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Narrado por Christopher

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Narrado por Christopher

Ter Dulce chorando em meus braços, dizendo que não viveria sem Thiago, fez com que eu me sentisse um monstro da pior espécie.

Eu poderia salvar meu filho e ter a chance de recuperar o tempo perdido com ele. Se Dulce precisava de provas, eu provaria. Mostraria a ela e ao babaca do seu noivo que eu quero me aproximar de verdade do meu filho. Vou conseguir conquistar ele e, quem sabe, não consigo reconquistar Dulce também?

— Me perdoa, Dulce. Por favor, me perdoa pelo que te fiz e por tudo o que eu disse...

— Christopher, eu já te perdoei a muitos anos — disse olhando em meus olhos — Precisei perdoar para criar meu filho sem mágoas de você, para poder amar o Matheus e não me sentir culpada por ele se tornar pai do Thiago.

Ou seja, eu poderia conquistar meu filho, mas jamais a teria de volta.

— Vou fazer o teste de compatibilidade e vou doar fígado a ele, te prometo.

Nossos olhos se mantiveram fixos um no outro. Seus olhos... Sempre amei seus olhos castanhos que transmitiam tanto sentimento. Dulce podia estar com uma aparência cansada, mas estava ainda mais linda que antes.

Ela sorriu largamente e me abraçou outra vez. Pela posição em que estávamos, ela recostou a cabeça em meu peito e abracei pelos ombros. Senti seu corpo tremer, como se estivesse chorando outra vez e encostei meu queixo em sua cabeça. Abraçá-la me trouxe a paz que me faltava a tantos anos, não queria soltá-la, principalmente com ela me apertando tanto contra si.

— Dulce? — rolei os olhos ao ouvir a voz do noivo idiota dela e suspirei.

Dulce se afastou de mim lentamente e apoiou-se em meus joelhos para se levantar. Olhei para o tal noivo, pensando que o encontraria irritado ou furioso outra vez, mas ele parecia calmo.

— Vou fazer os exames de compatibilidade — ele disse e me levantei.

— Não precisa — notei que tinha um médico atrás dele — Eu vou fazer os exames, porque eu vou doar o fígado ao meu filho — enfatizei com um sorriso.

— Isso é ótimo, já que as chances são maiores com o pai biológico, mas vamos realizar os exames nos dois, certo? — o médico disse calmamente e voltou-se para Dulce, que já estava abraçando o cara pela cintura — Eu disse a vocês que daria certo! Ah, deixe-me apresentar — olhou para mim sorridente — Sou Rafael, primo do Matheus e conheço Thiago desde bebê — estendeu sua mão e eu a apertei — Fico feliz com a sua decisão.

— Quero ter a chance de conhecê-lo melhor.

— Depois do transplante vai ter essa chance. Venham comigo, vamos fazer esses exames de uma vez.

Rafael saiu andando e olhei para Dulce que apenas assentiu, então comecei a seguir o médico. Quando chegamos a porta, olhei para trás e vi Dulce abraçada ao noivo, o queixo apoiado em seu peito enquanto ele acariciava suas costas e falava calmamente.

Se eu tivesse no lugar dele e encontrasse Dulce abraçada ao ex, teria surtado de ciúmes, mas, no fundo, eu o entendia. Ela jamais voltaria comigo, não importaria o que eu fizesse, não tinha a menor chance com ela outra vez. Meu coração se apertou, mas não me daria por vencido. Quero ela de volta, quero conhecer meu filho, farei tudo para conseguir isso.

Passei algumas horas fazendo uma bateria de exames. Rafael conversou muito comigo, era nítido que tinha um carinho muito grande por Thiago, mas fiquei um pouco chateado por Matheus estar presente na maioria das histórias.

Quando retornei ao quarto, já era noite e Dulce e Matheus estavam lá. Paralisei na porta ao observá-los. Matheus estava sentado em uma poltrona, de costas para mim e Dulce estava em seu colo, sua mão acariciando a nuca dele, como um gesto automático, e conversavam animadamente com Thiago.

— Trouxe presentes para mim, papai? — ouvi Matheus rir e concordar.

— Sempre trago presentes para você e para sua mãe, meu amor! Estão na minha mala, depois eu trago, certo?

— Pensei que você não viria mais — Thiago sussurrou.

— Filho, eu só não vim antes porque não conseguiram falar comigo, não é, amor?

— Claro que sim — Dulce disse rapidamente — Já te expliquei isso, meu príncipe.

— Eu sei, mamãe, mas tava com medo.

— Medo de que, filhão? — Matheus perguntou.

— De que você fizesse igual ao meu outro pai e não quisesse me ver nunca mais.

Meu coração contraiu dentro do peito ao ouvir isso. Traguei a saliva e me apoiei na porta, o que acabou atraindo a atenção dos três.

— Você está bem? — Dulce me perguntou e concordei — Tem certeza?

— Tenho sim — murmurei.

— O que ele tem é culpa, Dulce — olhei para trás e vi Christian parado atrás de mim, possivelmente estava me observando a algum tempo.

Ele sorriu debochadamente ao passar por mim. Entregou um copo a Matheus e sentou-se na beirada da cama.

— Porque culpa, padrinho? Ele fez algo errado?

— Seu padrinho está brincando, meu amor — Dulce respondeu rapidamente e olhou seriamente para Christian — Por que você não conta ao papai sobre o filme que você viu hoje?

Thiago concordou e começou a relatar sobre o filme detalhadamente. Entrei no quarto e sentei em um sofá que tinha ali. Passou um bom tempo, até a voz dele ir se tornando mais fraca até que ele dormiu.

— O horário de visita acabou — Christian disse e suspirei, sentindo-me cansado das indiretas dele.

— Então vá embora, eu sou o pai e fico o tempo que quiser — disse grosseiramente e os três me encararam. Christian sorriu de forma debochada e respirei fundo, sabendo que sua intenção era me provocar.

— Qual dos dois vai dormir aqui hoje? — perguntou olhando para Dulce e o noivo.

— Eu durmo — responderam ao mesmo tempo e se olharam.

— Rafael me disse que você está dormindo a seis noites seguidas aqui, precisa descansar.

— Dormi no hotel do Christian essa noite. Tive um bom tempo de sono, você está viajando a quase vinte e quatro horas, precisa descansar.

— Você vai para o nosso apartamento, vai tomar um banho de banheira e comer algo gostoso enquanto fico com meu filho aqui. Já fiquei tempo demais ausente. Não quero brigar por isso, por favor.

Esses dois já estão me dando nos nervos. Não suportava ouvir a voz de Dulce tão melosa ao falar com outro homem, nem o fato dele se referir a Thiago como filho o tempo inteiro.

— Eu durmo aqui, fim de papo — os três me encaram mais uma vez e Dulce maneou a cabeça.

— O Matheus vai dormir, obrigado por se oferecer.

Sério que ela tinha concordado com ele tão fácil?

— É meu filho, porra! Vou dormir aqui sim — disse grosseiramente.

Chega de aguentar essas coisas. Quero minha família de volta.

O valor de uma vidaOnde histórias criam vida. Descubra agora