XXXIII

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Shuri indagou-se em que momento Wanda Maximoff começara a lidar com runas nórdicas – já que a vira estudando Cabala e hebraico - mas achou que essa pergunta poderia ficar para depois. O símbolo acima de seu antebraço girava de forma semelhante a uma bússola, pendendo para um lado e para outro, e por instante pareceu terrivelmente quebrada. Girou 360 graus ininterruptamente, até que a princesa viu-a se concentrar e captou seus pensamentos compartilhados, Steve e Sam, azul e amarelo. Rosa?

Não questionou os últimos, não quando ela flutuava a dez centímetros do chão envolta em violenta aura rubra.

— Lá. — Disse, com uma voz que não parecia dela. Feroz. Shuri mal a reconheceu, depois entendeu que era exatamente assim como deveria ser. Flamejante. — Escadas abaixo.

Elas desceram os degraus em silêncio. Atravessaram corredores e portas, seguindo por um caminho escuro através das galerias subterrâneas, até que enfim chegaram a uma ala não mostrada ao público, onde repousavam quadros empilhados encostados uns nos outros, e estátuas cobertas por tecidos brancos. Luz.

A quietude foi vencida por um som de impacto, um gemido de dor. Era o som de Steve Rogers sendo derrubado por uma mulher oriental. Assim que teve certeza de que ele não se levantaria por um tempo, ela arrumou seus longos cabelos escuros e soltou um suspiro insolente.

Havia um brilho púrpura em volta de seus olhos, quase desenhando asas de borboleta. E havia também luz em suas mãos, formando lâminas.

— Está demorando. — Disse ela, virando-se para o fundo do cômodo. Dirigia-se a outra mulher mais alta. Wanda não sorveu de detalhes daquela figura, apenas que era loira e vestia-se inteiro de branco. A sua frente, o brilho inconfundivel dos cabelos ruivos de Natasha Romanoff, sentada com o pescoço mole e a cabeça apoiada numa cadeira de mogno.

A mulher de branco tocava as têmporas de Natasha. Tinha a expressão comprimida, os lábios tortos. Intensificou seu olhar, franziu a testa. Foi quando a russa soltou um soluço e sangue começou escorrer de seu nariz.

Wanda interrompeu o rugido de seus poderes de saírem de dentro do tórax, mas sentiu a respiração mais rápida, os olhos ainda mais rubros. O impulso de entrar no cômodo e destruí-los fibra por fibra, partícula por partícula, era latente e a incendiava.

Mas tinha medo e era sensata. Não poderia cometer os mesmos erros do passado.

Por mais que o azul estivesse pálido no chão e o amarelo não passasse de uma breve lembrança, Wanda sabia esperar.

— Não faz sentido. — A loira disse com um suspiro, sem incomodar-se com sangue pintando um traço no queixo de Natasha. —Ela é a Viúva Negra, afinal. Segundo os documentos de Zola, foi ela que transladou a câmera criogenica dele. Ela sabe onde foi, onde ele está. E, ainda assim... Não encontro nada. Nada de útil, pelo menos.

— Vamos acabar com todos eles e ir embora. Não encontramosnada depois de semanas de pique - esconde com ela. E esse cara... — A oriental indicou Falcão com um gesto do rosto, que pairava a centímetros do chão, no lado esquerdo. Havia também asas de luz púrpura em volta de seus olhos e ele ocasionalmente debatia-se, sufocado por algo invisível. — está me cansando.

— Apenas mais um pouco, Psylocke. O Salão Vermelho baguncou a memória de todas as suas bailarinas e Natalia pode ainda nem ter noção de algumas coisas. A única que ainda está viva... — Completou, com um misto de nojo e admiração. —Sendo que muitas de suas companheiras foi ela que matou.

— Urgh. — Psylocke resmungou. — Interessada na história dessa ordinária? Patético.

"O quê? Eu esperava um xingamento melhor, vindo de...De uma vilã."

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