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 Narrado por Dulce

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Narrado por Dulce

Tybee Island foi o paraíso escolhido por mim para criar meu bebê. Uma pequena na Geórgia, praticamente rodeada pelo mar e com pouco mais que três mil habitantes. O lugar ideal para se criar uma criança com calma, tranquilidade e com um bônus essencial: poucas pessoas que poderiam me reconhecer.

Eu tinha visto a casa pela internet, viajei até ali para conhecê-la e me apaixonei perdidamente. Ela era grande e linda, ficava de frente para o mar e eu só precisava descer as escadas da varanda para poder sentir a areia em meus pais, além de ter diversas árvores em volta e o segundo bônus essencial: ficava em uma parte bem distante do centro da cidade e tinha uma boa distância das casas vizinhas, o que me daria bastante privacidade e menos chance de ser reconhecida por alguém. Meu filho, que eu tinha descoberto recentemente ser um menino, teria bastante espaço para brincar, aprontar e me deixar de cabelos em pé, como minha mãe vinha dizendo.

Eu já estava morando ali a quase dois meses, saí do México quinze dias depois do último show. Inicialmente eu tinha vindo apenas ver a casa e voltaria para organizar minhas coisas, mas simplesmente fiquei ali e deixei que minha família cuidasse de tudo. A impressa estava louca atrás de mim e minha barriga já tinha dado as caras a algum tempo, não queria arriscar que meu plano desse errado e esse foi um dos motivos que me fez abandonar o ruivo. Meu cabelo agora estava preto, ainda me sentia estranha com a cor escura, mas só voltaria a mexer nele depois que meu filho nascesse.

Por estar morando em outro país e em uma cidade relativamente longe de tudo, além de não saber muito sobre cuidar de bebês, acabei entrando em contato com dona Helena – tive que entrar em contato com a clínica em que quase fiz o aborto e me passar por uma filha perdida para que eles se comovessem e me dessem o telefone dela. Ela já não estava mais trabalhando no local e pedi que viesse trabalhar comigo, para me ajudar com tudo já que minha família não estava ali. Helena havia se tornando uma ótima amiga e era a responsável por eu não me sentir tão solitária.

Desde que me mudei para esse paraíso, passei a caminhar todas as manhãs e durante o pôr-do-sol, que era incrível. Era raro eu encontrar alguém pela praia naquele lado da cidade e ainda mais raro ainda encontrar os vizinhos além de Célia, uma senhora extremamente simpática que muitas vezes me acompanhava nas caminhadas e em poucos dias havia me contado tudo sobre sua vida – era casa da com Leonardo a mais de quarenta anos e tinha um único filho que morava em Nova Iorque e era seu orgulho, mas não tinha sorte na vida amorosa e isso a deixava chateada, pois estava louca para ter muitos netos.

Já eu, costumava lhe falar apenas o necessário sobre a minha vida, nunca mencionei minha carreira ou meu país de origem, não queria despertar suspeitas de maneira nenhuma. Um dia ela me perguntou sobre o pai do bebê e com um fraco sorriso, respondi que ele não seria presentes em nossas vidas. Agradeci mentalmente quando ela disse que Deus não nos dava fardos que não podíamos carregar e não voltou a tocar no assunto.

— Estou indo até o mercado, querida! Vou comprar algumas coisas que estão faltando — Helena disse quando entrei pela porta da varanda ao retornar de mais uma caminhada.

O valor de uma vidaOnde histórias criam vida. Descubra agora