XLII

711 63 48
                                    


Pelo susto, Wanda poderia dizer que a sensação era de cair em queda livre por muitos e muitos metros, mas se dissesse isso seria injusta e falsa. Era mais como mergulhar. Quando abriu os olhos, estava num ambiente oco, algo como o vácuo escuro e primitivo, antes de estrelas e universo serem forjados. Seu coração sentiu-se acolhido e pronto para sair do peito, finalmente em casa. Ela viu Ebony sentado no que deveria ser o chão e Agatha de pé. Ela acenou e suas vestes roxas tremeluziram como nebulosas.

"Eu sei, eu sei." Os braços dela indicaram o infinito ao redor de si. "Pomposo, não?"

"Isso é sua casa?"

"Oh, querida. Claro que não. Eu jamais a teleportaria contra sua vontade e aqui nada mais é que um espaço onde você pode treinar antes de vir a minha casa. Se decidir vir, é claro."

"Eu vou, é só que... Preciso resolver algumas coisas antes."

"Entendo. Seus amigos. Aquele homem."

"Sim. Devo explicações."

"Muito bem. Como eu disse antes, senhorita Maximoff, talvez eu não tenha todas as respostas. Tenho os meios, os instrumentos. Pretendo mais do que ensinar o que sei, pretendo que busque mais conhecimento do que posso dar... Mas adianto que isso pode ser um pouco difícil."

"Defina 'difícil'"

"Ela é boa, Agatha"

"Eu poderia introduzir essa jornada com muitas palavras, Wanda, mas quem a faz é você. Sou mera personagem secundária. Não vou falar o quanto é será árduo, pois você espera tal coisa."

"E o que você espera de mim?"

"Que acredite... Que acredite que cobre pode se tornar ouro. Ouro ou o que você quiser."

"E o que seria a Pedra Filosofal que tornaria tudo isso possível?"

Agatha apontou para na direção do próprio tórax, na altura do coração.

"Você mesma. Então, como quer começar essa jornada?"

A jornada parecia já ter começado para Wanda. Ela pensou nos seus gritos, quando criança, quando ria e brincava e tinha seu motivo de viver ao seu lado. Pensou nos seus gritos quando tudo aquilo se calou por causa de uma bomba que atravessou o teto.
Será que era aquilo, afinal? Um eterno processo de abrir mão. Talvez fosse hora de não querer se agarrar em nada.

"Com silêncio."

Agatha assentiu e os três permaneceram calados pelo o que pareceu a eternidade, olhando para o infinito escuro e sem estrelas. Quando estava pronta, ou achava que estava, Wanda voltou a encarar a mestra.

"Qual é a primeira lição?"

"Não pretendo enumerar lições, pequena bruxa. Mas confesso que precisamos de um Norte. "

"E este Norte seria...?"

"Feitiços de proteção. São simples, requerem pouco material e pouco conhecimento prévio. Não tem como errar e, mesmo que erre, na pior das hipóteses só não vai funcionar."

"O que? Você quer que eu apenas faça um círculo de sal e uma oração? Não sou tão iniciante assim." Disse ela, um tanto ofendida. "E não estou procurando problemas, Agatha."

"Se não fosse tão iniciante, saberia que certos feitiços de proteção envolvem muito mais do que sal e cânticos. Sangue, alma, sombras... Não vem ao caso agora. E não seja ingênua. Você sabe que vai precisar."

Wanda suspirou desgostosa. Era verdade.

"Sinto que deseja um desafio."

"Depende do desafio."

VaziosOnde histórias criam vida. Descubra agora