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 Narrado por Anahí

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Narrado por Anahí

Os encontros e reuniões do RBD ficavam mais tensos a cada dia, Dulce e Christopher praticamente não se olhavam e só se aproximavam quando precisavam ensaiar as coreografias das músicas. Era compreensível, já que só tinha se passado duas semas desde que terminaram e se viam diariamente por conta dos compromissos da banda.

Ainda me assustava ao lembrar daquele dia. Christopher estava completamente arrasado e só conseguia chorar, fiquei tão preocupada com seu estado, que assim que o deixamos em casa, Christian e eu fomos para casa de Dulce. Estávamos apavorados em pensar que ela poderia estar pior, porque, sinceramente, eu não sei o que poderia ser pior que aquilo.

Ela ignorou completamente o interfone e todas as chamadas que fazíamos de nossos celulares, o que nos deixou ainda mais angustiados. Christian já estava quase brigando com o porteiro para que nos deixasse subir assim mesmo, quando ela me atendeu. O choro era nítido, mas ela disse que estava bem e queria ficar sozinha, e só pelo fato de conseguir falar, já me tinha me deixado aliviada.

Naquele final de semana, foi a festa de despedida do seriado e os dois estavam tão arrasados que era nítido para todos o que tinha acontecido. Quem não tinha certeza do namoro deles, descobriu aquele dia, o que fez a mídia e os fãs caírem matando em cima deles. Eles simplesmente não conseguiam disfarçar, não podiam nem continuar com o famoso "somos amigos, neña", porque tinha se afastado completamente e ficavam péssimos só de ouvirem as perguntas, então Pedro passou a proibi-las nas coletivas.

Estávamos quase todos reunidos em uma sala, aguardando o horário para começarmos mais um ensaio, já que sairíamos em turnê em algumas semanas, quando Dulce entrou, completamente pálida e todos a olhamos preocupados.

— Dul, você está mais branca que papel, menina! O que você tem? — perguntei, segurando-a pelo cotovelo e levando-a até o sofá.

— Não sei, Annie. Não estou me sentindo bem — respondeu baixo.

— Minha Candy, você não deveria ter vindo hoje — Christian sentou-se do outro lado dela e a abraçou pelo ombro.

— Não estava assim quando saí de casa — explicou, deitando a cabeça no ombro dele.

— Beba um pouco de água, para melhorar — Maite disse ao lhe entregar um copo.

Todos estávamos perto dela, preocupados de vê-la naquele estado. Quer dizer, todos não. Christopher não tinha se movido, apesar de seu olhar estar fixo nela.

Dulce bebeu a água que Maite lhe deu e colocou um pouco de sal debaixo da língua como Alfonso mandou, e a colocamos deitada no sofá, com a cabeça no colo de Christian enquanto eu a abanava com uma almofada.

— Comeu alguma coisa hoje, Dulce? — perguntei, ciente de seu costume de não tomar café da manhã.

— Comi uma maçã, uma barrinha de cereal e tomei suco de laranja — respondeu rapidamente com os olhos fechados.

— Se está alimentada não entendo por que está passando mal — Maite ajoelhou-se ao lado dela e tocou sua testa, que estava úmida de suor.

— A pressão dela pode ter caído — Alfonso analisou — Foi caminhar hoje pela manhã? — ela concordou sem abrir os olhos.

Dulce, caminhando? Dulce Maria?

Precisei prender o riso por um momento, já que ela sempre foi a mais preguiçosa para fazer exercícios.

Se bem que nas últimas semanas, Dulce mudou seus hábitos drasticamente. A princípio pensei que era a forma que estava lidando com o término, mas ela me disse que o médico a havia diagnosticado com uma anemia severa e estava se cuidando. Parou de beber álcool e refrigerante, não comia frituras e nem besteiras como antes, estava sempre com uma garrafinha de água em mãos, coisa que sempre precisamos brigar com ela para fazer, e seguia uma dieta balanceada com rigor.

Havíamos feito até uma aposta sobre isso, ninguém pensou que fosse durar mais que quatro dias, mas ela seguia firme e forte. Dulce nunca foi uma fumante regular, mas sempre acabava dando umas tragadas quando encontrava algum de nós fumando, mas ultimamente, ela praticamente corria se nos via com um cigarro em mãos. De um dia para o outro, havia se transformado quase completamente.

— Está na hora, crianças... — Pedro entrou na sala falando, mas parou ao ver Dulce e nos olhou preocupado — O que houve com ela?

— Não está passando bem, achamos que a pressão baixou — respondi.

— Comeu algo hoje, mocinha? — ela concordou abrindo os olhos.

— Estou bem melhor, Pedro! Obrigado pela preocupação de todos vocês — nos encarou e sorriu levemente — Só preciso descansar mais um pouquinho aqui e estarei nova em folha

— Descanse sim, querida! Mas vá para casa quando estiver melhor, não é bom arriscarmos — beijou sua testa carinhosamente — E quanto ao resto de vocês, já ao trabalho — nos olhou e bateu palmas — Andem, andem...

Saímos da sala rindo e seguimos para onde iriamos ensaiar as coreografias. Quase duas horas depois, quando já estávamos suados e começando a ficar exaustos, Dulce apareceu na porta chamando por Pedro, os dois conversaram um pouco ali e saíram juntos. Ela parecia um pouco nervosa e ele preocupado, e todos nós percebemos que algo não estava certo, mas continuamos ali ensaiando.

O valor de uma vidaOnde histórias criam vida. Descubra agora