XLVII

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A boca de Bucky estava levemente aberta, seus olhos arregalados. Foi lançado para trás devido ao impacto das explosões, todas ativadas ao mesmo tempo. Ele e Sam tinham jogado as bombas em direção ao campo de batalha, aos pés dos Sentinelas, e isso agora parecia uma ideia estúpida porque nada sobreviveria ali. Wanda...

Ele engoliu em seco, levantou-se na neve. Mal sentia os cortes por conta dos estilhaços. Não sentia nada, apenas assistia a poeira baixar.

Desviou seus olhos para Steve, que também observava os destroços do campo de batalha. Esperavam algum som. Alguma coisa. Algo que dissesse que Wanda Maximoff ainda estava viva. Veio apenas o barulho longínquo de helicópteros inimigos.

As pernas dele vacilaram, seus olhos piscaram mais rápido, talvez só por conta do vento, neve e fuligem, talvez por lágrimas contidas. Sua mão estava pesada ao lado só corpo, lembrando-se do toque gentil das mãos magras de Wanda. O riso dela gentil e melancólico. Uma mulher bondosa e triste e, ao mesmo tempo tão mais do que isso. Deveria ter feito algo. Deveria ter treinado mais o pulso de energia no braço metálico para protegê-la, mas tivera medo de ferir quem estava em volta. Tivera medo de machucá-la e agora...

Não lhe vieram palavras, apenas o nome dela. A reação de seus amigos era igual.

Magneto também encarava o nada.

— Vão morrer se continuarem aqui. — Alguém disse e quase todos se viraram. Magnus permaneceu na mesma posição, quanto Frost desfazia sua forma de diamante e Psylocke aproximava-se. Era uma mulher e suas pegadas na neve sugeriram que ela saira do hangar pela abertura feita pelos Sentinelas. — Posso levá-los para um lugar seguro.

Além de luto, violência e medo, dúvidas pairaram no ar. Quem era ela é por quê somente se revelara agora? Antes que as perguntas tornassem-se sólidas, Magneto adiantou-se com algo que parecia mais pertinente:

Seguro? Não existe lugar seguro para nós. Nunca houve. E agora... — Raven o chamou, tentando evitar que sua ira transbordasse o corpo. Ele não lhe deu atenção. — E agora mataram aquela menina, uma de nós. Vocês viram os Sentinelas. Eles focaram apenas nela, nível Ômega. Eles tem que pagar e eu irei destruir cada um desses helicópteros que vem em nossa direção até que não exista mais nada.

— Qual é o seu nome?— Steve Rogers perguntou. Estavam reunidos perto dela naquele instante, ainda chocados com a possibilidade real de ter perdido Wanda Maximoff para sempre. Ele não perguntaria uma segunda vez. Deixaria que os inimigos viessem, mas não deixaria o corpo da jovem lá, na neve. James estava de acordo.

— É só um nome inútil agora. — Ela disse, afinal. — Vim com o Hind-D. Depois conto o porquê. Sairemos nele antes dos Mata-Capas chegarem.

Bucky sabia quem era ela e ela sabia quem era ele. Não imaginavam que se encontrariam de novo, não nessa vida. Talvez no inferno. A garota do lago congelado...

Ele voltou sua atenção para o termo que ela usara. Mata-Capas. O time de aprimorados que os governos queriam usar contra aqueles que não estava dentro da Lei do Registro, dentro do Acordo de Sokovia. Lidar com robôs e artilharia pesada já tinha esgotado-os por completo, combater pessoas com poderes sobre-humanos era impossível naquele estado.

Magneto se pronunciou, respondendo pela sua equipe de mutantes:

— Vão. Tenho coisas para terminar aqui. Helicópteros e balas não vão me parar. Eles vão pagar pelo o que houve.

A mulher quis argumentar com o Mestre do Magnetismo, desejando que ele a acompanhasse. A insistência era visível em seus olhos claros. Fosse lá o que iria dizer, as palavras morreram em sua boca quando ouviu-se o som de reforço inimigo chegando. O vento uivava frio, trazendo o barulho predatório da equipe aérea. Foi nesse instante entre o vento que Bucky viu uma figura se levantar no meio das partes desmembradas dos Sentinelas, uma figura que falhou miseravelmente em se manter de pé.

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