LXX

520 52 156
                                    

Wanda despejou a mochila em cima do sofá e deu uma olhada no apartamento ao seu redor. Era pequeno, tinha apenas divisória pro quarto e para o banheiro, ao fundo da cozinha havia uma máquina de lavar. Não era ruim apesar das rachaduras, no entanto não era nada que as lições de magia não pudessem resolver. O fato de haver apenas um quarto lhe provocou certo arrepio, mas não queria pensar muito sobre isso e esperava que o rubor em sua face fosse ignorado por Bucky Barnes. Para seu alívio, ele entreteu-se em tentar fechar a porta emperrada, o único acesso ao apartamento por uma escadaria de ferro ao lado do prédio. O último andar.

Depois de xingar a porta uma dúzia de vezes, Bucky afinal deu um empurrão com o ombro e selou-os ali dentro. Soltou um suspiro, jogou a chave na mesa de centro e veio a seu encontro arrumando o próprio cabelo com uma das mãos.

— Porta resolvida, boneca.

Ele lhe ofereceu um sorriso e foi bisbilhotar a cozinha. Era agradável ter Bucky ao seu lado, pois ele tinha uma visão estratégica sobre como se entrosar no ambiente e desaparecer, além de conseguir abrigo rápido. Ter tais habilidades somadas aos poderes escarlates de Wanda resultou numa viagem rápida, tirando o contratempo com Gambit. Na realidade, ela estava acostumada com o ritmo de viagens e esconderijos, mas sentia a diferença com ele ao seu lado.

Wanda espiou a janela da sala, depois sentou-se no sofá. Estava cansada e seus olhos pesavam. Seu corpo, mesmo sentado, afinal sentiu conforto e ela fechou as pálpebras. Entre o sono e a voz de Bucky listando os itens no armário, Wanda divagava.

O que Pietro diria se soubesse que iria dividir o apartamento com... Bem, com Bucky? Por vezes ela achava que tudo era muito devagar entre eles, agora parecia acontecer tudo tão rápido. E, ao mesmo tempo, era tão natural. Franziu a testa. Não deveria se focar nisso, tinha que se concentrar na sua tarefa principal: Encontrar a Loja de Bruxa de Agatha Harkness, desenvolver seus poderes. Assim poderia descobrir mais sobre sua história e salvar Natalya Maximoff.

No entanto, Wanda se perdoava. Era difícil não se apaixonar pelos silêncios e risos de lado de James Barnes. Sorriu, quase dormindo. Seria engraçado saber como Pietro reagiria a ele. Imaginava que seriam amigos. Bom, amigos implicantes um com o outro, mas amigos.

Ele a chamou baixinho, de modo que Wanda mal achou que isso era a realidade. Teve que ser chamada mais de uma vez para perceber que James de fato queria sua atenção, mas ela abriu os olhos apenas um pouco.

Bucky se apoiou de lado com o quadril na pequena mesa entre a cozinha e a sala, os braços cruzados e uma expressão amena. Eles se encararam.

— E agora? — Ela perguntou num bocejo.

— Agora... Nós vamos no supermercado.

— Nós? Mas são... Oito horas já.

— E a gente não comeu. Vamos, vai ser aqui perto. Eu conheço o lugar. — Um segundo a mais de silêncio. Ela fechou os olhos e talvez tenha se passado mais tempo do que imaginava, pois quando ouviu a voz dele de novo, Bucky estava ajoelhado ao lado do sofá e segurava sua mão com zelo.— Tudo bem, eu posso ir sozinho, mas... Mas fique acordada. Pra proteger o apartamento.

— Eu tô acordada.

Ele riu.

— Se mantenha segura, tudo bem?

— Uhum.

O desenlace das mãos dos dois foi vagaroso e ela mal o viu sair do apartamento.

Quando Bucky disse para Wanda proteger o apartamento, era com intuito que ela permanecesse desperta e atenta para qualquer perigo. Aquele era um apartamento vago de Remy LeBeau, afinal de contas, e ele não podia confiar num ladrão - mesmo que o bairro não fosse perigoso. Ao chegar de volta com as sacolas de compras, porém, encontrou uma fina linha de sal a alguns centímetros de distância da porta e um símbolo esquisito desenhado no chão. Não era esse tipo de proteção que se referiu para Wanda. Ele contornou aquilo com cuidado, tentou trancar a porta da forma mais silenciosa possível e guardou os mantimentos nos armários.

VaziosOnde histórias criam vida. Descubra agora