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Narrado por Dulce

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Narrado por Dulce

Eu andava meio preocupada aqueles dias que tinham se passado. Estava enjoando com tudo, minha menstruação estava atrasada e me sabia que eu e Christopher transamos sem camisinha algumas vezes. Eu rezava para que aquilo fosse coisa de minha cabeça e que eu estivesse doente, mas para saber de uma vez por todas, comprei três testes de farmácia.

Cheguei em casa e fui para o banheiro, tomei um longo banho e fiz o primeiro teste. Tinha que esperar cinco minutos, então fui até a cozinha beber água para conseguir fazer o segundo.

Estava nervosa, aqueles cinco minutos eram os mais longos de minha vida. Eu não podia estar grávida, não podia. A minha carreira, o meu sonho, o tanto que lutei para chegar até onde cheguei, iria tudo por água abaixo.

Voltei para o banheiro e peguei o palitinho em minha mão. Duas listras rosas. O que diabos aquilo significava? Peguei a caixa e li.

Aí.

Meu.

Deus.

Positivo.

Senti meus olhos arderem e as lágrimas caírem facilmente por meu rosto.

— Não, não, não — respirei fundo, falando comigo mesmo — Dulce se acalme, está errado, lógico que está errado — limpei as lágrimas que caiam em meu rosto — Vamos fazer outro teste e vai dar negativo.

Joguei aquele teste na pia e abri outro, fiz xixi no potinho que vinha, e coloquei o palito dentro. Só mais cinco minutos e tudo estaria esclarecido. Eu andava de um lado para o outro esperando o tempo passar. Deu o tempo e eu peguei o palito, que novamente tinha dois traços rosas.

Não, não.

Todos esses testes estão errados.

Tem que estar errados.

Fiz o terceiro teste e novamente a mesma coisa.

Não pode ser.

O que eu faria agora? O que seria de mim agora? Me sentei na cama e comecei a chorar desesperada.

Meu Deus! O que aconteceria agora?

Tudo estava perdido, eu estava perdida e não sabia o que fazer. Christopher. Claro, ele saberia o que fazer, ele sempre sabe o que fazer. Peguei meu celular e disquei o número dele.

— Oi, meu amor — mordi meu lábio segurando o choro, mas acabei fungando — Está chorando, Dulce?

— Preciso falar contigo. Preciso que venha para cá agora mesmo.

— Calma, pequena! Estou indo agora.

— Tudo bem, vou te esperar — suspirei — Vem rápido, Chris. É realmente importante — desligamos e fiquei esperando por ele. Como irei contar ao Christopher que eu estava grávida? Não conseguia nem mesmo digerir isso.

Ele chegou em vinte minutos, eu liberei sua entrada pelo interfone e o esperei subir.

— O que aconteceu com você? — perguntou assim que abri a porta.

— Preciso te contar e te mostrar uma coisa — respondi séria. — Vem, vamos lá no quarto.

Christopher me olhava confuso. Devia estar se perguntando o que tinha acontecido comigo. Subia as escadas rápido e ele veio atrás de mim. Pedi que me esperasse ali no quarto e fui buscar os três testes que estavam no banheiro.

— Está me deixando preocupado, Dulce

Mordi meu lábio e estendi a mão para ele, mostrando os três testes. Ele os pegou e olhava confuso, não parecia saber o que era aquilo.

— O que é isso? — respirei fundo não sabendo como falar — Dulce, o que é isso?

— Testes de gravidez.

Ele arregalou os olhos e voltou a olhar os testes.

— Isso significa negativo, não é? — me olhou assustado e eu fiquei calada — Não é, Dulce? — perguntou mais alto e eu me encolhi sentindo as lágrimas em meus olhos.

— Positivo, Chris — as lágrimas rolavam em meu rosto. Eu estava assustada, com medo do que ia acontecer com nós dois — Deu positivo — cobri meu rosto com as mãos, voltando a chorar.

— Como assim positivo? — gritou, fazendo-me chorar mais.

Eu não conseguia falar. Ouvia ele andando de um lado para o outro e não conseguia falar mais anda. Estava apavorada com essa situação. Esfreguei meu rosto várias vezes, tentando limpar as lágrimas , mas elas pareciam não ter fim.

Ficamos em silêncio, os únicos sons no quarto eram de seus passos e meus soluços. Quando consegui me acalmar um pouco, nos encaramos. Ele tinha o semblante assustado igual ao meu.

— Não podemos ter esse filho — disse, calmamente.

— E o que quer que eu faça, Christopher? Que eu tire? — Gritei irritada olhando-o nos olhos e me assustei. Era isso que ele queria que eu fizesse.

Christopher abaixou a cabeça e deixei meu corpo cair sentado na cama. Tirar aquela criança? Fazer um aborto? Isso não tinha passado por minha cabeça em momento nenhum, mas parece que pela dele sim. Senti minha cabeça começar a doer e fiquei zonza enquanto minhas palavras ecoavam em minha mente. O que eu ia fazer agora?

— Se tivermos esse filho... Acaba tudo

— Eu sei... — sussurrei e o vi se ajoelhar em minha frente.

— Somos novos, Dulce. Nossa carreira está decolando agora. Se tiver esse filho, acabou RBD, acabou seriado, acabaram outras oportunidades — mordi meu lábio inferior, querendo evitar as lágrimas .

— Eu sei... — sussurrei novamente e me afastei dele — Quero que vá embora

— O quê? — me olhou confuso e desviei os olhos — Não quero te deixar sozinha.

— Preciso ficar sozinha. Preciso pensar, Christopher. Por favor, vai embora. — supliquei

— Tudo bem. Me promete que se sentir alguma coisa vai me ligar?

— Ligo, eu sempre ligo.

Christopher veio até a mim e segurou meu rosto carinhosamente, mas quando foi me beijar, virei o rosto. Fechei os olhos, respirando fundo e o ouvi suspirar pesadamente. Ele beijou minha testa, murmurou um "se cuida" e foi embora.

Assim que o vi saindo do quarto, me joguei na cama e comecei a chorar desesperadamente. Eu estava perdida, confusa, assustada, com medo e não sabia o que fazer. Se tivesse esse filho, era o fim de muita coisa em minha vida, talvez lá na frente eu não me perdoasse por isso e descontasse nele, mas tirar esse filho...

Que Deus me ajudasse e me desse uma luz, porque não tinha ideia do que faria.

O valor de uma vidaOnde histórias criam vida. Descubra agora