O valor de uma vida

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Narrado por Christopher

Ouvi toda a conversa que tiveram com Thiago e cada palavra dita por eles, foi como se tivessem me atingindo com uma faca.

Só abri os olhos quando ouvi a porta ser fechada, pensando que estava sozinho, mas Dulce e Rafael estavam em minha frente. Quando meu olhar se encontrou com o dela, sei que soube que eu não estava dormindo e desviei os olhos rapidamente.

— Como se sente, Christopher?

— Estou bem, Rafael — forcei um sorriso.

— Ótimo. Vocês vão receber alta amanhã de manhã.

— Que bom! Então já posso voltar ao México?

Senti o olhar de Dulce sobre mim, mas não a olhei. Do que adianta eu tentar reconquistá-la, se já estava decidida a ficar com Matheus? Não pretendo sumir, Thiago é meu filho e não vou renunciá-lo outra vez.

— Não, você ainda não pode voltar ao México. Vocês fizeram uma cirurgia que precisa de muitos cuidados pós-operatórios e eu quero fazer o acompanhamento de vocês dois juntos.

— Mas não tenho onde ficar aqui.

— Eu sei, por isso vim conversar com vocês dois. Dul, quero que hóspede Christopher em sua casa pelo próximo mês — arregalei os olhos e percebi que Dulce fez o mesmo — O hospital de Savannah tem estrutura para realizar os exames necessários nesse período, então vou poder acompanhar vocês dessa forma. Sei que aqui em Nova Iorque você não tem estrutura para recebê-lo, já que o apartamento é pequeno.

— Não sei se é uma boa ideia, Rafa. O Matheus...

— Já está ciente sobre isso. Na verdade, foi ele quem sugeriu isso.

Dulce riu pelo nariz, mas não parecia ter humor algum.

— Christopher fica em minha casa nesse período.

— Ótimo. Venha comigo que preciso te mostrar algumas coisas nos exames.

Os dois saíram da sala e suspirei pesadamente. Um mês morando com Dulce, será que ainda tenho uma oportunidade?

Sei que depois que eu estivesse totalmente recuperado, Pedro remarcaria os três shows que faltaram para concluirmos a turnê e começaríamos a turnê do Adeus, que duraria alguns meses. Ou seja, depois de recuperado, passarei algum tempo longe, então essa seria a minha única oportunidade.

***

Recebemos alta pela manhã e fomos de táxi para o apartamento de Dulce. Ela me disse que o carro que estavam usando era alugado e o devolveram ontem à noite quando Matheus embarcou para a Índia.

— O apartamento não é grande, mas vamos ficar apenas algumas horas — Dulce disse ao abrir a porta. Thiago entrou em disparada, estava pulando de felicidade por ter saído do hospital. O lugar era um loft pequeno e parecia pertencer a um homem solteiro — Matheus morava aqui antes de ir morar comigo — explicou ao me ver olhar minunciosamente o lugar — Achamos melhor mantê-lo para quando ele precisa dormir por aqui, já que vem com frequência para a empresa.

Ficamos ali apenas por tempo suficiente para que Dulce arrumasse suas coisas em uma mala e então partimos.