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Narrado por Dulce

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Narrado por Dulce

Pedro foi embora quando acabamos de comer e Christian rapidamente deu um jeito de me puxar para a varanda da casa, deixando Christopher sozinho com Thiago ainda na cozinha.

— Calma, Christian! — rolei os olhos me recostando no parapeito da varanda e cruzei os braços — O que foi, hein?

— O que foi? Eu quem pergunto isso, Dulce Maria — disse irritado e eu suspirei — O que você está fazendo, hein?

— Não estou fazendo nada, Christian.

— Está sim, Dulce! Está deixando-o se aproximar cada vez mais. Não pode fazer isso com o Matt.

— Christian, ele é o pai do Thiago. Não importa o que aconteça, isso nunca vai mudar, não vou prejudicar a relação que estão construindo. Além disso, Matheus nunca vai deixar de ser pai dele.

— Não é só sobre o Thiago. Estou falando de você — desviei os olhos e o ouvi suspirar — O que está acontecendo com você? Está traindo o Matheus com o Christopher?

— Não estou traindo ninguém — disse com a voz embargada — Matheus terminou comigo, lembra? Eu disse e repeti inúmeras vezes que minha decisão continuava a mesma e, ainda assim, ele decidiu sozinho o que ia fazer... Se ele estivesse aqui, Christopher não estaria mexendo tanto assim comigo, mas ele me deixou sozinha e vulnerável.

— Vocês estão juntos? — perguntou receosamente e neguei.

— Quase não nos falamos, Christian. Eu não quero falar sobre isso.

— Tudo bem — respirou fundo — Vai aceitar a proposta do Pedro?

— Não posso decidir isso sozinha, preciso conversar com Matheus. Aceitar essa proposta é algo que vai mudar nossas vidas, mesmo que temporariamente — suspirei e passei a mão no rosto — Ainda tenho que conversar com ele sobre essas fotos e... Não vou mentir que não tenho vontade de voltar aos palcos, de sentir a energia de antes, mas agora tenho o Thiago... Não sei se seria bom para ele a vida que eu levava antes.

— Dulce, seu filho te ama. A sua felicidade vai ser bom para ele e sabemos que você está louca para aceitar essa proposta.

Sorri abertamente quando ele me abraçou. Christian me conhecia como ninguém e esteve ao meu lado durante todos aqueles anos. Havia sido presente em minha vida e na do Thiago, nos bons e maus momentos. Ele nos amava da maneira mais pura e sincera, por isso o escolhi para ser padrinho do meu filho. Me afastei um pouco e o vi um sorrir. Um sorriso que me incentivava e me confortava.

— Você sabe que eu te amo, não é? Você é meu melhor amigo e é muito importante em minha vida.

— Eu também amo você, Candy.

— Ótimo, porque preciso que faça algo por mim.

— O que você quiser.

— Pare de implicância com o Christopher — ele me olhou surpreso e suspirei antes de continuar — Não estou pedindo para voltar a ser amigo dele, apesar de achar que nunca deveria ter se afastado. Estou pedindo que não implique com ele, não aqui em casa e, principalmente, na frente do Thiago.

— Dulce...

— Ele é o pai dele, Christian! — o cortei — Você pode não gostar disso, mas se ama seu afilhado, o deixe construir uma boa relação com Christopher. Os dois estão se dando muito bem e não quero que suas implicâncias atrapalhem isso.

— Tudo bem — respondeu friamente — Vou dormir no outro quarto de hóspedes.

Eu o observei se afastar de mim e suspirei. Eu o amava, era como um irmão para mim, mas o Christopher era o pai do meu filho e eu não queria que nada mais atrapalhasse a relação deles.

***

Já fazia algumas horas que eu havia posto o Thiago para dormir, mas não tinha sono nenhum. Vesti meu robe de seda e segui para cozinha, para preparar um chá, mas assim que cheguei a porta me deparei com Christopher fazendo algo no fogão.

— Não consegue dormir também? — ele olhou por cima do ombro e assentiu desviando o olhar — Vou fazer um chá, você quer?

— Pensei que você odiasse chá...

— Desejo de grávida, tomei chá a gravidez inteira e nunca mais parei — expliquei sorrindo levemente enquanto pegava as xicaras no armário.

Quando as coloquei no balcão, notei que o pote onde eu guardava os sachês já estava ali. Sem falar nada, Christopher tirou a panela do fogão e encheu as xícaras de água quente, depois pegou um dos sachês, colocando na sua e se afastando.

— Vou deixar você sozinha, boa noite — disse passando por mim, mas segurei seu braço, fazendo-o me encarar.

— Chris, me desculpa por tudo o que eu te falei... Eu...

— Não quero saber, Dulce — disse friamente, fazendo com que eu soltasse seu braço — Eu fui um monstro com você e nada mais justo que me trate desse jeito. Não podemos nem comparar uma coisa com a outra, foi algo merecido. Não se preocupe que não vou mais me aproximar de você ou tentar alguma coisa, só estou esperando uma resposta do Rafael para voltar para casa. Boa noite.

Ele saiu andando rápido e suspirei. Estava arrependida por ter mentindo daquele jeito para ele, por ter dito aquelas coisas e depois disso eu estava ainda pior que antes.

O valor de uma vidaOnde histórias criam vida. Descubra agora