Vozvrashcheniye na rodinu

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"Regresso"

— Eu não pretendia voltar aqui tão cedo. Você se incomoda?

Silêncio.

Ela ainda estava aprendendo como conseguia entrar nas memórias dele, embora toda vez fosse sem querer. Depois de o dia anterior ter sido tão movimentado na Sala de Inteligência, não houve tempo para que voltasse a falar com Bucky, mas sabia que voltaria logo; Parte de si, porque gostava de desabafar, e a outra parte porque talvez ele soubesse quem estava por detrás de todo aquele esquema, de forma que Wanda poderia enxergar também.

Embora fosse complicado explicar para Steve como ela tinha conseguido tal informação.

— Agradeço que não se incomode. – Wanda estalou a língua, sem pensar que estava conversando com alguém que não responderia com palavras. Por onde começaria? – Shuri hoje quis falar comigo. Disse para nos encontrarmos, mas depois mandou me avisar que não poderia. Ela é complicada. Acho que vamos nos falar amanhã... O que vai ser daqui a algumas horas.

Nas vezes anteriores, estava imersa em divagação abissal quando as memórias de James se conectaram às delas, fisgando-a para outro oceano ainda mais escuro. Não havia algo muito preciso. Ela suspirou, feliz que já era tarde da noite e ninguém a incomodaria em suas novas tentativas. Wanda se considerou com sorte, pois o rei de Wakanda era deveras leniente com seu comportamento estranho e suas invasões noturnas. Uma hora agradeceria a T'Challa.

Sentou-se ao chão, com as pernas cruzadas. Nesta madrugada, somente as luzes dos equipamentos e da câmara criogênica estavam acesas, como uma cena de filme de ficção científica. Wanda inclinou a cabeça, encarando o rosto de James. Talvez ficção científica e drama, pensou com um riso contido e depois com certa tristeza. Inspirou e expirou, pronta para mergulhar de cabeça nas memórias. No entanto, o que era pra ser um mergulho começou com uma leve onda nos pés.

Wanda se lembrava do dia anterior.

Por mais que seu corpo estivesse eletrizado devido a todos os pensamentos, mal percebeu quando caiu no sono na mesa da Sala de Inteligência. Sabia sim, que aos poucos sua postura amolecia e que de maneira inconsciente buscava posições mais folgadas e mais confortáveis, mas não tinha noção de que seria capaz de dormir tão bem sentada e com uma tela brilhante à sua frente, por mais que já tivesse dormido em lugares piores.

Steve a acordara gentilmente, apertando de leve seus ombros. Lhe avisou que logo viria o pôr-do-sol e que seria melhor despertar para que se preparasse para o Hanukka, fato que ela não deixou de agradecer. Sentiria-se muito mal por perder uma noite da celebração. Mais uma vez acendeu as velas, deixou seu espírito aproveitar a luz das chamas e deixou-se levar por mais um fortuito momento de tranquilidade.

Desejou ter apagado seu medo e sua ansiedade assim como apagara as velas depois, contudo, o breu retornou não somente para o cômodo, mas também para seu coração e para sua mente.

No escuro de seu quarto, seus olhos estavam bem abertos.

Pensava em Natasha. Em Clint, Steve, Sam. Pietro. Tentou não pensar no Visão. Céus, pensou até mesmo em Scott Lang! Era muito que se refletir, tanto que nada repousava em sua cabeça por mais do que dez minutos, embora tudo lhe perturbasse de certa forma.

No entanto, havia certas palavras que sussurravam mais altas, coisas desconexas que ainda se chocavam dentro de si.

A canção.

Do que conseguira captar fragmentado da memória, sabia que definitivamente não era sokoviano e naquela tarde tivera a chance de pesquisar mais sobre isso. Jogou na internet as palavras que pudera identificar e que eram mais parecidas com sua língua mãe, descobriu então que era algo tradicional polonês. Mas, desde quando falava polonês?

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