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Narrado por Christopher

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Narrado por Christopher

Isso não podia estar acontecendo, não podia! O que eu pedia a Dulce foi horrível e não sabia se depois que tudo isso passasse, teríamos o mesmo relacionamento de antes. Essa sensação me deixava com um gosto amargo na boca que não passava por nada.

Eu estava arrasado. Dulce estava grávida e eu não sabia qual decisão ela tomaria, não podia ter certeza do que ela faria, a única coisa que sabia é que não queria que ela tivesse esse filho. Eu só tenho dezenove anos, sou novo e ela também. Minha carreira está decolando agora, eu podia perder muitas oportunidades e não queria que isso acontecesse. Se eu estava sendo egoísta? Talvez estivesse, mas não me importava com nada.

O pior de tudo foi vê-la me rejeitando daquele jeito. Não quis minha companhia, me mandou ir embora, não me deixou beijá-la. Tudo isso parecia estar comprimindo meu peito, me deixava zonzo e com vontade de gritar o mais alto que eu pudesse, mas em vez disso, parei no bar que costumava frequentar antes de estar com Dulce, me aproximei do balcão e pedi uma dose de vodca.

Já havia bebido algumas doses, mas as coisas ainda não tinham passado para mim. Ela não podia ter esse bebê. Segui para o banheiro masculino, querendo me afastar do barulho e verifiquei se estava sozinho ali, antes de discar o número dela em meu celular

— Chris? Aconteceu alguma coisa? — Dulce atendeu depois do segundo toque

— Dulce, você precisa tirar esse filho — falei arrastado por causa da bebida.

— Chris, onde você está?

— O que isso importa? Você vai tirar não vai?

— Me responde. Onde você está? — ela estava desviando da minha pergunta e isso só me deixou ainda mais nervoso e irritado.

— Não importa — gritei — Que droga, Dulce! Está tudo ótimo entre a gente, esse bebê só vai estragar tudo — a ouvi fungar, mas não me importei com seu choro — Você precisa tirar isso — falei secamente.

— Tudo bem, Christopher. Agora me diz, onde você está? — suspirei aliviado. Ela o tiraria, tudo voltaria ao normal.

— Em um bar. Aquele que eu sempre vinha

— Tudo bem, vou desligar. Se cuida.

Como assim, tudo bem? Cadê os sermões? As brigas? E ela me chamou de Christopher, Dulce nunca me chamava daquele jeito. Aquilo estava estranho, mas não ia contestar. Guardei o telefone e voltei a onde eu estava continuando a beber.

***

Minha cabeça doía e mesmo deitado, estava vendo tudo rodar. A claridade me incomodava e precisei esperar que minha vista se acostumasse para observar o ambiente a minha vida. Me levantei ainda com tudo rodando quando percebi que estava em meu quarto, com a mesma roupa de ontem e não fazia ideia de como voltei para casa.

Minha mãe entrou no quarto com um copo de água e um remédio em mãos. Sua expressão era um misto de irritação, vergonha e decepção, desviei os olhos sabendo que ouviria muito agora.

— Bom dia, querido — disse, ironicamente.

— Bom dia, mãe — respondi com voz mansa e cabeça baixa. Eu estava errado e não podia argumentar contra nada.

— Tome essa aspirina que vai te fazer melhor — peguei o copo e o remédio, e o tomei.

— Como eu voltei para casa?

— Dulce nos ligou — a olhei surpreso

— Como ela sabia onde eu estava?

— Não se lembra de nada, não é? — balancei a cabeça negando, mas logo me arrependi ao senti-la latejar. Minha mãe suspirou pesadamente e sentou-se na beirada da cama — Você ligou para ela quando estava no bar. Ligou bêbado e pela voz dela ao nos ligar, deve ter dito coisas horríveis, pois ela estava chorando — arregalei meus olhos. Eu não me lembrava de ter falado com ela depois de ter saído de sua casa — Ela me disse que vocês tinham brigado na casa dela, que pediu que você fosse embora, depois onde você estava e que fossemos te buscar, porque ela não tinha condições.

— Droga, droga, droga! — pulei para fora da cama — Preciso ir até à casa dela.

— Calma, querido! Você vai se arrumar, porque você tem que estar no aeroporto em uma hora. Se arrume que te levarei lá, aí você conversa e se desculpa com a Dul.

Quando minha mãe saiu do quarto, me joguei na cama outra vez, com o rosto enterrado entre as mãos. Droga! Nada do que aconteceu tinha sido um pesadelo, não é? Eu não me lembrava de ter falado com ela no bar, mas me lembrava perfeitamente do que aconteceu em sua casa. Tomara que eu não tenha dito muita besteira para ela.

Ainda não podia acreditar que ela estava mesmo grávida. Não acreditava que ela havia deixado isso acontecer. Podia ser errado de minha parte, mas esperava sinceramente que ela decidisse fazer esse aborto. Que Deus nos perdoasse, mas eu não estava pronto para ser pai e muito menos ver minha carreira ir por água abaixo.

O valor de uma vidaOnde histórias criam vida. Descubra agora