O valor de uma vida

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Narrado por Maite

Nenhum de nós entendeu quando Pedro adiantou toda a agenda do RBD. Passamos duas semanas inteiras praticamente trancados dentro da televisa gravando as músicas do RBD e ensaiando as coreografias, antes de sairmos em turnê de última hora. Não sei nem como ele conseguiu realizar a vendagem de ingressos necessária para realizarmos os shows, já que foi tudo uma correria por causa da pressa dele.

Estávamos a três semanas viajando de um lado para o outro, mal terminávamos um show e já estávamos no avião a caminho de outro, teve dias em que fizemos shows pela tarde e noite, fora os vários programas de TV, sessões de fotos em revistas. Ele queria ir ao máximo de lugares possíveis, já tínhamos passado por nove países – o que normalmente fazíamos em dois meses – e isso estava deixando todo mundo maluco.

A única que se mantinha calma era Dulce. Enquanto todos enlouquecíamos e reclamávamos, ela ficava neutra, sem dizer nada e nos olhando como se a culpa fosse toda sua.

Já tinha conversado com Anahí que as coisas estavam muito estranhas, os shows eram mais curtos que o normal e um médico viajava com a gente no avião e Pedro dizia ser precaução, já que andávamos todos estressados. E diferente de todas as outras turnês, não estava rolando beijos dos casais, o que era bom, já que o clima entre Dulce e Christopher só fazia piorar.

Hoje era domingo e estávamos no Brasil. Depois de três shows no país, Pedro nos deu o dia de folga, o terceiro que tivemos durante toda essa turnê. Apesar do cansaço, eu estava precisando relaxar e não queria passar meu dia, trancada no quarto. Então pus um biquíni e decidi chamar as meninas para irmos ao SPAR.

— Oi, Mai — Anahí disse sonolenta ao abrir a porta, depois que bati insistentemente por alguns minutos.

— Annie, vá se arrumar — pedi, empurrando-a para dentro do quarto e fechando a porta atrás de mim.

— Mai, eu estou um caco. Quero dormir o resto do dia — choramingou

— Então vá dormir que eu vou para o SPAR — segui em direção a porta. Um, dois, três...

— SPAR? Pensando bem, espera, Mai! Eu fico pronta em vinte minutos — me joguei em sua cama rindo. Quem não sabia que ela mudaria de ideia?

— Anda logo que vamos passar no quarto de Dulce

— Dulce está tão estranha ultimamente — gritou do banheiro e suspirei sabendo que era verdade.

Além de ser a mais calma entre nós, ela também era a mais animada de todas. Fazia questão de brincar, conversa, passava o maior tempo possível com um de nós, com exceção de Christopher, obviamente, mas algumas horas antes dos shows, ela simplesmente mudava completamente.

Colocava um fone no ouvido e se isolava de todos em um canto no camarim, sem querer brincar ou conversar com ninguém. Percebe-se de longe que ela é que está mais entregue nessa turnê, sempre vejo uma lágrima escorrer no final de cada show, mas ela a limpa rapidamente e continua se isolando até o dia seguinte, quando volta a agir como se nada tivesse acontecido. Deixando todo mundo confuso.