XVII

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Já na Sala de Inteligência, "alugada" especificamente para os assuntos que o monarca e seus refugiados discutiam, Wanda observava o rosto duro do rei. Ele aguardava enquanto os Steve e Sam falavam, absorvendo com atenção toda e cada frase e por fim disparando perguntas pertinentes. Ela tentou sondar vestígios da discussão com Deka, sombras em sua aura, mas T'Challa estava concentrado demais para que pudesse identificar algo e forçar sua mente seria algo detectável.

Enquanto isso, ela tentava não encarar o rosto da própria aprendiz do outro lado da mesa.

Só souberam que Deka estaria ali depois que entraram na sala. De início, o incômodo foi palpável no ar, pois tanto Sam quanto principalmente Steve guardavam ressalvas quanto ao comportamento dela e se seria seguro compartilhar informações preciosas em sua presença. Wanda, por sua vez, não guardava rancor. Ela queria violência e a obteve. Agora desejava apaziguar os ânimos e esperava conseguir também.
O monarca foi firme e não demonstrou dúvidas ao trazê-la na reunião. Deu uma breve e seca introdução à sua pessoa e logo pediu o relatório inicial, por onde haviam passado, com quem haviam falado – se haviam falado – e quem encontraram durante a Conferência de Veneza.

Ambos relutaram em dizer, mas Wanda deu um pequeno e imperceptível empurrão em seus ímpetos. Ninguém precisava de um conflito agora. Portanto, até o momento ambos prosseguiam com o cronograma estabelecido, narrando o desenrolar da missão.

Steve continuou, mostrando no holograma qual havia sido o percurso que tomaram da base à local da Conferência, depois passando imagens digitalizadas que Natasha havia mostrado, encontradas sob os escombros da Base Leigh há tempos.

Fotos ainda em preto e branco. Coordenadas. Steve, de pé e acostumando-se com a tecnologia wakandana, fez um gesto inseguro com a mão e passou para um arquivo de áudio. A sala se encheu com um ruído baixo, como se alguém amassasse placas de metal com as próprias mãos. Era algo antigo, de talvez trinta ou quarenta anos atrás. Um som de uma fita cassete.

"Eu não vou vê-los terminar como cinzas."

Wanda, até então imersa em sentir a vibração dos outros no ambiente, despertou com aquela voz. Seus olhos arregalaram-se, quase faiscando. Não era ninguém conhecido, ninguém especial. Só um homem, com o timbre grave e rouco; com o peso do mundo nas costas. Ele engasgou e o ruído nublou mais ainda a gravação.

"Vocês são todos diamantes...

Nós somos..."

A fita se encerrou, de súbito.

A aprendiz também arregalou seus olhos até então desinteressados, franzindo o cenho. Direcionou sua atenção ao seu rei, que não lhe deu respostas e depois voltou seu rosto para Wanda, de maneira direta e dura.

— Esse áudio foi transmitido de Wheaton para Veneza, há quase três anos. Sem notas associadas, sem título, sem nada além de uma 22 de Novembro de 1963. E eu posso até ter ficado congelado por setenta anos, mas sei que essa é a data de morte do presidente Kennedy.

T'Challa levantou uma das sobrancelhas. A aprendiz inclinou o rosto.

— E o que isso teria a ver com um grupo organizado hackeando sistemas de segurança?

— Exatamente. – Sam anuiu.

— De início, nós queríamos nos assegurar da segurança do local e tentar ir mais a fundo nas informações que Romanoff nos passou. Ela havia recuperado alguns dados de operações em Veneza, e eram dados estranhos demais para se deixar passar.

— Por que uma subdivisão da subdivisão da SHIELD teria plantas arquitetônicas de outras bases, sendo da SHIELD ou não, e registros de operações antigas? E como eles teriam acesso a isso?

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