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Narrado por Christopher

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Narrado por Christopher

Tenho certeza de que Dulce e Matheus brigaram. Quando ele entrou no quarto, estava com os olhos vermelhos e a forma que falou com Thiago foi completamente diferente, surrando coisas em seu ouvido e saindo do quarto com os olhos úmidos. A maneira que Dulce estava quando voltou só me deu ainda mais certeza.

Saí do quarto sem querer brigar e já estava quase entrando em um táxi quando vi Matheus dentro de seu carro, com a cabeça apoiada no volante e os ombros sacudindo. Ele estava chorando. Não sei por que caminhei até o carro e bati no vidro. Matheus me olhou rapidamente antes de enxugar o rosto e baixar o vidro para falar comigo.

— Algum problema, Christopher?

— Eu quem pergunto isso, cara.

— Está tudo bem, não se preocupe.

Eu devia estar me sentindo feliz por eles terem brigado. Devia me aproveitar dessa situação para me aproximar mais dela, mas ainda assim, estou aqui sentindo uma maldita necessidade de explicar que ele não precisava se preocupar. Dulce não me ama mais.

— Matheus, não sei o que acontece, mas sei que Dulce está triste por ter brigado com você e...

— Christopher, por que você está me dizendo isso? Pensei que ficaria feliz com isso.

— Dulce não merece sofrer mais, principalmente por minha causa. Não quero ser motivo de briga de vocês. Eu fui um idiota e a perdi, Matheus. Ela não me ama mais, pode ficar despreocupado.

Por que estou dizendo essas coisas? Deveria estar lutando por ela, não a entregando de mãos beijadas. Matheus riu pelo nariz e ligou o carro. Pensei que ia embora sem me dizer mais nada e já estava dando as costas quando me chamou outra vez.

— Nós terminamos, Christopher — arregalei os olhos e o vi sorrir de lado — Terminamos porque eu quero que o Thiago te conheça melhor e comigo tão perto isso não vai ser possível. Além disso, mesmo acreditando no amor que Dulce tem por mim, sei que ele não é igual ao que ela tem por você.

— Dulce não me ama mais, ela repetiu isso várias vezes.

— Ela mentiu várias vezes. Depois da cirurgia, vou passar algum tempo fora e dar um tempo a vocês três, mas quando eu voltar, vou procurá-la e saber sua decisão. O que vai acontecer daqui para frente, vai depender inteiramente de você, Christopher.

Matheus saiu sem me dar chance de falar mais nada. Segui pela rua até encontrar um táxi e voltei para o hotel. Um sorriso surgiu em meus lábios quando me dei conta do que ele disse.

Dulce ainda me ama.

Ela ainda me ama e agora o Matheus estava se afastando. Eu preciso reconquistar essa mulher, não posso deixar minha felicidade escapar de novo.

Só fiquei no hotel por tempo suficiente para colocar uma roupa confortável e jantar no restaurante. Quando voltei ao hospital, encontrei Dulce encolhida no sofá do quarto de Thiago e sorri com a cena. Me sentei ao seu lado, puxando-a levemente para meus braços, onde ela se aconchegou, deitando a cabeça em meu peito e passando o braço por minha barriga, joguei meu caso por cima de seus ombros e fiquei observando meu filho dormir.

— Chris? — ela sussurrou me assustando.

— Oi, Dul?

— Obrigado por estar salvando nosso filho.

— Não me agradeça, Dulce. Estou fazendo minha obrigação como pai, quem tem que te agradecer sou eu. Só espero que Thiago me perdoe por não ser um bom pai.

— Ele só tem quatro anos, Chris. Você tem tempo suficiente para se tornar um bom pai — sorri, sentindo-me feliz por estar tendo essa conversa com ela e a apertei com um braço, fazendo-a se aconchegar mais em mim.

— E quanto a nós? — me arrependi da pergunta quando senti seu corpo enrijecer.

— Pensei que tivesse entendido o que eu disse ontem, Christopher — sussurrou receosa.

— Matheus me contou que terminaram...

— Não terminamos, ele terminou comigo.

— Dulce...

— Esse não é o momento, Christopher. Vou ter tempo mais que suficiente para decidir minha vida amorosa depois que meu filho se recuperar, até lá, focarei apenas em meu menino.

— Tudo bem, Dul — isso já era um bom começo.

— Preciso dormir um pouco, espero que não se importe em me emprestar o ombro.

— Nunca me importei com isso, pequena. Bons sonhos.

— Obrigado, Chris.

A respiração de Dulce foi relaxando aos poucos e percebi que já estava dormindo outra vez. Permaneci ali, com a mulher que amo em meus braços, olhando nosso filho dormir e agradeci a Deus por estar tendo essa oportunidade.

Não sei se minhas atitudes são perdoáveis, mas espero que sejam.

O valor de uma vidaOnde histórias criam vida. Descubra agora