LXXXI

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Natasha olhou para o mundo ao seu redor e depois relógio em seu pulso: Barnes estava três minutos atrasado. Poderia até soar algo casual demais, quem sabe até superficial, mas ele não se atrasava. Nunca. Foi treinado para ser pontual, preciso, efetivo - assim como ela. Então, três minutos de atraso obrigavam a espiã russa a imaginar infinitas possibilidades, cada uma mais catastrófica que a outra. Bucky tinha sido preso. Bucky encontrou aqueles estranhos Sentinelas, mesmo que não fosse mutante. Bucky estava caído no chão, uma bala em seu peito e Yelena com uma arma na mão. Por que ele não tinha usado o comunicador? Havia sido um combate tão grave assim? Se sim, isso lhe dava calafrios, pois ele era um excelente soldado, praticamente implacável. Natasha estava prestes a procurá-lo quando uma figura se aproximou, cumprimentando-a de forma breve. Era ele. E nenhum dos cenários que imaginou havia preparado-a para aquilo que enxergava a sua frente:

Bucky Barnes estava com os cabelos cortados até o queixo, um boné com uma frase boba na cabeça. O pior era sua expressão um tanto reticente, um tanto... Divertida. Bem, de fato o rosto confuso de Natasha deveria ser engraçado aos olhos dele. O que diabos ele tinha aprontado? A espiã não teve paciência de usar táticas de interrogação em seu parceiro.

— Onde estava? Você foi num barbeiro durante uma missão?

— Não, eu...

Ela deu um passo em sua direção, aspirando o ar. O cheiro doce lhe disse tudo.

— Você esteve com uma mulher?

— Não! Eu não estive com uma mulher. — Bucky franziu o nariz, desprezando a ideia de estar com uma desconhecida. — Era Wanda.

Natasha parou. Bucky parou. Ele tentou consertar o que disse sem sucesso, enquanto a russa juntava as peças.

— Céus, esse é o perfume do creme de cabelo dela! Ela está aqui? Como a encontrou? Vocês dois... Urgh. Vocês dois, hm, fondue?

— O que inferno é esse fondue?

— Ora essa, Barnes! Você já é grandinho pra ser o que é fondue.

— Oh. — Ele engoliu seco. — Oh.

Ela poderia rir se sua cabeça não estivesse em um turbilhão de imagens que ela preferia não imaginar.

— Mas eu e ela não... Não aconteceu nada, ok? Eu a encontrei, ela me ajudou com algumas informações sobre a seringa e cortou meu cabelo. Só.

Natasha o encarou.

— Vou acreditar nisso só porque é mais conveniente, pois sei também que você mente tão bem quanto eu. Mas me conte, como que topou com ela?

Ele desviou o olhar, ajeitou a própria postura. Os dois estavam no mesmo ponto que antes, o pôr do sol já esgotando-se.

— Quis pegar o metrô até a estação em que enfrentamos o Sentinela, mas o ponto ainda está interditado. Daí, como eu também não descobri nada sobre Yelena, tomei o desvio para o apartamento que morei aqui. Eu só queria pegar o meu boné de volta.

White Wolf. Eram os dizeres tolos da peça. Às vezes ela mal acreditava nessa obsessão de seus colegas por bonés. Sam usava, Clint também, Wanda, Bucky e até mesmo Steve. Se bem que ele tinha ficado uma graça de óculos e boné, naquela ocasião que fugiam da SHIELD, com o próprio Soldado Invernal em seu encalço.

— Isso é tão idiota que parece verdade. — Ela suspirou. — E Wanda magicamente estava lá?

— Bem, ela... Ela soube pelo nosso pequeno informante que nós estaríamos aqui. E ela quis ajudar.

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