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Narrado por Dulce

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Narrado por Dulce

Christopher me encarava confuso e preocupado por eu estar chorando enquanto falava com ao telefone. Respirei fundo, limpando as lágrimas que escorriam por meu roso quando uma mulher usando um uniforme cinza apareceu em minha frente, chamando por meu nome. Me levantei sem falar nada e a segui sem ter mais certeza nenhuma, depois que falei com Christian.

Entrei no quarto que a mulher me indicou e observei os aparelhos e a cama hospitalar com os eixos de ferro para manter as pernas das mulheres abertas, que eu sabia que tinham sido criadas para ajudar na hora do parto e não o contrário, mas tentei ignorar o desconforto que senti.

Traguei a saliva ao vestir a roupa que me deram e me sentei na cama ao ver uma senhora se aproximar de mim com um sorriso simpático que me causava arrepios, só por eu estar nessa situação.

— Bom dia, minha criança — disse, enquanto preparava uma seringa na mesa ao lado da cama. Meu coração se apertou a cada movimento de suas mãos, me sentia tão nervosa que nem tive coragem de lhe responder — Irei lhe dar uma anestesia para que não sinta dor — explicou, mostrando a seringa já pronta — Preciso perguntar, tem certeza do que vai fazer? — me encarou nos olhos.

As palavras de Christian ecoavam em minha mente, assim como os momentos da gravidez de minha irmã Claudia e os momentos que passei com meu sobrinho. Aquele bebê que se formava, era apenas uma criança inocente, que não tinha culpa de nada. Eu e Christopher fomos irresponsáveis, então, porque ele teria que pagar com sua vida?

— Tem certeza de que quer fazer isso? — a senhora repetiu sua pergunta e eu a encarei. Não sabia se o meu medo e nervosismos, mas ela aparentava ter esperança de que eu desistisse.

Mordi o lábio inferior ao sentir meus olhos marejarem e logo as lágrimas escorreram por meu rosto.

— Não! Eu não tenho certeza — pulei da cama enquanto tentava, em vão, limpar as lágrimas — Eu não quero que tirem o meu bebê — supliquei, afastando-me dela.

— Calma, menina! — soltou a seringa e se aproximou, apoiando as mãos em meus ombros, como se tentasse me acalmar — Não vou fazer nada que não queria — garantiu e assenti ainda desconfiada.

— Obrigada! Podem ficar com o dinheiro, só não digam a ele que não fiz o aborto — implorei — Eu não sei como vou dizer isso a ele.

— Como quiser, menina — suspirou pesadamente e sentou-se na beirada da cama — Ainda bem que desistiu! — fiquei confusa ao encará-la.

Então eu tinha enxergado mesmo esperança em seus olhos? Por que ela queria que eu desistisse se trabalhava com isso?

— Como? A senhora, não faz isso sempre? — balançou a cabeça negando.

— Não. Eu estava sendo treinada para isso, sou enfermeira e como as coisas estão difíceis, tive que aceitar o emprego aqui. Nunca fui a favor ou contra isso, cada um sabe o que faz não é mesmo?

— Eu não quero ter o bebê, mas ele não tem culpa de nada, é um inocente — admiti em um suspiro e a vi concordar enquanto sorria levemente. Não sabia bem o porquê, mas ela me passava uma tranquilidade.

— Você não quer que o seu namorado saiba não é mesmo?

— Não agora...

— Esses procedimentos demoram um pouco, então quando sairmos dessa sala os funcionários vão estranhar. Se não quer que ele saiba, precisa aproveitar enquanto eu distraio a recepcionista para tirá-lo daqui ou ela vai acabar chamando-o e falando alguma coisa.

Respirei fundo sem acreditar que teria que sair dali praticamente correndo para que Christopher não soubesse que eu não tinha feito o aborto, mas rapidamente concordei o plano dela.

— E a senhora?

— Não precisa se preocupar comigo, menina. Vou pedir demissão assim que você sair, esse trabalho não é para mim

— Obrigada, dona... — a olhei pedindo que me dissesse o seu nome.

— Helena. Meu nome é Helena, querida — sorriu simpática — Agora troque-se rápido e vá embora!

Me troquei o mais rápido possível, já estava angustiada de estar aqui. Helena me esperava do lado de fora e a abracei rapidamente, agradecendo-a por suas palavras.

— A senhora tem um coração de ouro, dona Helena! Não sei se outra pessoa faria o que fez por mim e por meu bebê — sorri agradecida, sentindo meus olhos úmidos.

— Menina, você fez o que era certo. Não vou poder esperar ir embora para dizer algo, então tire-o daqui rapidamente

— Tchau, dona Helena!

— Tchau, menina!

Enquanto ela ia até à recepção explicar o que tinha acontecido, caminhei rapidamente até Christopher, que me encarou surpreso.

— Já?

— Vamos embora, Christopher! Não quero ficar aqui — disse, puxando-o em direção a saída.

— Calma, Dulce! Já vamos...

— Anda logo, esse lugar me faz mal — seguimos em silêncio até voltarmos ao hotel.

O valor de uma vidaOnde histórias criam vida. Descubra agora