LXXXIII

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Cada um deles apresentou seus pontos sobre a questão e o balanço resultante era incerto, perigoso. Em resumo, as duas frentes de investigação dos Vingadores Secretos descobriram a mesma coisa: Genosha e todos os mutantes corriam risco. Pedaços de máquinas - talvez Sentinelas - iriam desembarcar no porto, equipados de supressores de poderes mutantes. Pela notável obsessão por Magneto e uso de Inteligência Artificial praticamente indetectável, a conclusão era que Zola estava por trás de tudo aquilo, o que tornava as coisas ainda mais complexas.

Steve se culpava por ter sido incauto ao ignorar Genosha e ir atrás somente de Zola e dos desaparecimentos. Como não notou relação entre uma coisa e outra? Como não pôde ver que a abertura do país seria a oportunidade perfeita para o cientista suíço tentar atacar?

A solução foi absorver tudo o que podia nas informações dadas pelos X-Men. Scott Summers apresentou a geografia básica do local, mostrando os dados mais atualizados que conseguiram, o que batia com o que Yelena Belova mostrara:

— Aqui. — O mapa foi projetado de novo no ambiente, sua topografia nítida e visão também aérea. A espiã continuou: — O único porto que se tem notícia. Antes, a ilha era uma base militar, uma frente de pesquisa. Há indícios que... Que depois dos anos 60, o governo americano investiu em entender melhor o gene X.

— Sabemos como deve ter sido. — Scott completou com raiva, o que fez Belova dar de ombros. Continuou:

— O fato é que foi evacuada e desativada anos depois. Em 99, deixei o corpo de Lensherr lá. Sei que há tecnologia ultrapassada e o porto.

— Ainda deve ser o mesmo lugar. — Remy inclinou-se na cadeira. — Eu levava pessoas até portos em Karachi, Mumbai e Nacala. São rotas mais próximas do porto de Genosha, então.

— A ideia é se infiltrar antes que os navios atraquem e então neutralizar a carga. A prioridade é a segurança dos mutantes na ilha e os jornalistas, mas podemos tentar captar mais dados nos navios sobre Zola e a ameaça Sentinela. — Steve disse com calma, embora a forma de neutralizar o equipamento perigoso de Zola fosse danificando-o, explodindo se necessário. — Não sabemos se as pessoas no transporte sabem do que tudo isso se trata, então usaremos meios não-letais. Também não queremos que pareça um ataque. A mídia fará uma cobertura da recepção de Magneto, então podem aproveitar qualquer deslize nosso para noticiar o quanto Genosha é instável.

E o quanto mutantes são instáveis, era a conclusão implícita que todos entenderam e que todos desejavam evitar. Houve silêncio, depois uma breve tosse. Logan e sua voz grave, um tanto rouca:

— Nós trabalhamos com isso à um tempo, loiro. Sabemos ficar de bico fechado, sem alardear o mundo inteiro que estamos chutando a bunda de alguns vilões.

— Na verdade, — Scott intercedeu. — O que Logan quer dizer é que não há necessidade de tanta instrução, Rogers. Sabemos o que isso pode representar para todos e tomaremos cuidado.

Steve fez força para não erguer a sobrancelha e torcer o rosto em descrença. Conhecia, ou ao menos achava que conhecia Logan o suficiente para saber que ele não era exatamente discreto. Os poderes de lançar rajadas laser pelos olhos de Summer também não contribuíam para a questão. Ele então encarou Jean Grey, que captou seus pensamentos sem se sentir ofendida.

— Em missões maiores assim, Professor Xavier me ajuda a retirar lembranças do público sobre o ocorrido. — Relatou, se referindo à telepatia. — Funciona, mas... Não dá para apagar vídeos ou fazer uma pessoa desver alguma transmissão do outro lado do mundo.

— Entendo.

Tentou imaginar outra estratégia. Telepatia seria bem-vinda para convencer Magneto de que suas intenções eram verdadeiras, assim como facilitaria a lidar com os jornalistas que estivessem no local.

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