esfregando os olhos com as pontas dos dedos antes de encará-lo. Depois veio aquele sorriso bobo que o obrigou a sorrir de volta.

— Bom dia.

Bom dia.

Wanda franziu a testa e ergueu apenas uma das sobrancelhas, desconfiada pelo tom usado por ele.

— O que foi? Parece até surpreso de me ver aqui.

Hm, eu achei que você não estaria aqui pela manhã.

A expressão dela se torceu em choque, um pouco de ofensa e depois humor. Entendera o que ele quis dizer com isso, já que Wanda tinha um pequeno hábito de desaparecer em momentos inoportunos. Ainda assim, ela riu. Não era só uma noite para nenhum dos dois é a feiticeira não iria sumir daquela forma, o que deixava os nervos dele mais tranquilos.

— Eu não sou assim, James. Tenho um coração. E aliás... — Segurou o queixo dele com ternura. — Eu estava com saudades do seu café da manhã.

Bucky avançou sobre ela, beijando seu pescoço com delicadeza e depois com voracidade. Somente se sentiu saciado quando provou de novo seus lábios e lhe arrancou um riso curto, seguido de um derretido suspiro. Foi nesse instante que parou, mas algo na expressão dela dizia que ela não queria que parasse - e existia certa vitória nisso também. Havia vantagens de se ter um braço mecânico, como o fato dele poder ficar apoiado sobre Wanda sem se cansar muito, igual fazia agora. Ofereceu um sorriso de lado para Wanda, ajeitando o cabelo dela.

— É bom saber que você tem razões pra voltar. Está com fome? Posso preparar algo na cozinha.

— Sim, mas... Você acha que alguém viu, ou... Ouviu?

— O que? O nosso fondue?

Fondue?

Houve uma pausa. Bucky queria gargalhar do rosto confuso e inocente dela, no entanto apressou-se em finalmente explicar o que era a tal expressão estranha.

— A menos que queira uma nova demonstração do que é, acho que a senhorita entendeu muito bem o que é fondue.

Ela abriu a boca incrédula, seu rosto tão vermelho quanto seus poderes.

— Ai, minha nossa. MinhanossaMinhanossaMinhanossa. Que vergonha! —Wanda se escondeu debaixo do edredom. — Eles falaram pra eu não aproveitar fondue no meu aniversário, lembra? Eles sabem.

— Bom, talvez eles saibam. Ou ao menos suspeitem. De qualquer forma, não é nada de errado.

Só ouviu-se um resmungo abafado pelo tecido do edredom.

— Eu sei, é que... — Wanda descobriu parcialmente o rosto, deixando somente os olhos à vista. — Eu não estou acostumada com isso.

Ele coçou a barba por fazer, palavras constrangedoras entaladas na garganta.

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