O valor de uma vida

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Narrado por Christopher

Abri os olhos sem me lembrar de onde estava, olhei ao meu redor e vi Dulce encolhida em uma poltrona ao lado da minha cama, um pouco mais adiante vi Thiago deitado em outra cama. Tudo voltou a minha mente rapidamente e respirei fundo diversas vezes desejando que a cirurgia tivesse sido um sucesso.

— Por favor, meu Deus. Por favor — supliquei.

— Ei, você acordou — Dulce disse sonolenta e em poucos segundos estava em pé ao lado da minha cama, me presenteando com um enorme sorriso — Como está sentindo-se?

— Confuso e com a boca seca — murmurei.

— Rafael falou que ficaria assim quando acordasse. Tem água aqui para você — Dulce se afastou apenas o suficiente para pegar um copo plástico com água e posicionou o canudo em minha boca — Você não pode se levantar ainda, precisa beber assim.

Suguei a água com um pouco de esforço, pois meus lábios estavam um pouco dormente, mas bebi todo o conteúdo do copo.

— Como foi a cirurgia?

— Foi um sucesso — sorriu ainda mais e passou a mão em minha testa afastando o cabelo que caia em meu rosto — Você salvou o nosso filho.

— Graças a Deus!

— Rafael deixou vocês no mesmo quarto, para facilitar um pouco as coisas, mas só pode um acompanhante, por isso seus pais não estão aqui, mas estão esperando na sala de visitas. Estão loucos para te verem.

— Quero vê-los.

— Certou, já volto — para minha surpresa, ela se inclinou sobre mim e beijou minha testa carinhosamente, fechei os olhos aproveitando esse momento tão rápido. Então se afastou e saiu da sala.

O pouco em que ela demonstrava ainda sentir algo por mim era maravilhoso. Sei que Matheus vai se afastar e deixá-la livre para mim, mas sei que vai ser difícil convencê-la de que mudei e quero assumir nossa família.

Meus pais entraram no quarto com Dulce. Minha mãe correu até a cama em que eu estava, me abraçando enquanto chorava.

— Oh, meu querido! Estava tão preocupada com você.

— Me perdoa pelo que fiz, por favor — supliquei baixinho. Ela levantou-se e limpou as lágrimas.

— Não sou eu quem precisa te perdoar, meu amor. Você é meu filho, sempre o amarei e ficarei ao seu lado.

— Amo vocês, não queria decepcioná-los, mas... Não sei o que deu em mim, fui um monstro com Dulce e meu filho.

— Christopher, por favor, vamos esquecer isso — Dulce pediu um pouco distante e a olhei — Do que adianta ficar relembrando isso? Vamos seguir sem frente.

— Concordo com a Dulce — meu pai disse — Se ela já te perdoou por seus erros, você precisa se perdoar também. Precisa usar sua energia para se recuperar rapidamente da cirurgia e criar uma conexão com seu filho.

— Que é a criança mais linda do mundo — minha mãe disse sorridente. Ela já estava ao lado da cama dele, acariciando seu cabelo — Parece que estou te vendo pequeno outra vez, meu filho.

— Espero que não seja tão traquina quanto o Ucker era — Meu pai disse sorridente e Dulce riu baixo.

— O Thiago é um anjo quando está dormindo, apenas assim — brincou nos fazendo rir baixo — Brincadeira, ele apronta bastante, mas é bem tranquilo também. Me lembra ao pai em muitas coisas, não só na aparência.

Dulce começou a contar algumas travessuras do Thiago a meus pais, mas eu não prestava muito atenção. Estava segurando um sorriso surpreso desde o momento em que ela se referiu a mim como pai dele. Foi a primeira vez que ela fez isso de forma tão espontânea.

— Obrigado, Dulce — agradeci quando meus pais saíram do quarto, fazendo-a me olhar confusa — Obriga por estar me deixando ser o pai dele.

— Você é o pai dele, Christopher, nunca poderei mudar isso. Só peço que não o machuque, não vou ser capaz de perdoá-lo se fizer isso.

— Eu não irei — prometi.

— Espero que não.

Ouvimos batidas na porta e Matheus entrou um pouco sem graça. Ele me cumprimentou com a cabeça, depois se dirigiu para a cama em que Thiago estava, Dulce rapidamente se aproximou dele e me senti deixado de lado outra vez.