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 Narrado por Dulce

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Narrado por Dulce

A enfermeira se aproximou de mim com Thiago embrulhado em um coberto. Senti as lágrimas escorrerem ao ver seu rostinho tão perfeito e busquei Matheus com os olhos, mas encontrei Christopher ao meu lado. Seu olhar de reprovação e desprezo pairavam sobre mim enquanto balançava a cabeça negativamente.

— Pode levá-lo — disse friamente a enfermeira se afastou com Thiago.

— Para onde estão levando o meu filho? — perguntei aflita e olhei desesperada para Christopher, que sorria largamente. Por que ele estava sorrindo?

— Você não queria ter o bebê, Dulce? — concordei sem hesitar. Quem tinha contado a ele? — Você já o teve, agora vão dar o fim nele... Um fim que você deveria ter dado desde o começo

— Não, Christopher! Me deixa em paz, vá embora daqui e me devolva o meu filho agora — gritei desesperada. Tentei me levantar da cama e percebi agora que meus pulsos estavam amarrados. Onde estava Matheus? Cadê a minha família para impedir que fizessem mal a Thiago?

— Calma, querida! Assim vai arrebentar seus pontos — murmurou docilmente, passando a mão em minha testa antes de se inclinar em minha direção e tomar minha boca com a sua. Quis afastá-lo, angustiada por saber que ele iria fazer mal a Thiago, mas quando senti sua língua me invadir, cedi. Eu sentia falta dele e de seu toque. Fraquejei e retribuí ao beijo da forma que eu podia — Eu te amo tanto, Dulce!

— Eu também te amo — sussurrei contra seus lábios.

— É por me amar que vai deixar essa criança ir embora. Ele merece a morte por ter nos separado dessa forma — disse duramente.

— Não! Thiago... Thiago... — gritei com todas as minhas forças — Eu quero meu filho, Christopher! Me devolve meu filho!

— Dulce... Dulce... Calma, Dul... — senti alguém me balançando — Dulce, abre os olhos...

Tentei me levantar assustada, mas duas mãos me seguraram pelos ombros. Olhei ao meu redor em busca de Christopher, mas encontrei Matheus ao meu lado, me olhando com um semblante preocupado.

— O Thiago... Cadê o meu filho?

— Ele está bem ali — apontou para o pequeno berço próximo à cama e suspirei aliviada — Precisa se acalmar um pouco, foi só um pesadelo! Eu cuidei dele enquanto você dormia. Lucia disse que era comum que você apagasse por algumas horas e que seus pais só poderiam entrar quando acordasse.

— Eu preciso vê-lo, Matheus! — pedi desesperada — Preciso segurar meu filho e ter a certeza de que ele está aqui comigo.

— Primeiro você precisa se acalmar um pouco, segurá-lo nesse estado só vai assustá-lo — passei a mão no rosto, ciente de que ele estava certo e respirei fundo, querendo me acalmar mais — Com o que você estava sonhando? Levei alguns minutos para conseguir te acordar — sentou-se na beirada da cama e me encarou.

— Que o tiravam de mim. Já tentaram fazer isso antes e... A pessoa tentava outra vez — traguei a saliva ao me lembrar do que Christopher fazia em meu pesadelo. Ele nunca seria capaz de algo assim, certo? Foi só um sonho ruim.

— Ninguém vai tirá-lo de você, Dul... Prometo que não vou deixar e enquanto eu estiver por perto, vou cuidar de vocês dois.

Sorri timidamente para o homem que conhecia apenas há algumas horas e já tinha feito mais por mim do que seria capaz de retribuir. Busquei sua mão com a minha e a apertei de leve.

— Não sei como te agradecer por isso... Simplesmente não tenho palavras, Matheus.

— Não precisa me agradecer por nada, Dul. Eu quem preciso te agradecer por ter me deixado participar de algo tão bonito — sorriu amplamente — Foi incrível fazer parte disso.

Eu só queria que Christopher pensasse da mesma forma e estivesse ali no lugar dele. Que fosse ele quem tivesse me levado ao hospital, segurado minha mão durante o parto e fosse o primeiro a segurar nosso filho, mas ele preferiu a carreira dele a nossa família.

— Agora que está mais calma, vou pegá-lo para você! — antes de se levantar, ele apertou um botão ao lado da cama que ergueu sua parte superior, me deixando quase sentada e ajeitou os travesseiros em minhas costas.

Com um cuidado que não sei explicar, Matheus retirou Thiago do berço e o aninhou em seus braços. Meu filho resmungou um pouco, mas logo parou, parecendo reconhecer que estava em um lugar seguro e isso apertou meu peito. Era para ser Christopher ali.

Matheus me entregou o bebê embrulhado em um cobertor azul e senti as lágrimas de felicidade rolarem por meu rosto ao aninhar meu filho em meus braços depois de tudo o que passei para tê-lo ali. Tudo tinha dado certo no final. Foi apenas um sonho ruim... Thiago estava ali. Matheus estava ali e ele tinha prometido que nada de ruim aconteceria conosco.

— Eu disse que ele estava bem... — disse, enxugando minhas lágrimas com seus polegares — Por que Thiago?

O olhei atentamente e mordi o lábio inferior. Ao ver o rosto do meu filho, foi o único nome que me veio à mente. Sei que era o seu segundo nome, porque ele havia dito na praia e foi a forma que encontrei de demonstrar minha gratidão.

— Matheus Thiago — respondi olhando em seus olhos azuis perfeitos e o vi sorrir.

— Você não precisa fazer isso...

— Já fiz! Ele tem cara de Thiago — desviei os olhos para meu filho e sorri — Não é, meu amorzinho? Thiago combina comigo, mamãe — disse, fazendo aquela voz vergonhosa de bebê que eu sempre fazia quando falava com crianças.

— Obrigado! Está significando muito para mim — o olhei outra vez. Será que tinha noção do quanto tinha acabado de fazer por mim para ficar feliz por um mero nome?

— Matheus, você é o meu anjo da guarda! Serei eternamente grata por isso.

Ele sorriu largamente para mim e nos olhamos fixamente como fizemos na praia, mas um resmungo do Thiago desviou nossas atenções. Matheus levantou-se dizendo que chamaria meus pais e concordei rapidamente.

Sem se importarem com a regra do hospital de apenas dois acompanhantes por vez, meus pais, os pais de Matheus e Helena invadiram meu quarto. Todos sorrindo, babando por Thiago e perguntando tudo o que havia acontecido. Minha mãe agradeceu um milhão de vezes a Matheus, que ficou completamente sem graça, mas ela estava certa. O que ele fez por mim, jamais poderia ser retribuído.

Uma sessão fotográfica aconteceu naquele quarto. Minha mãe fez questão de tirar fotos minhas com Thiago e com todos os presentes ali. Inclusive com Matheus, que se aproximou completamente sem graça quando ela pediu que ele me abraçasse pelo ombro. Sorri envergonhada para câmera, fazendo uma nota mental de reclamar com minha mãe depois.

O valor de uma vidaOnde histórias criam vida. Descubra agora