060

1.5K 98 21
                                    

Narrado por Christopher

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

Narrado por Christopher

A minha brilhante ideia de esmurrar a parede, me rendeu um dedo quebrado e precisei ficar algumas horas aguardando para fazer um Raio-X e enfaixar a mão. Estava cansando e morto de fome, então voltei para o hotel, decidido a voltar mais tarde para ver Thiago e saber o resultado dos exames.

Já era noite quando retornei ao hospital, segui direto para o quarto do meu filho e quando fui entrar, Dulce me impediu.

— Preciso que espere um pouco aqui fora. Te chamo daqui a pouco.

— Por quê? — perguntei preocupado pensando que tinha acontecido algo enquanto estive fora.

— Matheus e eu estávamos conversando algo com Thi. Algo importante — rolei os olhos já começando a me irritar. Por que ele sempre tinha que estar metido na história?

— Sou o pai dele, não posso participar da conversa?

— Quer mesmo que eu responda isso? — perguntou duramente e suspirei — Venho te chamar daqui a pouco.

Dulce fechou a porta em minha cara e fiquei estático ali. Estavam conversando algo com meu filho que eu não poderia saber, uma maldita conversa em família que eu não estava participando.

Fiquei andando de um lado para o outro no corredor por quase meia hora antes que Dulce abrisse a porta e me chamasse. Quando entrei, Matheus estava ao lado da cama com um olhar apreensivo e Dulce me olhava preocupada, rapidamente voltei meu olhar para Thiago, com medo que tivesse acontecido algo com ele, mas parecia normal, apenas tinha um olhar curioso. Parecia me analisar por inteiro.

— Você é o meu pai?

Minha boca secou. Arregalei os olhos e busquei o olhar de Dulce, que apenas assentiu.

— Sou — respondi nervoso.

— Mamãe e papai me falaram que você estava com vergonha de me contar.

Thiago era apenas uma criança de quatro anos, mas nesse momento, parecia muito mais velho.

— Estava sim. Você pode me desculpar?

Um enorme sorriso surgiu em seus lábios e meu coração pulou dentro do meu peito. Só Dulce tinha causado um efeito assim em mim, pelo visto, ele tinha puxado isso da mãe.

— Sim. Eu queria muito te conhecer... Agora eu tenho dois papais comigo — tirando essa doença horrível, tudo para ele era fácil e descomplicado. Eu tenho sorte dele ainda ser pequeno e eu poder recuperar o tempo perdido.

Me aproximei da cama e sentei na beirada. Thiago estava sentando encostado em um travesseiro e tinha alguns brinquedos espalhados ao seu redor.

— O que aconteceu com o seu braço e com o seu rosto? — perguntou curioso.

Belo exemplo de pai que eu sou. Estou sendo apresentado ao meu filho com meu rosto destruído após uma briga e um mão enfaixada porque não consegui controlar minha raiva e descontei na parede.

— Ele sofreu um acidente, filho. Por isso demorou tanto a chegar quando soube que você estava doente — Dulce interviu e a olhei agradecido.

— Está doendo?

— Não, o médico já me deu remédio.

— Que bom, papai.

Papai.

Papai é uma palavra tão pequena. Apenas duas silabas. Pa-pai.

A primeira vez que ouço essas palavras vindas do meu filho e não pude conter a emoção que tomou conta de mim. Deixei que as lágrimas escapassem.

Thiago estendeu as duas mãozinhas e segurou meu rosto, limpando minhas lágrimas.

— Não precisa chorar, pai. Mamãe já me explicou tudo — sem conseguir me conter, me inclinei sobre ele e o abracei, desabando no choro.

Como pude ter sido tão idiota ao rejeitá-lo quando Dulce descobriu que estava grávida? Como pude ser tão idiota ao perder minha família?

— Está tudo bem, Chris. Se acalma, vai assustá-lo assim — Dulce pediu, passando as mãos em minhas costas e me soltei de Thiago, tentando enxugar meu rosto. Não quero assustar meu filho.

— Desculpa, filho — solucei — Desculpa ter demorado tanto para vir te conhecer.

— O importante é que você está aqui e não vai mais ficar tanto tempo longe, certo? — Dulce disse olhando em meus olhos. Entendi o recado que ela estava me dando silenciosamente.

— Nunca mais — disse firmemente e a vi assentir com um semblante um pouco mais relaxado.

Thiago começou a me fazer muitas perguntas sobre o meu trabalho, sobre meus pais e sobre mim. Percebi que ele estava lutando contra o sono que o medicamento causava e Dulce rapidamente começou a recolher os brinquedos e baixou a cama para que ele ficasse deitado.

— Não quero dormir, mamãe — resmungou sonolento.

— Você está com sono, príncipe. Quando acordar, seu pai ainda vai estar aqui

— Promete que não vai embora? — ele me encarou temeroso e agarrou minha mão boa.

— Prometo, filho — eu não sairia desse hospital, nem que tivesse que brigar com Dulce e Matheus para isso. Dormiria ali e cumpriria a promessa que fiz a ele.

Thiago não demorou muito a adormecer. Queria agradecer a Dulce por ter contado a ele, mas antes que eu pudesse falar, Rafael entrou no quarto sorrindo largamente.

— Os exames ficaram prontos e trago boas notícias. Christopher e Thiago são compatíveis.

Sorri largamente. Queria abraçar meu filho bem forte agora enquanto observava Dulce abraçar Rafael rapidamente antes de pular nos braços de Matheus que tinha uma expressão aliviada.

O valor de uma vidaOnde histórias criam vida. Descubra agora