Correr para Viver - Aladdin
A visão de cima era tão bela quanto não convencional. Todos os adolescentes caídos uns sobre os outros. Braços, pernas, dedos... entrelaçados. Seios e peitos e barrigas e coxas... usadas como travesseiros. Onde caíram, ficaram. Sem distinção de pulseiras, de amizades e namoros. No primeiro andar havia menos pessoas, mas era a mesma visão: caídos de exaustão, dormindo pesadamente.
Ninguém ali havia conseguido dormir mais de cinco horas, mesmo assim, meio-dia em ponto todos foram acordados com penas mágicas – enfeitiçadas para despertá-los, fazer cócegas, provocar espirros, mas acordá-los.
A cena parecia coisa de filme, remetia as lendas e contos típicos do Halloween: mortos-vivos levantando do túmulo. Lentos, grogues, e de ressaca. A maioria morrendo de dor de cabeça e com enjoos.
Quando todos estavam devidamente acordados como estalos no ar apareceram sacolas com as vestes de todos perfeitamente dobradas, bem passadas e perfumadas. Tudo impecável. Ninguém ali se importou de se vestir na frente dos demais. E quando todos estavam minimamente vestidos – muitas meninas sem salto; rapazes também sem os sapatos – as portas finalmente se abriram para a saída.
Copos apareceram na frente de todos, um bilhetinho em letras grandes os alertavam para usar daquilo para fazer gargarejo. Se tratava de água com limão. Uma medida para eliminar, ou ajudar a eliminar, o bafo de álcool. Ninguém se atreveu a não tentar daquela técnica; ninguém queria que os pais soubessem que tipo de festa tinha sido aquela: maravilhosa, sem limites ou pudores...
Conforme os adolescentes decidiam sair – Jay não estava a vista para que se despedissem; nem os demais – perceberam que o hall continuava belo e pleno como um oásis, o encantamento mostrando o sol dourado, as dunas de areia parecendo feitas de pó de ouro. A diferença se estendia as árvores francesas, agora todas carregadas de maçãs do amor. Muitos se assustaram com aquele mimo tão carregado de ironia.
Carlos e Evie estavam ali entregando as lembrancinhas. Estavam impecáveis, completamente bem vestidos nos trajes finos que usaram para recebê-los, como se a festa tivesse sido calma, como se ela tivesse começado há apenas alguns minutos atrás e não durado uma noite inteira.
Os dois ofereciam as sacolinhas de papel personalizadas com as lembranças, além de pedir que os queridos colegas pegassem à escolha deles a maçã do amor do galho ao qual eles quisessem, eles também distribuíam recomendações, recomendações que também estavam escritas num cartão dentro da sacola: muita água, chás e açúcar.
Do lado de fora, uma fila de carros. Pais esperando de forma ansiosa pelos seus filhos; loucos por um relato daquela festa não convencional. Lá fora estavam Jay e Mal. Eles iam distribuindo balinhas e chicletes para alguns – também para disfarçar o mau hálito – alguns preferiram por comer a maçã do amor mesmo.
Todos, sem nenhuma exceção, agradeceram pela festa maravilhosa. Uns mais animados do que outros, é claro. Jane abraçou Jay e Mal com entusiasmo e sem constrangimento algum, ao contrário de Chad que a acompanhava; ele apenas apertou as mãos do aniversariante, curvou-se discretamente para Mal e permitiu que Jay abrisse a porta para eles como se fosse um chofer.
-Não esperava por isso, não? – murmurou Jay; Mal sorriu.
No passar de meia hora, a grande maioria já havia sido entregue aos seus respectivos pais. Lonnie beijou Mal e Jay no rosto para constrangimento de seu pai; Audrey ensaiou uma reverência discreta, então entrou no carro junto com Flora, a fada vestida em tons vermelho-rosado.
-Te esqueceram, menino-fera? – Mal perguntou olhando para a rua e não para o rapaz.
Ben encarava a menina sem reservas. Tinha certeza de que adormecera junto de Mal, certeza de que se beijaram muito e sem reservas antes de decidirem se deitar. Sua cabeça repousando nos seios dela, as pernas da menina entrelaçadas às suas. Quando acordou havia apenas Audrey ao seu lado, num sono pesado.
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Seduzentes
FanficExistem formas diferentes de ser mau. A mais interessante de todas elas é arte da manipulação, sedução... Em todos os sentidos da palavra. "Para que colocar fogo no circo? - pensava Mal - Coloque um isqueiro na mão do macaco..." Claro, é uma delíci...