XLIX

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A pasta de papel pardo e um grande "M" vermelho foi jogada sobre a madeira da escrivaninha, o som estalado mal chegando aos ouvidos de Erik Lensherr. Seus olhos estavam fixos num ponto morto, suas mãos tremeram bem como o ritmo de sua respiração. Seu corpo estava instável por conta das palavras que lera nos arquivos, arquivos estes que roubara na base em Sokovia depois de ruir todos os helicópteros inimigos mandados para matar seu grupo e o grupo de Wanda Maximoff.

Foi duro escapar de lá. Ele não se lamentou por destruir os equipamentos e tudo o que viu pela frente, não poupou tempo ao retorcer cada estrutura de metal ali naquele maldito lugar. Preocupou-se apenas em recuperar tais arquivos importantes, item que a menina mutante também foi procurar. Ela era forte, suas habilidades psíquicas eram consideráveis assim como a telecinese e a projeção de energia rubra. Era diferente de como Psylocke fazia seus truques violetas. Das mãos delicadas de Wanda, fluía a cor escarlate e o mundo e a realidade se curvavam ao seus gestos.

E Zola quis matá-la, aquele... Não havia nome para o que era. Não tinha alma antes mesmo de não ter um corpo, mas isso não impediria Magneto de feri-lo, muito menos de desintegrar cada ponto da existência do cientista suíço.

Aquela garota. Aquele rosto.

Então era verdade o que ele sentia. Ela não era Maximoff. Era Lehnsherr, assim como seu nome pós-guerra, Erik Magnus Lehnsher. Ou então Eisenhardt, como ele se chamava antes de sua família e todos os judeus serem perseguidos naquela insanidade. Ela era dele, ela e seu irmão Pietro. Gemeos, romanis como Magda, mutantes como ele e judeus como os pais.

Wanda e Pietro eram filhos dele.

Os arquivos não eram claros, nem tinham como ser. Só datavam o nascimento deles de acordo com a certidão oficial de Sokovia, tipo sanguíneo e quais genótipos eram alterados por conta do gene-X. Nomes dos supostos pais, Marya e Django Maximoff.

A HYDRA, um grupo nazista, ainda tinha registros interessantes sobre experimentos mutantes ao longo dos anos, portanto não demorou que alguém notasse a semelhança entre o novo voluntário e Magneto. Havia uma foto de Pietro Maximoff nos arquivos, a linha de seu queixo e mandíbula firmes, o nariz igual e os olhos frios. Um rapaz. E assim fizeram as comparações do código genético dos gêmeos Maximoff e cópia antiga do dna de Magneto.

Era semelhante demais para serem meros descendentes, sem falar que não existiam parentes vivos de Magneto, como a irmã ou primos. Todos mortos na década de 40. O teste confirmou a paternidade - Mas como fugir da questão de que o corpo de Magneto foi perdido em 1999, ainda em criogenia, e os gêmeos nasceram em 1994? Seriam frutos de algum experimento, alguma recombinação genética ou fruto do acaso, de algum parente deveras distante que tivera descendentes? A HYDRA não fazia ideia e continuava pesquisando. Se era verdade que os dois voluntários eram filhos de uma ilustre figura mutante dos anos 60, fariam de tudo para lapidá-los ao seu favor.

Magnus também não entendia como. Então significava que... Que Magda, naquela noite que desaparecera, naquela terrível noite em que Anya foi morta pelo fogo, estava grávida? Ele mal conteve um lamento, a eletricidade das luzes do quarto falharam por conta das ondas magnéticas. Magda estava grávida e em algum momento precisou de sua ajuda e ele, ao invés de procurá-la com o mesmo fervor com o qual buscara seus algozes do campo de concentração, deixou-a sozinha. Seus filhos.

Ele tentou não explodir como fez na fábrica ao saber da morte de sua garotinha, Lorna. Tremendo, sentou-se na poltrona do quarto do hotel e soltou mais um grunhido, entre um xingamento e a dor da luta contra os Sentinelas. Já tomara um longo banho quente, cobrira seus ferimentos superficiais. Graças aos poderes telepáticos de Emma e de Psylocke, o hotel ofereceu os melhores cômodos e os melhores serviços sem descontar a diária e perguntar dia de check-in, aliás...Sem perguntar nada. Os outros mutantes daquele estranho grupo estavam divididos em partes ainda menores e qualquer um poderia pensar que tratavam-se de turistas.

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