XXXVII

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Deveria sentir que estava em casa, mas não estava.

Sua casa, seu lar, tinha sido destruído e usurpado há cinquenta anos. Ou um pouco mais. Ele mal conseguia por em sua cabeça que estava em pleno 2017. O país, apesar das inovações tecnológicas e museus pela causa que matara milhões de pessoas, parecia igual, pois o mundo não mudara tanto seu fedor hipócrita. A diferença era que seus poderes atingiam mais as fontes eletrônicas e aquilo não poderia ser mais irônico.

Chegar em terra firme foi a parte mais fácil depois de sair da ilha. O difícil foi arrumar o básico para poder se passar como um cidadão comum e despertar pouca atenção sobre si. Haveria momentos melhores para chamar o foco do mundo para sua voz e para sua dor, mas aquele não era o momento. Ele dava pequenos pulsos eletromagnéticos por onde passava, para que as câmeras e quaisquer outros dispositivos não o pegassem. Seu macacão cinzento, meio de paciente, meio de presidiário, não ajudava.
Não demorou para que os outros o encontrassem.

Frost.

Foi ela quem o localizou rapidamente, estabelecendo um contato mental e lhe dando instruções de como agir e o que fazer no mundo moderno até que se encontrassem de fato.

"Está vivo." Disse ela, sua voz aliviada. Ele não gostava de ter alguém na sua cabeça - ainda mais não sendo seu melhor amigo Xavier - mas ela se mostrou útil e leal, além de uma surpresa agradável. O procuravam, então.

"Você também" Respondeu, desconcertado e seco. "E me pergunto como ainda tem a voz jovem. Passou cinquenta anos exilada numa ilha deserta, também em criostase?"

Emma Frost riu em sua cabeça, depois deu uma pausa breve com um suspiro agradecido, vaidoso. Não demorou para que fosse amarga.

"Pior. Passei anos numa escola para jovens mutantes em Massachusetts. Não que o governo saiba disso com detalhes e não que eu deteste, mas... Cinquenta anos te procurando, Magnus. Me conservei em diamante quase esse tempo todo."

Dissera que o encontrara depois de muitas buscas com um tal de Arnim Zola. Maiores explicações ficariam para depois. "Agora, vá até a terceira rua à direita. Vai encontrar Raven lá."

Erik os encontrou em Kochi, Índia, uma cidade sem grandes absurdos onde desembarcou depois de sair da ilha utilizando um pedaço de metal e seus poderes para fazê-lo voar até a costa mais próxima. Lá estava Raven assim como Emma havia dito, logo se transformando em sua forma real e azul para abraçá-lo. Também estavam lá Psylocke, um homem de destaque com a alcunha de Avalanche e mais aliados que ele não conhecia, porém que já sabiam de sua reputação e o seguiriam. Eles se dividiam em grupos menore]s e disfarçados de turistas e, após uma breve apresentação, seguiram para Mumbai e dali para outros países. O objetivo era chegar até Reino Unido, onde Emma estava, fazendo diversas escalas, tanto para reunir informações quanto fugir do policiamento. Mística poderia passar sem problema algum de lugar para outro, porém outros rostos começavam a ser reconhecidos pelos órgãos governamentais e seus respectivos serviços secretos. Havia também a questão do acirramento das políticas imigrações por conta da guerra e, no aeroporto de Mumbai, eles quase tiveram problema.

"Que guerra?" Perguntou no saguão antes de embarcarem, imaginando resquícios daquela que presenciara ainda muito pequeno ou talvez o que queria fazer com as próprias mãos, entre os Homos sapiens e Homos superior.
"Guerra por religião." Mística respondeu. "Por território. Guerra pelos motivos de sempre." Olhando a discussão entre uma família ao final do saguão, gritos e a segurança sendo chamada, a metamorfa se sentiu na necessidade de complementar a informação: "Os governos não estão aceitando mais os refugiados."

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