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Narrado por Dulce

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Narrado por Dulce

Quando voltei ao meu apartamento, fui diretamente para o meu quarto, fechei todas as cortinas, tirei minha roupa e me joguei na cama. Minha cabeça estava explodindo e estava extremamente enjoada, como se tudo o que tinha comido quisesse sair. Tentava dormir para esquecer aquele mal-estar, mas a dor na cabeça era tanta que eu não conseguia pregar os olhos.

Fiquei deitada ali quietinha, olhando para o teto e me perguntando se não deveria ter dito ao Christopher que não estava me sentindo bem. Talvez eu devesse ter ido com ele, assim não ficaria sozinha. Será que deveria ligar agora? Já tinha mais de uma hora que ele havia partido e só me sentia pior... Não, não. Ele tinha que ficar com os pais, eu só ligaria em último caso, não podia ser egoísta a esse ponto.

Me encolhi ainda mais na cama e fechei os olhos, esperando o cansaço físico vencer e me fazer dormir.

Pulei da cama ao sentir um embrulho forte em meu estomago e corri para o banheiro. Só deu tempo de me ajoelhar em frente ao vaso e comecei a vomitar tudo o que tinha comido naquele dia, o que era bem pouco. Passei alguns minutos assim, depois me levantei e lavei o rosto. Queria voltar para cama, mas à medida que fui andando, senti tudo rodar. Pensei que desmaiaria no chão, então em um impulso descoordenado, consegui me jogar em cima da cama.

Já estava preocupada comigo mesma, nunca tinha sentindo aquilo antes e eu estava sozinha em casa. Não queria ligar para Christopher, apesar da minha promessa, queria que ele ficasse com sua família. Já tínhamos passado um mês longe de casa e nem sabíamos quanto tempo ficaríamos na cidade, ele deveria aproveitar seus pais, mas eu não tinha mais para quem ligar. Então cedi ao meu egoísmo e disquei seu número.

— Oi, pequena! — ouvir sua voz serena me deu um enorme alívio — Está com saudades? — brincou rindo e engoli em seco. Senti um aperto no peito, porque realmente não queria precisar fazer isso, pensei em mentir, dizer que sim e desligar, mas estava com medo de ficar sozinha naquele estado.

— Chris, você pode vir até aqui? — não quis dizer nada de imediato para que ele não viesse correndo no trânsito.

— O que está acontecendo contigo, Dulce? — perguntou preocupado. Droga, não consegui disfarçar a voz tremula.

— Não estou me sentindo bem. Minha cabeça está doendo muito, vomitei todo o almoço agora a pouco, estou tonta e com medo porque estou sozinha — tentei controlar a minha vontade de chorar, mas não conseguia, comecei a sentir as lágrimas escorrerem pelo meu rosto.

— Calma, meu amo! Eu estou indo aí agora mesmo — o ouvi falar algo com a mãe e logo depois uma porta bater — Quero que destranque a porta e volte a se deitar, tudo bem?

— Vou fazer isso agora mesmo — me levantei devagar com medo de desmaiar e comecei a descer as escadas lentamente.

— Estou entrando no carro, deixarei o celular no viva voz e quero que converse comigo, se sentir algo me diga, por favor

— Tudo bem. Estou destrancando a porto agora — Respirei fundo e fui até a cozinha para chegar ao interfone, liguei para a portaria e liberei sua entrada, pedindo para deixá-lo entrar com o carro na garagem — Pronto, vou voltar para o quarto agora

— Certo, estou saindo da garagem agora — Subi as escadas com calma, me segurando nas paredes e quando entrei no quarto me deitei na cama esperando por ele.

— Já estou deitada, é melhor desligar o celular para que dirija melhor

— Tudo bem, me ligue se sentir mais alguma coisa. Em vinte minutos estou aí

— Não corra, amor — pedi e desligamos.

Não queria tê-lo tirado dá família hoje, mas não tinha outra opção. Minha família estava viajando e não sabia da maioria dos meus amigos. Droga! Droga! Droga! Estraguei o dia dele. Já era, já tinha ligado e não tinha como voltar atrás.

Ouvi um barulho na porta e em poucos segundos ele já entrava em meu quarto com um semblante preocupado. Fiz beicinho e estendi meus braços abertos em sua direção, chamando-o para um abraço, como se eu fosse uma criança, mas ele não questionou e quase correu até mim, me abraçando forte.

— O que você tem, minha vida?

— Não sei, bebê. Minha cabeça está doendo, vomitei e ainda estou um pouco enjoada, quando estava voltando para a cama, pensei que fosse desmaiar — Christopher me olhava atentamente e acariciava meu rosto.

— Deve ter sido algo que comeu ou alguma virose. É melhor eu te levar a um médico — Ele tentou se levantar, mas eu o puxei novamente. Eu odiava hospitais e não pretendia ir a um.

— Não, amor, por favor! Não quero ir ao médico — supliquei, fazendo-o me olhar sério.

— Não é questão de querer, Dulce.

— Eu juro que se eu não melhorar até amanhã eu vou. Prometo, prometo! Mas não me leva hoje, por favor — insisti tanto que ele acabou cedendo no final.

— Tudo bem, mas se amanhã você não estiver melhor, vamos ao médico sem reclamações. Tudo bem?

— Tudo bem!

Christopher foi até a cozinha dizendo que iria preparar alguma coisa para eu comer e acabar com esses enjoos enquanto continuei deitada, me sentindo um pouco mais tranquila de saber que não estava sozinha. Era tão bom tê-lo perto de mim, me sentia segura ao seu lado, sabia que nada de ruim podia me acontecer porque ele estava ali para me cuidar e proteger.

Puxei o enorme cobertor por cima de mim, ao sentir um calafrio em meu corpo. Era uma sensação diferente do mal-estar, parecia um pressentimento ruim... Devia ser coisa de minha cabeça. Nada de ruim me aconteceria enquanto Christopher estivesse ao meu lado.

Logo ele voltou da cozinha com uma bandeja em mãos. Sentou-se ao meu lado, colocando-a em meu colo e fiz careta assim que vi o que tinha ali. Chá. Eu simplesmente odiava chá, mas ele amava e esse era o único motivo que me fazia compra vários quando ia ao mercado. Já estava acostumada ao vê-lo tomando, até preparava para ele, mas não eu. Eu não iria tomar aquilo.

O valor de uma vidaOnde histórias criam vida. Descubra agora