Amor

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Amor - Robin Hood

Joseph, quando aparentemente próximo de sua casa, foi alertando a moça de que não morava muito perto da cidade, nem propriamente num bairro residencial, e sim num terreno afastado e tranquilo; longe alguns quilômetros das próximas residências: algumas chácaras e casas de veraneio, ou algo similar a isso. Antes, contava ele, morara na cidade, num bairro comum cheio de gente comum que se incomodava com as excentricidades que artistas costumam ter: horários, e luzes, e barulhos, etc. Então, ele e o irmão juntaram todas as economias que tinham para comprar aquele pedaço de terra afastado onde construíram o ateliê, e que com o passar dos anos foram tornando cada vez mais sofisticado, moderno, até que se tornou a casa dos dois já que não saíam mais de lá.

Mal se surpreendeu com a visão. A casa parecia estar no topo de uma colina, a inclinação sutil, cercada de pinheiros e mais e mais árvores, como se realmente estivesse no meio do mato sem de fato estar. Parecia ser apenas um único andar, espaçosa para os lados e não para cima. Madeira e vidro pareciam fazer a maior parte das paredes do que meramente cimento e tijolos. O portão de madeira era automático e abriu ao apertar de um botão; a cerca era baixinha, em madeira, bastante adorável. Conforme o carro subia pela colina num caminho de pedra, Mal percebia que o lugar era um misto de rústico e modernidade.

-É incrível... – sussurrou a menina quando desceu do carro, confirmando que o lugar era bem claro, bem iluminado, perfeito para artes – Você vive num ateliê – sorria ela olhando para os lados – E respira esse ar frio. Parece um sonho – aqueles grandes olhos cinzentos se acenderam num brilho divertido.

-A diretora me contou que você gostava do ar mais puro e frio; imaginei que gostaria de conhecer minha casa, meu ateliê – disse seguindo-a na caminhada lenta e exploratória pelo lado de fora – A ideia de que você viesse visitar este humilde ateliê, partiu de mim, mas acredito que a Fada Madrinha já estivesse planejando algo assim visto que aceitou muito depressa. Espero não ter feito mal.

-Ao contrário – disse olhando para a parte que deveria ser um jardim, uma horta talvez. A parte em que os humanos interferem nas plantas, não como as grandes árvores que cercavam a casa mais ao longe. Ervas daninhas e plantas secas em geral.

-Confesso que tenho negligenciado um pouco meu jardim; a horta, principalmente – a menina sorriu do constrangimento do senhor.

-Nada que não seja possível de concertar – disse olhando o céu ainda claro; logo mais à noite cairia deixando aquele lugar com mais cara de sonho ainda.

-Mas venha. Vamos entrando. Tem muito o que eu gostaria de te apresentar – disse arrastando a porta de vidro para o lado – Não se preocupe quanto as paredes de vidro; em todas elas temos cortinas pesadas para que o sol não te machuque.

A menina adorou saber disso; não que fosse esquecer de passar seu bloqueador solar fator 70, mas era bom saber que mesmo com aquela casa tão aberta poderia relaxar sem se preocupar em desmaiar.

O interior era bastante simples e bem espaçado. A cozinha e a sala pareciam ser um mesmo cômodo separados apenas por um balcão de madeira. As paredes era cor de creme, o assoalho era daquela mesma madeira lustrosa e bonita. O sofá parecia antigo, assim como as duas poltronas de frente para o mesmo. Havia diversas telas embrulhadas em um tipo de papel amarelo num canto à direita; provavelmente alguma encomenda pronta para ser entregue. Mal notou algumas portas, alguns degraus dando a entender um piso superior – não que contasse como mais um andar na casa, parecia ser algo mais para seguir o desenho do terreno do que qualquer outra coisa.

-Vamos te instalar primeiro... Talvez no quarto do meu irmão Aloísio... – murmurou baixinho; a garota sentiu uma vibração estranha na voz do professor, algo mais do que um mero pensamento em voz alta – Ou eu me instale por lá e...

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