Seduzentes

Faz Tempo

Faz Tempo - Hércules

Evie despertou antes mesmo do despertador tamanho seu nervosismo. Imediatamente abriu os olhos e os pôs em Mal ainda em sono profundo, aparentemente tranquilo. A princesa sequer havia visto o futuro herdeiro ir embora, apesar do sono leve, mas não conseguia tirar da cabeça a forma como os dois estiveram próximos, abraçados.

Sentou-se esfregando os olhos, tentando afastar mais do que somente remelas, mas o sentimento horrível que a invadia ao olhar Mal e lembrar dela junto de Ben. Levantou-se assim que jogou as cobertas com algum ímpeto.

Precisava de uma ducha para tirar aquelas energias ruins de cima de si. E era o primeiro passo do seu ritual de beleza, do seu ritual para manter a sanidade. Sua válvula de escape. Desviou os olhos para os azulejos do banheiro para não olhar para o assento sanitário. Prendeu seus cabelos e tirou seu pijama.

A água morna, quase fria era uma dor em nome da beleza: se todos os dias ela se desse o luxo de um banho quente, logo mais não teria uma pele saudável e bela o suficiente. Foi rápida. Em pouquíssimos minutos já estava hidratando sua pele com o óleo pós-banho numa massagem por seu corpo, concentrando-se nos seios e nas nádegas propositalmente, além do discreto prazer gostava de pensar que estava ajudando na firmeza da pele.

Enquanto sua pele absorvia aquela hidratação riquíssima, escovava seus dentes com um cuidado exagerado talvez, principalmente ao passar a escova sobre a língua. O fazia devagar, tentando evitar a menor ânsia possível, pois tinha medo de como acabaria reagindo ao menor dos impulsos. Tudo certo. Respirou aliviada por conseguir. Pegou o enxaguante bucal e finalizou a saúde de sua boca.

Finalmente enrolou-se no roupão e saiu do quarto. Mal continuava na mesma posição, dormindo profundamente. Evie aproximou-se, arrumando as cortinas para garantir que nenhuma luzinha incomodasse o sono da amiga. Então com cuidado tocou-a no rosto, procurando qualquer sinal de febre. Tudo certo. Que bom! Suspirou aliviada. Era incapaz de colocar em palavras o medo que sentiu quando a diretora comunicara que sua líder havia passado mal.

Acendeu a luz de apoio da penteadeira e teve que lidar com aquela ser sua única fonte de luz no dia. Pegou seu hidratante predileto e espalhou-o pelo rosto com os dedos mesmo, massageando a pele, e depois deixando-a descansar e absorver. Tentou afastar da mente que teria que se vestir com uma roupa longe de sua escolha; tentou afastar que precisava cumprir agora a promessa que fizera ao professor Benício; tentava não pensar na promessa que ela tinha com Mal aquela que havia sido selada à sangue.

Faria sua melhor maquiagem para o dia a dia, com os seus produtos queridinhos. Escolheu uma base levinha, e um corretivo pesado para esconder suas olheiras de noites cheias de preocupação. E blush. Adorava blush. O mesmo produto nas bochechas ia para os olhos, só para deixá-los com uma corzinha adorável e... parou por aí. Era melhor se vestir agora, antes de estragar tudo se sujando de batom e rímel.

Respirou fundo e abriu o guarda-roupa. As peças estavam bem separadas e era impossível não as distinguir. O coração de Evie parou ao ver aquelas roupas escolhidas. Faltou ar. Por um instante, ela precisou tocar as peças, sentir o tecido e se obrigar a respirar.

Sem conseguir evitar que seus olhos embaçassem, ela escolheu uma lingerie, então deslizou a meia-calça escolhida pela princesa cor-de-rosa por suas pernas esguias. Ela adorava o desenho, as listras grossas daquela meia, intercalando listras com menos tecido e com isso mais finas, quase transparentes, com outras mais encorpadas e fechadas mostrando o preto bonito e fosco do material. Depois da meia, separada estava uma camiseta de manga longa, preta e gola alta. Em seguida a minissaia rodada que cobria seu bumbum com algum esforço, e a jaqueta, ambas em couro sintético tingido de azul meia noite. A jaqueta contava ainda com algumas taxas douradas. Calçou as botas de cano curto e salto bloco, discretas e lisas em preto.