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Narrado por Christopher

Dulce estava com outro.

Dulce estava feliz com outro.

Dulce amava outro.

Isso ecoava em minha mente, deixando-me atordoado.

Saí do hospital e entrei no primeiro táxi que vi, queria estar no México e correr para os braços de minha mãe, porque tenho certeza de que ela saberia me aconselhar nesse momento, mas eu estava em Nova Iorque e completamente sozinho.

Tudo o que fiz foi priorizar a minha carreira e ela tinha sido a única coisa que me restou. Perdi a mulher que amava, perdi o meu filho, perdi meus amigos, e... minha família também ficaria do lado de Dulce, Mariana também me deixaria quando soubesse de tudo. Até a minha carreira eu perderia se essa história viesse à tona. Estava sozinho e não podia culpar ninguém além de mim mesmo. Era minha culpa e tenho que lidar com isso.

— Eu sou um idiota — gritei esmurrando a parede com força e logo gemi sabendo que tinha machucado a mão — Droga!

Segui para o banheiro e abri a torneira com a mão esquerda, colocando a outra debaixo da água e gemendo de dor. Ela já estava parcialmente inchada e estava ficando roxa. Era só o que me faltava.

— Como se já não bastasse tudo, você ainda tinha que quebrar a mão! — suspirei longamente.

Tomei um banho, fazendo o possível para não machucar a mão, depois tomei três comprimidos de um analgésico que achei na mala, Mariana sempre me fazia viajar com uma bolsa de medicamentos para emergências e dormi sem nem mesmo vestir uma roupa.

***

Minha mão estava latejando, mal conseguia mexê-la. Já passavam das nove quando acordei, então segui para o banheiro, fiz minha higiene e coloquei minha roupa, tentando não deixar as coisas piores. Iria para o hospital ver Thiago e aproveitaria para olhar minha mão.

Estava andando distraído pelos corredores do hospital, tentando encontrar Rafael ou uma lanchonete, já que meu estômago revirava por falta de comida, quando esbarrei em alguém. Minha mão machucada foi prensada entre nossos corpos e urrei de dor.

— Caralho!

— Desculpe, Christopher — só podia ser brincadeira.

Rolei os olhos reconhecendo a voz de Matheus. Quando levantei o rosto, o vi abraçando Dulce pelo ombro, enquanto me encaravam.

— Sem problemas.

— O que houve com sua mão? — ela perguntou curiosa.

— Um pequeno acidente — dei de ombros — Como Thiago está?

— Na mesma, não se preocupe — Matheus respondeu e traguei a saliva — Melhor você procurar o Rafael, acredito que sua mão está quebrada.

— Você é médico por acaso? — perguntei grosseiramente e o vi dar de ombros enquanto Dulce rolava os olhos.

— Não precisa ser mal-educado, Christopher — me repreendeu — Ele está certo, melhor ver isso antes que fique pior.

— Vou procurar o Rafael assim que eu comer alguma coisa — disse rapidamente, não queria mais ficar na companhia do casal perfeito.

— Melhor ir com ele, amor — olhei surpreso para Matheus. Ele estava realmente jogando Dulce para os meus braços? Era maluco ou quê? — Você sabe onde fica o consultório do Rafa e a lanchonete do hospital, vai ser mais rápido. Vou para o quarto garantir que Thiago coma tudo.

— Certo, amor — senti um embrulho no estômago quando o vi pressionar os lábios contra os dela e virei meu rosto, observando atentamente a parede branca.

Matheus passou por mim e Dulce apontou com a cabeça a direção que seguiríamos e começamos a andar.

— Christopher? — Matheus me chamou e viramos em sua direção — Vê se não tenta beijar minha mulher de novo, por favor.

Ele continuou caminhando e senti meu coração se partir por completo. Se Dulce tinha contado a ele, era porque não realmente não tinha significado nada, certo?

O valor de uma vidaOnde histórias criam vida. Descubra agora