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 Narrado por Dulce

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 Narrado por Dulce

Acordei sentindo uma dorzinha chata no pé da barriga que só passou depois de alguns minutos. Devo ter comido algo que não me fez muito bem e decidi me levantar e ir caminhar um pouco, mesmo que minha barriga estivesse completamente pesada e meus pés inchados.

Tomei café da manhã com Helena, que me contou que meus pais tinham ido até o centro e não quiseram me acordar. Eles estavam ali a uma semana, queriam estar por perto quando o bebê nascesse e isso aconteceria a qualquer momento.

Só consegui caminhar por uns dez metros antes de me sentir completamente exausta. Estava em frente à casa de Célia e decidi descansar um pouco ali antes de voltar, então me sentei próxima do mar para admirá-lo. O problema foi que um homem que eu nunca tinha visto antes sentou-se ao meu lado, sem nem mesmo me olhar e isso foi muito estranho, achei melhor sair dali, mas ele impediu que eu me levantasse e começou a falar.

— Sou filho da Célia. Minha mãe está tentando me empurrar para cima de você — informou rapidamente. Eu ri baixo sendo acompanhada por ele.

Sempre que caminhávamos juntas ela fazia questão de fazer milhares elogios ao filho. Inclusive chegou a dizer que ficaria muito feliz se ele se casasse com alguém como eu.

— Minha mãe disse que você está passando por um momento difícil, que eu deveria vir me apresentar e quem sabe nos conhecer e achar uma solução juntos. Penso que quis dizer que eu deveria te chamar para sair, porque ameaçou me bater com a vassoura caso eu não viesse até aqui — sorriu divertindo-se com a situação, me fazendo rir ainda mais.

Célia não tinha exagerado quando disse o quanto ele era bonito. Na verdade, acho que foi bem modesta, porque ele era extremamente lindo e seu sorriso era encantador.

— Sua mãe me fala muito de você. Acho que ela já tinha isso em mente a algum tempo...

— Você acha?

— Ela sempre te elogia, fala em como é o orgulho da família, bonito, bondoso, companheiro, trabalhador... — enumerei nos dedos, fazendo-o rir envergonhado. Céus, ele ficava extremamente fofo daquele jeito.

— Ela já tinha em mente — suspirou voltando a olhar o mar — Agora entendo por que tanta insistência em me fazer vir até aqui... Peço desculpa por isso

— A culpa não é sua, somos apenas vítimas de um cupido amador — brinquei tentando descontrair e voltamos a rir.

— Se eu estiver te incomodando posso dizer a minha mãe que você me dispensou — deu um sorriso torto, me fazendo sentir uma sensação boa que não sei explicar direito e neguei com a cabeça.

— Não me incomodo com a companhia, se você também não se incomodar

— Como me incomodar com a companhia de uma mulher bonita? — outra vez o sorriso torto. Sorri timidamente, me sentindo envergonhada com o elogio, mas confesso que gostei. Tinha muito tempo que eu não era elogiada assim por um homem e no meu atual estado – com uma melancia na barriga – isso fez muito bem ao meu ego.

O valor de uma vidaOnde histórias criam vida. Descubra agora