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 Narrado por Dulce

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Narrado por Dulce

Minhas irmãs já estavam esperando por mim em um quarto, então nem esperei Pedro distribuir as chaves, apenas subi o mais rápido que pude. Bati na porta e Blanca a abriu, assim que a vi, meus lábios tremeram e minha vista voltou a embaçar. Me joguei em seus braços voltando a chorar e Blanca fechou a porta como pode, me guiando para dentro do quarto e me sentando na cama onde Claudia se juntou ao nosso abraço. Elas não falaram nada, apenas acariciavam meu cabelo e deixaram que eu me acalmasse em meu tempo.

Não sei como eu ainda tinha lágrimas, do tanto que eu vinha chorando ultimamente, mas em algum momento elas pareciam ter secado e já não saia nada. As duas me guiaram para o banheiro, onde já tinham me preparada um banho de banheira e me deixaram relaxar um pouco.

Mentir para os meus amigos foi ainda pior que sair do RBD. Depois de tudo o que vivemos juntos, eles mereciam a verdade, mas eu não podia contar nada por que não queria que Christopher nem mesmo sonhasse que eu ainda estava grávida.

Encontrei minhas irmãs deitadas na cama quando saí do banheiro, coloquei um pijama folgado e me deitei entre elas, como eu fazia quando era criança e estava assustada com alguma coisa. As duas sempre cuidaram de mim e eu sempre me sentia protegida ao lado delas.

— O que vai fazer agora? — Blanca perguntou.

— Não vou ficar aqui na cidade, a imprensa não vai me deixar em paz e não vão aceitar facilmente que eu estou encerrando minha carreira em definitivo.

— Realmente, se ficar aqui não vai conseguir esconder essa gravidez por muito tempo — Claudia analisou e eu concordei.

— Ainda tenho que contar a nossos pais.

— Sabe que eles ficarão do teu lado — Blanca falou rapidamente e eu assenti, mas ainda que soubesse disso, tinha medo de ser uma decepção para eles.

— Estava pensando em sair do país...

— Mas para onde? — Claudia me olhou confusa — O mundo inteiro te conhece, Dulce!

— Estava pensando em um lugar calmo e perto da praia. Um lugar que possa criar esse bebê com paz e tranquilidade — sorri imaginando.

— Vai precisar mesmo disso — Blanca disse e as duas sorriram para mim — Estou orgulhosa pelo que você fez!

— Eu também — Claudia concordou.

— Vocês são as melhores irmãs desse mundo! — Sorri abraçando-as. Ficamos conversando mais um pouco ali, fazendo planos para quando o bebê nascesse e deixei de na confusão que minha vida tinha se tornando até que elas pegaram no sono.

Ficar no México não me deixaria criar meu bebê como eu pretendia, teria que viver basicamente escondida da mídia ou Christopher descobriria tudo. O que eu vou fazer é comprar uma casa na praia fora do país. Sempre gostei do mar mesmo. Quem sabe não poderia encontrar um lugar no sul da França? Sempre ouvi dizer que era lindo, apesar do frio. Amanhã eu começaria a pesquisar sobre isso...

Batidas insistentes me despertaram e vi Blanca se levantar irritada. A claridade do quarto me dizia que já era de manhã e já estava sentindo uma dor na bexiga. Parecia que meu bebê estava em cima dela, porque eu ia ao banheiro o tempo inteiro, só me dava sossego quando eu estava em cima do placo, parecendo saber que aquele era o meu momento.

Corri para o banheiro antes que Blanca alcançasse a porta e aproveitei que já estava ali para fazer minha higiene completa, estava ansiosa demais para conversar com meus pais e não pretendia voltar a dormir. Quando saí do banheiro, minhas irmãs estavam sérias e notei a presença de Christopher, escorado na porta do quarto, com os braços cruzados e senti meu coração pular.

— O que você está fazendo aqui? — o encarei séria.

— Precisamos conversar sobre aquilo — ele acenou com a cabeça em direção a minhas irmãs e ergui o queixo.

— Elas sabem, Christopher — a princípio, ele arregalou os olhos, mas logo seu semblante se tornou frio.

— Ninguém deveria saber sobre isso e eu quero falar com você em particular — disse secamente.

— Christopher, agora não é um bom momento — respondi no mesmo tom.

— Não vou sair daqui enquanto não conversarmos.

Rolei os olhos, sentindo-me frustrada por ter que lidar com ele outra vez e olhei para minhas irmãs, pedindo silenciosamente que nos deixassem sozinhos e as vi vestindo os roupões antes de saírem do quarto.

— Por que está saindo da banda? — perguntou assim que a porta foi fechada.

— Porque estou doente e preciso me cuidar. Qual parte disso não entendeu ontem?

— A parte da verdade, Dulce! — gritou, fazendo meu corpo inteiro tremer de raiva.

— Essa é a verdade. Não grite comigo, não tem esse direito!

— Que merda, Dulce! Me fala a verdade — avançou em minha direção e recuei prontamente — Eu quero saber a porra da verdade — gritou outra vez. Senti meus olhos marejarem, mas não me permitiria chorar em sua frente.

— Eu não aguento mais olhar para tua cara, porque toda vez que te olho, lembro do que fiz por sua causa. Lembro de todas as coisas que me disse e me arrependo amargamente de ter estado contigo! Te amar foi o meu pior erro, Christopher! — gritei.

Nem tudo era verdade, obviamente. Por mais que eu devesse me sentir assim, eu não conseguia. Ainda amava Christopher da mesma forma que antes e um dos motivos de estar indo embora e deixando tudo para trás, era para não atrapalhar sua carreira e sua vida.

— Era só o que eu precisava ouvir — murmurou antes de sair do quarto. Eu tinha visto seus olhos marejarem e uma lágrima escorrer por seu rosto e senti um nó se formar em minha garganta.

Assim que a porta foi fechada, caí ajoelha no chão e me entreguei ao choro. Eu ainda o amava e me doía tanto machucá-lo daquela forma. Por que as coisas tinham que ser assim? Por que ele não poderia ter aceitado o bebê desde o início e tentado fazer com que isso desse certo?

— Dulce — minhas irmãs entraram alguns segundos depois e me abraçaram. Elas repetiam que tudo ficaria bem e que ele não merecia minhas lágrimas, mas isso só fazia doer ainda mais.

— Eu o amo tanto — disse entre soluços me agarrando mais a elas.

O valor de uma vidaOnde histórias criam vida. Descubra agora