LXXXVI

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Bucky mal sabia para onde olhar quando chegou na ilha, embora sua atenção recaísse sobre figuras que caminhavam de forma estranha sobre o local, pernas e pés grandes demais para as proporções do Porto. Entendera que parte do plano simplesmente tinha ido por água abaixo quando Anna Marie e Remy não conseguiram explodir as injeções à tempo, mas a mensagem de Sam Wilson no comunicador poderia ter sido mais específica sobre as dificuldades que enfrentariam. No entanto, não era tão difícil assim imaginar. O soldado forçou a vista, ainda sentado na poltrona do piloto da aeronave. A névoa engolia a nitidez daqueles colossos, mas logo a luz amarela do tórax de um deles atingiu-o. Eram Sentinelas, nove deles para ser mais exato. E um deles tentou pegá-los com sua imensa mão.

Ele desviou no último segundo, o movimento do jato súbito demais. Anna Marie soltou um grito, Remy a segurou com força. O nevoeiro foi se desfazendo da ilha, descortinando o cenário desastroso que se desenrolava ali embaixo.

O time dos X-Men já estava lá, a aeronave que pilotaram estendida no concreto do porto feito um brinquedo jogado por uma criança frustrada. Jean Grey usava seus poderes telecinéticos para evitar que os disparos dos Sentinelas atingissem os jornalistas, enquanto Scott seguia num ataque agressivo de tiros, acompanhado por Natasha. Bucky podia jurar que havia visto Logan em cima de um dos robôs, enfiando garras nos circuitos dele, mas o soldado foi distraído por uma sequência de raios invocados por Ororo. Infelizmente, ela foi atingida por uma das máquinas e começou a cair. Sua sorte é que Sam Wilson estava com seu equipamento de vôo e a salvou da morte certa.

O pouso feito por Bucky foi improvisado entre tiros, caos e pouquíssimo espaço. Não demorou para que saísse da poltrona do piloto para pegar seu rifle e munições extras, dando instruções à Remy e Anna. Também entregou armas para os dois por precaução.

— Gambit, auxilie Scott e Natasha no ataque. — Ele apontou para o bolso dele, se referindo ao baralho que ele sempre usava com seus poderes. — Mire no centro do corpo deles. Anna... Anna, tente ajudar Jean Grey a evacuar a ilha. Guie as pessoas fora daqui.

— E você?

— Vou ver onde o Steve está. — Abriu a escotilha da aeronave. — Não o enxerguei lá de cima e isso só pode significar que ele está fazendo algo muito estúpido. — Bucky parou antes de sair, virando-se para os dois mutantes, em especial para Anna: — E sobreviva para espalharmos que Remy LeBeau é uma farsa.

Não se deixou abalar pelo xingamento francês que escapou da boca de Gambit. No segundo seguinte, Bucky começou a percorrer um trajeto tortuoso por aquele campo de batalha, poupando tiros desnecessários e disparando somente quando tivesse o tórax ou a cabeça de um dos Sentinelas na mira. Seu objetivo era chegar onde Scott e Natasha estavam para ajudá-los e também para saber o que diabos tinha acontecido naquela ilha. Talvez soubessem onde Steve se enfiou. Se Magneto era o alvo primário, onde ele também estava? Teria Steve arquitetado alguma estratégia? Ele parou de pensar para se focar em coisas mais simples, como seu instinto de autopreservação. Teve que desviar de um disparo de energia vindo de um dos Sentinelas, depois rolou no piso para escapar de um pedaço de concreto que voou em sua direção.

Ajoelhado, com suor na testa e pó cobrindo seu corpo, Bucky começou a recarregar sua arma. Seu braço metálico já estava brilhando devido ao impacto de estilhaços e batidas, mas ele não poderia arriscar ainda um contato direto com um dos robôs. Parou um instante, protegido por uma barricada de destroços de uma das máquinas que Ororo Munroe conseguiu derrubar antes de ser atingida. Com sua visão periférica, viu a cor rosada e neon dos ataques explosivos de Remy LeBeau e esperava que ele fosse tão agressivo com seus oponentes quanto aquele primeiro dia em Bucareste. Olhou para frente. Faltavam poucos metros para chegar até Natasha e à metros atrás dela havia Jean Grey protegendo os jornalistas. Bucky não parou para contar, mas considerou que era uma média de vinte a trinta pessoas. Foi nesse meio tempo que ele viu Sam Wilson pousar perto de Jean com Ororo inconsciente no colo, deitando-a no chão com delicadeza, enquanto Anna Marie se aproximava sorrateira.

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