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Narrado por Dulce

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Narrado por Dulce

Que inferno!

Desliguei o despertado que me acordou com um barulho irritante e continuei deitada na cama. Íamos para Las Vegas fazer um show e eu tinha que estar no aeroporto em uma hora, o que significava que teria que olhar para ele e não sei se queria isso depois de tudo o que ouvi ontem.

Liguei para seus pais avisando onde ele estava e que estava bêbado, mas não consegui conter o choro quando falei com Alexandra e acabei dizendo que tínhamos brigado e que ele me ligou dizendo besteiras. Mal consegui pregar os olhos depois que desliguei ontem. Lembro de poder ver o sol através da cortina quando antes de conseguir dormir.

Sem ter para onde fugir, me levantei e fui para o banheiro, tinha que ser profissional e o show teria que continuar, literalmente.

— Que droga! — disse quando me olhei no espelho. Meu rosto estava inchado, tinha olheiras escuras, teria que fazer uma bela maquiagem para esconder tudo isso.

Quando fiquei pronta, saí de casa um pouco atrasada. Eu tinha exatos quarenta minutos para chegar ao aeroporto e ainda me sentia atordoada. Será que Christopher se lembrava do que tinha me dito de madrugada? Acho difícil, já que parecia bêbado demais para isso, mas com certeza sua mãe lhe contaria que eu estava chorando quando nos falamos.

Entrei no estacionamento do aeroporto e paguei para mantê-lo ali durante uma semana, tempo que ficaria fora e fui em busca dos outros.

— Olha quem chegou — Christian olhou no relógio de pulso — A senhorita está atrasada à dois — brincou me fazendo rir.

— Me desculpe por esse grande atraso — rolei os olhos e o abracei com força — Bom dia, meu amor! — Christian beijou minha testa carinhosamente e me apertei em seus braços. Estava precisando de carinho.

— Irei pensar nessa sua desculpa — brincou outra vez — Bom dia, minha ruiva — apertou minha bochecha quando me afastei.

Cumprimentei os outros com abraços e beijos, mas paralisei ao me ver diante de Christopher, que mantinha seu olhar carregado de tristeza e culpa sobre mim. Engoli a saliva, mas antes que eu decidisse se o cumprimentaria ou não, Pedro entrou na sala nos chamando e saí dali praticamente correndo.

— O que deu nela? — ouvi Anahí perguntar, mas não dei importância. Continuei andando na frente de todos, sem querer olhar para ele, não daquele jeito.

Entreguei minha mala para um funcionário e entramos no jato. Eu costumava me sentar no fundo, com Christopher, mas não dormi nada essa noite, não tinha resolvido o que faria sobre o bebê e não queria falar e nem olhar para ele, então me sentei pelo meio.

Todos me olharam confusos e vi Christopher suspirar pesadamente e seguir para o fundo. Mordi o lábio inferior, sentindo-me nervosa e peguei meu IPOD, querendo esquecer um pouco do mundo, mas Christian sentou-se ao meu lado antes que eu colocasse os fones e o olhei confusa. Ele sempre se sentava sozinho ou com Anahí.

— O que foi?

— Nada não — sorriu docemente — Não posso mais me sentar com minha ruiva favorita?

— Você sempre se senta com tua loira favorita — resmunguei encimada e o vi gargalhar.

— Não fica com ciúmes, ruivinha — passou os braços por meus ombros, me abraçando e o apertei com força — E então?

— E então o quê? — o olhei confusa.

— Você e o Ucker brigaram?

— É. Mais ou menos

Mordi meu lábio outra vez, pensando no que falaria para ele. Eu confiava plenamente nele, mas não queria falar sobre aquilo para ninguém. Christian era meu melhor amigo, eu lhe contava tudo desde Clase 406, não queria mentir, mas também não queria dizer a verdade. O que eu falaria?

— Nós discutimos por um monte de coisas ontem à noite, fiquei tão mal que o mandei embora lá de casa — bom, tecnicamente eu não estava mentindo, não é?

— Para você tê-lo mandado embora a coisa deve ter sido feia, e não estão nem se olhando por causa disso?

— Também. Ele me ligou de madrugada, estava completamente bêbado — Christian arregalou os olhos — Me disse um monte de coisas, jogou um monte de coisas em minha cara.

— Caramba! Então a coisa foi feia mesmo. Ele nunca mais ficou bêbado desde que começou a ficar contigo — apertou minha mão querendo me passar força.

— É, mas parece que ontem ele voltou aos velhos tempos — disse, sentindo-me chateada. Não gostei em nada de saber que ele tinha ido encher a cara depois do que aconteceu, agindo igual fazia antes de namorarmos — Quando ele desligou, liguei para a mãe dele e disse onde ele estava, mas eu estava chorando e a mãe dele deve ter contando isso a ele.

— Ah, minha Candy! Você fez certo em ligar para a mãe dele e eu acho que vocês precisam conversar. Uma boa e longa conversa... Você pensa em terminar com ele? — balancei a cabeça negando, porque apesar de tudo, isso não tinha passado por minha cabeça — Melhor assim. O Christopher ama você e fazem um casal lindo — disse, apertando minhas bochechas, me fazendo rir.

— Vou conversar com ele, meu amor — respondi, me esquivando de suas mãos — Mas não agora, preciso pensar direito em como fazer isso

— Isso mesmo, minha Candy! Esfrie tua cabecinha e depois converse com ele — disse, antes de beijar minha testa carinhosamente.

Christian era sem dúvidas o melhor amigo que eu poderia ter. Sempre que conversava com ele, me sentia muito melhor. Era bom estar em sua presença e ele era pessoa que possuía os melhores conselhos do mundo.

Pedro levantou-se da poltrona em que estava e perguntou se queríamos que as luzes fossem apagadas e Lost começasse e todos nos aceitamos. Christian reclinou as nossas poltronas e peguei o lençol que sempre levava, abraçando-o e nos cobrindo em seguida, e fiquei ali, sentindo seu cafuné gostoso que ele fazia em meu cabelo enquanto assistia meu seriado favorito.

Queria poder dormir ou me concentrar no episódio, mas não conseguia. Não conseguia parar de pensar nas palavras de Christopher e nem na possibilidade do aborto. Isso me tirava a capacidade de fazer qualquer outra coisa. Não tinha decidido nada a respeito, mas tirar a vida de um bebê inocente nunca esteve em meus planos, principalmente quando esse bebê estava crescendo em minha barriga. Talvez se eu contasse ao Christian sem realmente contar o que estava acontecendo, ele saberia me aconselhar.

— Christian? — o chamei tirando sua atenção do seriado.

— Sim, Dulce?

— O que é mais valioso, a vida de alguém ou os seus sonhos e os sonhos de seus amigos? — mordi o lábio inferior, ansiosa por uma resposta que esclarecesse as coisas dentro de mim

— Que pergunta é essa, Dulce? — me olhou rindo pelo nariz — De onde você tirou isso?

— Não sei, Polito. Veio em minha mente — dei de ombros, fingindo uma indiferença que não existia.

— Eu não sei a resposta, pequena. Estou com muito sono para pensar direito — forcei um sorriso e voltei a deitar a cabeça em seu ombro.

— Tudo bem, Polito. Não era nada importante. Vamos dormir, meu amor — beijei seu tórax carinhosamente.

— Vamos dormir, pequena.

Percebi que Christian adormeceu quando sua mão paralisou em meus cabelos alguns minutos depois, mas eu passei a viagem inteira pensando nesse assunto. Eu precisava tomar uma decisão, só não sabia qual.

O valor de uma vidaOnde histórias criam vida. Descubra agora