LXXXIX

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A Feiticeira Escarlate não podia exatamente dizer que não estava acostumada com aquele período estranho que se seguia depois de uma missão e depois de uma batalha, mas algo parecia um tanto fora do lugar. Nos episódios anteriores, ou ela tinha desmaiado por exaustão ou golpe; ou então tudo se desenrolava em um destino trágico, como a morte de seu irmão e aquela terrível ocasião que foi enganada por Mística. Naquele instante, porém, ela estava bem desperta e ciente de que a única baixa em Genosha foi Zola.

Oh, e Paladino também. Natasha narrou o que acontecera morro acima, enquanto o resto dos Vingadores enfrentava os Sentinelas. A equipe de Wakanda foi discreta em retirar o corpo de lá, enquanto outros funcionários armaram postos de atendimento médico para os jornalistas e mutantes na ilha. Em boatos anteriores,

Agora, ela estava sentada ao lado da maca onde seu pai repousava, numa barraca grande. Ainda havia um enfermeiro lá, ajeitando o soro que já entrava nas veias do mutante. Ele havia relutado em receber ajuda, principalmente em alguém administrar agulhas e substâncias em seu corpo, e Wanda não poderia culpá-lo. Também já sofrera demais em laboratórios para gostar de todo aquele ambiente esterilizado, mas conseguiu convencê-lo. Tinha que admitir que foi mais fácil do que pensava e nem precisou usar seus poderes escarlates: Bastou erguer as duas sobrancelhas naquela sua expressão doce e preocupada que Erik logo cedeu.

Pietro também não resistia ao apelo de sua cara pidonha e a situação a fez pensar o quanto os dois, pai e filho, eram parecidos.

O enfermeiro injetou um líquido arroxeado na bolsa do soro, uma última instrução dada pela médica principal da equipe. Era uma versão diluída e modificada da erva-coração, que já nem existia mais, mas que era o suficiente para recuperar as funções vitais de um corpo envenenado ou algo semelhante. Poderia, portanto, restaurar mais rapidamente os poderes e a saúde dos mutantes atingidos na ilha. Depois de finalizar os processos e checar tudo, o enfermeiro lhes deu um aceno e saiu da barraca de atendimento para prosseguir com os próximos pacientes.

Houve um instante de silêncio e Wanda não soube como quebrá-lo. Ou se até mesmo deveria dizer alguma coisa. Existia tanto a se conversar e a se escutar. Antes que pudesse falar algo, Erik Lensherr perguntou, com sua voz rouca e dolorida:

— Você não deveria estar entre seus amigos?

— Oh. Não. — Pensou um pouco e o encarou. — Eles são bem melhores do que eu nessa parte diplomática, acho. Steve, Natasha e os X-Men estão auxiliando os jornalistas e concedendo algumas declarações para aqueles que ainda estão com condições de pegar qualquer coisa pra uma matéria. Silver chegou a dizer que Genosha não vai ser responsabilizada por nada disso, o que já é bom. De qualquer forma, estão esclarecendo o que houve hoje.

— Os "X-Men"... — Ele repetiu com um tanto de dissabor nos lábios. — Alunos de Charles, certo?

Wanda assentiu e continuou a falar. Talvez não devesse ir a fundo nos sentimentos conflitantes que Erik guardava sobre Charles e sua filosofia. Sobre sua amizade, sobre seu ressentimento pela atitude um tanto passiva do professor Xavier. Por muitos anos, segundo os próprios X-Men, eles seguiram com ações furtivas, secretas, na causa mutante. Isso já não fazia mais sentido no mundo de paranóia e ódio ao gene X. Por conta dessa razão decidiram se expor abertamente à imprensa. Para mostrar que existiam e que lutavam. E para mostrar que nenhum mutante estava só.

— Sam e James estão ajudando os feridos agora, junto com a equipe de Shuri. Uma conhecida levou um tiro. — Não sabia se ele tinha consciência de quem Yelena Belova era ou de seu papel em levar na câmara criogênica de Magneto até Genosha anos atrás, então preferiu também não mencionar detalhes. — Emma, Psylocke e Raven estão aqui perto com os enfermeiros wakandanos. Recebem tratamento igual a você. — Deu de ombros. — Então acho que estou onde eu deveria estar.

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