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Maldita hora em que achei aquela caixa, estava sentindo um aperto gigantesco no peito desde o momento em que a abri

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Maldita hora em que achei aquela caixa, estava sentindo um aperto gigantesco no peito desde o momento em que a abri. Algo dentro de mim, gritava que tinha alguma coisa acontecendo, como um bendito pressentimento. O problema é que saber que Dulce estava doente antes de ir embora, me deixava angustiado.

Eu tinha sentido algo parecido quando fui embora de sua casa há alguns meses e foi justamente no dia em que ela começou a passar mal, será que algo estava acontecendo com ela agora? Tentei ligar algumas vezes, mas seu número nem mesmo chamava e não tinha coragem de ligar para sua família, não depois da forma que suas irmãs me olharam naquele dia.

Cheguei ao estúdio em que iriamos ensaiar as novas músicas um pouco atrasado e levei um enorme sermão de Pedro, algo que vinha se tornando cada vez mais frequente. Forcei um sorriso ao cumprimentar meus companheiros e percebi que Christian tinha me olhado com desprezo antes de se afastar. Não entendia o motivo disso, mas há algumas semanas ele simplesmente mudou o comportamento comigo.

— Me diz quem é, Ucker... — Maite chamou minha atenção ao suplicar que lhe contasse com quem eu estava saindo. Ela e Anahí estavam me deixando louco já.

— Não, Mai! Não posso dizer ainda, mas em breve você vai conhecer.

— Por que em breve? — me encarou desconfiada.

— Não pretendo que isso seja algo passageiro.

— Está me dizendo que vai oficializar o namoro? — concordei fazendo-a arregalar os olhos — E a Dulce? — suspirei irritado. Não apenas por causa da sua pergunta, mas por essa angústia em meu peito que não passava e a falta de notícias que tinha dela.

— Ela foi embora, Mai! Não dá notícias a meses, nem sabemos se continua viva... Estou cansado de vocês se preocuparem com quem não está nem se importando com a gente! — esbravejei.

Pedro ralhou comigo pela forma que falei e saí da sala ainda mais irritado que antes. Esse aperto não passava e agora tudo estava pior que antes. Não devia me sentir assim, Dulce foi embora sem se importar em como eu ficaria, está longe e não liga para o que está acontecendo aqui, então por que continuou me importando com ela?

— Que droga, Dulce! Meu coração segue doendo por você, por não te ter comigo — murmurei irritado. Meus olhos arderam e respirei fundo, querendo evitar as lágrimas.

Entrei no banheiro e encontrei Christian lavando as mãos. Nossos olhos se encontraram através do espelho, o desprezo e a irritação estampado neles, então eu entendi tudo. Dulce havia lhe contado a verdade, o maior motivo de ter sumido. Como não pensei nisso antes, eles eram melhores amigos.

— Só me diz como ela está — supliquei.

— Não é da sua conta — respondeu decididamente sem desviar os olhos.

— Eu preciso saber, Christian! Você não sabe o que eu estou sentindo, preciso, pelo menos, saber se ela está bem — ele riu pelo nariz, mas sua risada não tinha humor algum.

— Se você se preocupasse de verdade, jamais a teria obrigado a fazer um aborto, Christopher! Você não tem ideia de como o emocional dela está e isso só piora seu quadro físico... Dulce não está bem, mas vai ficar... Vai se dar conta de que o melhor que fez na vida foi se afastar de alguém como você — traguei a saliva e senti as primeiras lágrimas escorrerem.

— Ela não está bem? — murmurei antes que ele saísse do banheiro.

— Por sua causa não

Christian saiu do banheiro batendo a porta com força. Me recostei ali e deixei meu corpo escorregar para baixo, enterrando o rosto entre as mãos e me entregando ao choro.

Será que o aborto tinhaagravado seu quadro de saúde? Por minha culpa a mulher que amo estava aindamais doente que antes?

O valor de uma vidaOnde histórias criam vida. Descubra agora