LXVI

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A convivência com a Viúva Negra fez bem para o instinto de Wanda Maximoff. Parecia que seu corpo sabia como evitar lugares onde não deveria ir ou como desviar a atenção de pessoas que paravam um momento para observá-la, isso tudo somado a sua intuição nada comum. Ajudava também o fato de enxergar e interpretar auras, sempre guiando-a para pessoas mais afáveis ou simplesmente distraídas. Tinha chegado longe sozinha, já que nem mesmo Ebony tinha dado as caras para a Feiticeira durante aqueles dias de viagem. No caminho esbarrou com almas bem intencionadas, pessoas que assim como ela buscavam algo, outras que fugiam. Encontrou mutantes. A maioria não falava muito, ninguém comentava diretamente o fato dela ser Wanda Maximoff, filha de Magneto - o mutante revolucionário de outra era que voltava a revirar o mundo. Mas Wanda captava aquele olhar de reconhecimento, alguns de admiração. Diziam que ele estava ao Sul, numa ilha, num idílio para mutantes: Genosha. A chamaram para se juntar ao grupo que descia o Sudão, porém ela negou. Precisava antes descobrir como tudo aquilo começou, então necessitava ir ao Norte. Já tinha sido difícil arrumar transporte em Gana e agora ela iria com outros viajantes em direção ao Chade, para então seguir até Marrocos. Era um contorno difícil, mas era uma rota que poucos faziam, portanto Wanda considerou mais seguro para não ser importunada pela polícia internacional. Os limites da linguagem eram claros com outros nômades, embora não houvesse muito o que dizer. Logo também se separarariam e foi o que aconteceu.

Agatha dissera para seguir a cor violeta, mas não tinha encontrado nada muito interessante até então. Um dos motivos que a fez seguir um dos grupos foi o simples fato de uma das mulheres vestir um xale púrpura. Não era motivo o suficiente para confiar tanto em outra pessoa, mas não podia dizer que tinha dado errado. Parte de si estava orgulhosa por fazer tudo por conta própria, parte estava decepcionada por ninguém ter ido atrás dela. Ou era tão competente que seus amigos não conseguiam achá-la ou então eles tinham respeitado sua decisão de partir. Não pensou muito sobre isso, embora aceitasse uma mão amiga naquele instante.

Estava fugindo.

Aparentemente já existia monitoramento pesado em Marrocos, em especial em cidades turísticas do país como Marrakech. Seguiu ao Norte até esse país no Continente Africano e tinha intenção de atravessar o mar, mas a segurança nas fronteiras era cada vez mais intensa. Diziam que não era nada em específico contra mutantes ou refugiados, mas sim contra terroristas conhecidos. Para sua sorte, Wanda era conhecida por ser os três, e um breve instante de descuido a fez cair em sérios apuros. Convencer as pessoas a lhe darem passagens aéreas e um pouco de dinheiro não era nada complexo com seus poderes telepáticos, porém máquinas não eram assim tão manipuláveis - ao menos não havia tentado tão bem. Bastou uma câmera fazer o reconhecimento facial dela em meio a lenços para alarmes serem disparados. Por pouco conseguiu sair correndo no belo saguão principal do aeroporto, mas ainda era dia e ela tinha uma mochila nas costas. Ela não sabia do que estava sendo acusada, ainda que tivesse quebrado uma quantidade considerável de leis ao entrar naquele país - sem visto, sem passaporte, com dinheiro que não era dela. Isso sem contar que já era uma procurada internacional. Mas custava tanto assim eles a deixarem ir? Ela só queria pegar um último avião para a Polônia, droga. Quem sabe até esperaria o vôo das 16h passeando pela cidade, talvez fosse até algum souk ou comesse algo diferente. Ela só queria um dia de turista normal e quem sabe tomar um hammam. E agora estava do aeroporto, usando rajadas de energia para flutuar e desviar dos seguranças.

Ela suava frio. Quanto tempo mais para chamarem a polícia e então o exército? Wanda dobrou uma esquina, vendo sua sombra ser projetada no chão. O aeroporto de Marrakech era considerado um dos mais bonitos do mundo, com seu design moderno e ao mesmo tempo honroso à arquitetura tradicional do país. Haviam vidraças em todo o lugar. Não adiantava mais ser sutil e ela ficava feliz pelas pessoas desviarem logo dela, toda desesperada, suada e com roupas amarrotadas.

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